Gilson Lorenti 15 anos atrás
Toda vez que vou dar um curso sempre digo para os alunos que existem quatro coisas que ele deve saber para regular sua câmera: Distância focal, sensibilidade ISO, abertura do diafragma e velocidade do obturador. Destes quatro pontos, os três últimos têm a ver com a exposição correta da luz. O fotômetro interno da câmera calcula a quantidade necessária de luz para realizar a foto e, quando está acionado, o modo automático determina os valores de cada regulagem. Claro que existem situações onde o modo automático não dá conta de efetuar o registro. Em câmeras mais avançadas existe a possibilidade de usar o modo manual, o que também determina que o fotógrafo tenha pleno conhecimento das regulagens que está efetuando e seus efeitos para a imagem que vai ser captada. Mas, se o modo automático não é perfeito, como fazer em câmeras mais simples que não fornecem o modo manual? Tirando as câmeras point and shot mais básicas, existem equipamentos que fornecem os modos automáticos de exposição.
Os modos automáticos são pré-regulagens que simulam algumas situações específicas. Embora a maioria das câmeras possuam essas regulagens automáticas, poucas pessoas se dão ao trabalho de ler o manual de seu equipamento e saber para que servem aqueles ícones engraçados no anel seletor ou no visor de LCD. Mesmo existindo câmeras com até 28 modos pré-programados (inclusive alguns bem ridículos, tipo modo noturno ultravioleta com degrade verde) algumas dessas regulagens são mais básicas e existem desde a época das câmeras automáticas analógicas. Se você já viu essas regulagens em sua câmera e nunca se perguntou o efeito que elas produzem nas fotos, aqui vai uma pequena explicação.
- Paisagem - geralmente representado pelo desenho de uma montanha. Esse modo é usado para fotografar cenas distantes e arquitetura. A câmera aciona todos os pontos de foco e faz a leitura de luz de modo pleno. Em situações com pouca iluminação a velocidade do obturador pode cair para perto de 1/15 fazendo necessário o uso do tripé. Nessa situação a câmera tende a fechar o diafragma para poder ter uma boa profundidade de campo. Outra característica é que o equipamento também joga o foco ao infinito, agilizando a tomada da imagem.
- Retrato - representado por um rosto (geralmente feminino). Nessa regulagem a câmera abre ao máximo o diafragma e aumenta a velocidade do obturador. Isso se deve pelo fato do retrato ser feito a pouca distância e com o maior zoom possível. Dessa maneira se evita que a foto saia tremida. A indicação do maior zoom possível é recomendada, pois em grande angular (menor zoom) o rosto da pessoa tende a se deformar e ficar parecendo com uma batata.
- cena noturna - identificado pela silhueta de uma pessoa e uma estrela acima dela (ou lua, dependendo da câmera). Nesse caso a câmera abre o diafragma e reduz a velocidade de oburador. Em caso de usar flash, o equipamento vai usar a menor velocidade de sincronismo possível (geralmente 1/60). É muito importante respeitar o alcance´máxmo de seu flash (em torno de 3,5 metroe) e em caso de fotografar pessoas lembrá-las para ficarem o mais imóvel possível. Em caso de fotos noturnas onde se queira captar a iluminação natural (prédios, postes, luz da lua) é necessário a utilização de um tripé devido a baixa velocidade do obturador.
- Esporte - identificado pela figura de uma pessoa correndo ou nadando. É o modo ideal para se captar pessoas ou objetos em movimento. Aqui o equipamento tem como prioridade o obturador e eleva a velocidade entre 1/250 e 1/1000. Também é acionado o sistema de foco central para agilizar a captura da cena. Algumas câmeras costumam elevar a velocidade ISO entre 400 e 800. Infelizmente, por essas características, esse modo de exposição não é indicado para cenas com pouca iluminação.
- Macro - identificado pelo ícone de uma flor em close. Utilizado para fazer fotos bem próximas do assunto. A taxa de aproximação varia de 1 a 5 cm dependendo do equipamento. A câmera se regula para fazer o foco a pouca distância e usa o diafragma mais fechado para garantir uma maior profundidade de campo. Esse é um inconveniente que leva o modo macro a ser utilizado em locais com muita iluminação. O flash deve ser desligado, pois ele não é projetado para propiciar uma boa iluminação a distâncias muito curtas. Interessante notar que o modo macro pode ser utilizado em conjunto com os outros modos automáticos de exposição.
Conforme o equipamento vai ficando mais moderno, outros modos automáticos vão se unindo a esses básicos. Em câmeras intermediárias (e que geralmente vão possuir também o modo manual) existem as regulagens de prioridade. Existe a prioridade de abertura, onde o fotógrafo decide a abertura de diafragma (geralmente pensando na profundidade de campo ou cenas com pouca iluminação) e a câmera decide a melhor velocidade do obturador. Exatamente ao contrário, existe o modo de prioridade de velocidade, onde o fotógrafo decide a velocidade do obturador e a câmera regula a abertura do diafragma.
Independente da situação e qual modo automático você vai usar, o mais importante é ler com atenção o manual de sua câmera e conhecer um pouco dos efeitos que cada regulagem vai exercer em suas fotos. Talvez a solução para um problema que você encontrou está bem ali ao lado do seu dedo e não é utilizado.