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Escape From Tarkov e os caçadores de cheaters

Após anos sofrendo com os trapaceiros, criadores do Escape From Tarkov decidiram transformar cada jogador em um caçador de recompensas

12 semanas atrás

Se um jogo conta com suporte a partidas multiplayer online, inevitavelmente os trapaceiros buscarão maneiras de obter alguma vantagem sobre os outros jogadores. Isso faz com que os estúdios travem uma espécie de corrida armamentista para tentar manter suas criações livres dessa praga e no caso dos responsáveis pelo Escape From Tarkov, eles estão recorrendo a uma tática bastante interessante.

Escape From Tarkov

Crédito: Divulgação/Battlestate Games

Desenvolvido pela Battlestate Games e lançado em 2017 como em beta fechado, Escape From Tarkov é um jogo de tiro em primeira pessoa com elementos de sobrevivência e de MMOs. Nele, duas companhias militares privadas lutam pelo controle da fictícia região de Norvinsk, localizada no noroeste da Rússia, com os confrontos acontecendo entre jogadores reais e bots.

O título tem sofrido com cheaters ou a venda de itens por dinheiro real praticamente desde que foi disponibilizado e embora o estúdio russo realize ondas de banimentos de tempos em tempos, o problema parece longe de ser solucionado.   

Com os jogadores insatisfeitos, muitos acusam a desenvolvedora de fazer vista grossa para a situação, o que há cerca de um ano levou o diretor de operações da Battlestate Games a se pronunciar. No Reddit ele publicou uma declaração intitulada “Hackers, trapaceiros e outras escórias relacionadas da terra”, onde afirmou que estavam dedicados a combater os cheaters e que por mais que o sistema anti-trapaça Battleye esteja melhorando, essa é uma “eterna corrida para ver quem rompe mais rapidamente a defesa do outro.”

Crédito: Divulgação/Battlestate Games

Contudo, como as pessoas não costumam se dar por satisfeitas com promessas, as críticas continuaram sendo feitas e só recentemente os jogadores ganharam um motivo para manter suas esperanças.

Com o lançamento da atualização 0.14.9.5, a lista de pontos modificados no Escape From Tarkov chamou a atenção pelo seguinte trecho:

Compensação por denunciar jogadores que violaram as regras do jogo

  • Os jogadores receberão compensação em moeda do jogo após a denúncia que levou o violador a ser bloqueado;
  • A compensação vem com uma mensagem in-game informando sobre o relato bem-sucedido. A compensação por vários relatos bem-sucedidos será combinada.

Ou seja, o que a Battlestate Games pretende fazer é colocar um alvo nas costas dos trapaceiros e mais do que isso, transformar todos que jogam honestamente em caçadores de recompensas.

Infelizmente a nota não diz quanto os jogadores receberão por essas denúncias, muito menos como funcionará caso um trapaceiro seja denunciado por várias pessoas. Será que nesse caso a recompensa será dividida ou todos receberão o valor padrão?

Crédito: Divulgação/Battlestate Games

De qualquer forma, a ideia implementada pela desenvolvedora russa não é inédita. Após também ver seu título ser invadido por aqueles que não sabem se divertir sem atrapalhar a partida dos outros, a Yager criou um sistema parecido para o The Cycle: Frontier. O detalhe é que a medida não conseguiu evitar que tal jogo fosse desativado um ano após seu lançamento e um dos motivos para isso foi justamente as reclamações pela grande quantidade de cheaters que viviam por lá.

Outro que teve um sistema um pouco parecido foi o League of Legends. Conhecido como O Tribunal, nele as pessoas podiam participar do julgamento daqueles que foram pegos trapaceando ou mantinham condutas inadequadas. Quem participava da votação era recompensado com pontos de influência, mas o modelo foi abandonado.

“Ele é lento e ineficiente,” justificou a Riot Games. “Revisões manuais requerem: enviar de registros de conversas para o site, aguardar pelo suficiente de respostas de jogadores e, a partir desse ponto, decidir a penalidade. Já o sistema automatizado pode enviar penalidades em menos de 15 minutos.”

Crédito: Divulgação/Riot Games

Será interessante ver como o Escape From Tarkov poderá se beneficiar de algo assim e se isso acontecer, não ficarei surpreso se outros títulos adotarem a ideia. De banir os jogadores por hardware ID (HWID) a oferecer emprego àqueles com “talento”, a indústria tem buscado as mais variadas maneiras para combater essas pessoas, mas a procura por uma solução definitiva continua.

Para mim, uma das melhores saídas seria a implementação de um sistema unificado de banimentos. Assim, quem fosse identificado trapaceando seria impossibilitado de jogar em qualquer plataforma e se essa punição se estendesse para outros jogos, melhor ainda.

Seria uma medida radical? Sim, mas há figuras importante na indústria de defendem algo assim para quem se comporta inadequadamente online e uma delas é o CEO da Microsoft Gaming, Phil Spencer.

“Algo que eu adoraria sermos capazes de fazer — isso é difícil como uma indústria — é que quando alguém fosse banido em uma das nossas redes, existe uma maneira de o banirmos nas outras redes?,” sugeriu, durante entrevista ao The New York Times. “Ou pelo menos como jogador, ser possível trazer comigo a minha lista de usuários banidos, porque eu posso sempre bloquear pessoas do meu jogo. E eu adoraria poder trazê-los para as outras redes em que jogo. Então este é o grupo de pessoas que escolho para não jogar com eles. Porque eu não quero ter que recriar isso em todas as plataformas em que jogo videogame.”

Escape From Tarkov

Crédito: Divulgação/Battlestate Games

Novamente, a proposta pode parecer muito dura, mas qualquer pessoa que já teve sua experiência prejudicada pela incapacidade de alguém aceitar sua inferioridade sabe o quanto isso pode ser chato. Nos livrarmos dos trapaceiros é algo que nunca deveria ser menosprezado, o que me faz crer que a Battlestate Games merece elogios por pelo menos estar tentando.

Vendo alguns vídeos com a jogabilidade do Escape From Tarkov, ele me pareceu divertido, mas saber que teria que lidar com cheaters é uma das coisas que mais me afastam do multiplayer online.

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