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Eu ainda uso filme fotográfico

15 anos atrás

Atenção, esse não é um post imparcial.

 

gilson

 

O leitor desse blog pode não saber, mas uma discussão que impera há muito tempo no mundo da fotografia, e só vem perdendo força agora, é se o digital já conseguiu superar a qualidade da película baseada em sal de prata, ou filme fotográfico, como é conhecido. De um lado temos fotógrafos que abraçaram o digital por conta de sua praticidade e menor custo e do outro os saudosistas que vêem na película um ato fotográfico mais romântico e artístico. No meio da briga e nem imaginando que ela exista, está uma legião de pessoas que aderiram ao digital por conta da facilidade de uso e pelo fato das pequenas câmeras compactas (ou saboneteiras, forma pejorativa que alguns profissionais se referem às pequenas câmeras) terem se tornado um objeto de consumo.

Claro que essa é uma discussão sem fundamento. Sendo digital ou película o que importa é a fotografia, o ato de imortalizar uma imagem e produzir, em alguns casos, uma obra de arte. Existem situações em que o filme ainda é imbatível, como no caso de fotos que necessitam de muito contraste (o pôr-do-sol, por exemplo). Outro fator é que ele ainda possuí mais latitude de exposição que o sensor digital, e nas fotos em preto e branco ainda gera resultados mais agradáveis (meramente uma opinião pessoal). Já o digital chegou para revolucionar o meio fotográfico. Nunca tivemos tantas pessoas com câmeras produzindo imagens no mundo. Os inúmeros locais de hospedagem de álbuns virtuais nos mostram o fenômeno que se tornou a fotografia digital.

Mas, embora seja muito gratificante que a fotografia atinja tantas pessoas como agora, existem alguns perigos nesse movimento. O primeiro deles é a questão da memória. Hoje, paradoxalmente, se fotografa muito, mas se imprime poucas fotografias. Qualquer Minilab pode confirmar a constante queda de movimento na parte de cópias fotográficas. As pessoas se preocupam em tirar centenas de fotos de suas atividades familiares e acham que o HD do computador é o local mais seguro do mundo, quando sabemos que esse componente da máquina dura em média entre 5 e 7 anos (também experiência pessoal). Sem a preocupação com cópias em CD ou DVD existe o perigo real de se perder toda a memória familiar em 7 anos, ou a cada ano com a formatação da máquina. Com o filme isso não acontece, pois o original é uma peça física, que também pode se deteriorar, mas bem guardado dura mais de 100 anos.

Eu mesmo passei por isso. Não tenho as primeiras fotos que fiz com uma digital. Todas se perderam no primeiro problema do HD. Depois de aprender a lição, passei a fazer todos meus projetos particulares com filme.  Recentemente fiz um ensaio com uma câmera digital e me vi em uma neura, pois fiquei muito preocupado com a guarda dos originais. Com o filme é sem problema, coloco na gaveta e toda vez que preciso é só escanear o negativo novamente. Com o digital fica o problema do armazenamento. Mesmo gravando em dois DVDs ainda tenho o receio dos erros de leitura na mídia. Meu próximo upgrade no computador é um sistema com dois HDs de 500GB espelhados. Isso é exclusivo para minhas imagens digitais (sim, sou meio maluco).  Uma saída prática e barata é fazer cópias em papel. Procure as pessoas mais velhas de sua família e pergunte pela memória familiar que ela guarda. Você pode encontrar fotos de 80 ou 100 anos. O negativo pode não existir mais, mas a cópia permanece.

Sei que pode parecer um posicionamento xiita, mas que fique bem claro que não tenho restrições contra a tecnologia e nem acho que devamos voltar para o passado. Embora a produção do filme fotográfico ainda continue em patamar comercial, em breve ele será um item caro e voltado para alguns artistas e amadores apaixonados. O digital chegou para ficar e atualmente apresenta qualidade de imagem espetacular. No fundo, sendo digital ou película, a fotografia é uma linguagem única. Um modo de expressão. Só temos que nos preocupar para que ela não se perca pelos caminhos da tecnologia e que momentos importantes não desapareçam para sempre.

Agora podem vir as pedradas.

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