Marcellus Pereira 16 anos atrás
Dando continuidade ao fio de raciocíno do Leo, estou com dois exemplos interessantes na cabeça, sobre a tão falada "obsolescência programada". Não conhece? Imagine que você produza guarda-roupas. Seu avô começou a fábrica, seu pai a expandiu e agora você tem a árdua tarefa de continuar o negócio da família. Infelizmente, há outros milhares de fabricantes de guarda-roupas no mundo (globalização, lembra?) que insistem em competir nesse mesmo nicho de mercado. Então, o que fazer?
Seu avô ficaria horrorizado mas, certamente, você chegará à conclusão de que é preciso construir guarda-roupas que se auto-destruam em dois anos, obviamente para que o sujeito compre outro. Simples assim.
Um caso mais concreto: tenho um joystick fantástico. Na verdade, é o melhor joystick que já tive o prazer de usar: um Microsoft Sidewinder Force Feedback Pro. Lindo, ergonômico, cheio de botões... mas não funciona direito no XP e nem tem suporte a portas USB (usa aquele antigo conector DB15, da saída MIDI, alguém lembra?), afinal, tem mais de dez anos (uma eternidade em informática).
Agora, vejamos: o hardware funciona perfeitamente, o troço é resistente, feito para durar... mas a Microsoft decidiu não fazer drivers para o XP. Mesmo que instale uma placa de som mais antiga, com a tal saída MIDI, ele será apenas um peso de papel. O curioso é que a MS nem fabrica mais joysticks "force feedback"... mas a lógica do "está desatualizado, compre um novo" persiste.
Outro exemplo, bem mais conhecido: o recente caso dos drivers da Creative, melhorados por um programador brasileiro, Daniel Kawakami, para rodarem perfeitamente no Vista e com recursos "extras" encontrados em modelos superiores. Sem entrar no mérito da questão, dele estar certo ou não, o ponto é: como várias empresas, de vários ramos, a Creative fabrica o mesmo produto e o vende a diferentes faixas do mercado, podando algumas características via software (antigamente, era via "jumpers" na placa).
Ilegal? Não. Imoral? Talvez. Engorda? Certamente faz um bem danado aos cofres deles. Seria muito caro desenvolver dezenas de placas diferentes, com "firmwares" diferentes. Chama-se economia de escala (a repetição faz o lucro).
Enquanto a indústria não encontrar um novo modelo de negócio, vai continuar produzindo equipamentos que têm data para ir para o lixo. E não adianta espernear.
Existe saída? Bem... eu tenho um micro rodando o Windows 98 só para jogar Crimson Skies com meu amado joystick. Além disso, minha SB funciona perfeitamente. Portanto, para que mudar?