Meio Bit » Arquivo » Mobile » Hands-on Nokia N950 (Ou: como o futuro da Nokia poderia ser)

Hands-on Nokia N950 (Ou: como o futuro da Nokia poderia ser)

Review do Nokia N950, kit de desenvolvimento do smartphone Nokia N9.

12 anos atrás

O Nokia N950 é o “kit de desenvolvimento” do Nokia N9, o primeiro e último celular com MeeGo a ser vendido pela fabricante finlandesa.

Um aparelho voltado para desenvolvedores, o N950  não será vendido, portando seu objetivo passa longe de ser alvo de uma análise tradicional. A Nokia não proibe que se fale a respeito dele, mas pede que o tom negativo seja evitado exatamente pela natureza beta tanto do software quanto do hardware.

Claro, devo admitir que é realmente difícil achar pontos negativos nele…

Disclaimer dado, vamos ao aparelho em si!

É, ele não rotaciona algumas telas - como a home screen

Hardware

Como podia se esperar, o N950 tem o mesmo processador de 1 GHz e 1 GB de RAM do N9. Até mesmo o design é bem parecido, mas o N950 é feito de alumínio, enquanto o N9 é de policarbonato.

Ao contrário do irmão que chegará nas lojas, ele não tem a tela curva nem NFC. A câmera tem resolução maior, 12 Mp  mas é limitada a 8 Mp por software.

A tela é ligeiramente maior (4" × 3,9") e tem a mesma resolução: 854×480, mas é LCD ao invés de AMOLED.

Finalizando, o N950 possui um teclado QWERTY físico, num formato parecido com o Nokia E7. Os botões do aparelhos são apenas três - um liga/desliga e os dois de volume. Depois do aparelho ligado, até mesmo o liga/desliga é desnecessário: basta um toque duplo na tela para acordar o celular.

Comparado com o Galaxy S, também com tela de 4", o N950 parece mais estreito e um pouco mais curto. Só é mais grosso graças ao teclado físico. Falando no teclado, ele é bastante confortável. Apesar de preferir teclados virtuais, achei ele bastante confortável.

Aviso: historinha longa, pule para a próxima foto.

Antes de mais nada, um pequeno histórico: o MeeGo surgiu ainda como Maemo, lá em 2005, junto com o Nokia N770.

Como a Nokia fazia questão de dizer, o N770 não era um celular, mas um “Internet Tablet”. Na época era tido como PDA grandão (a tela tinha 4,13" com 800×480) pra acessar “a mesma internet do desktop”.

Por rodar uma distribuição Linux derivada do Debian, acabou virando um brinquedinho de nerd. Depois ainda vieram o N800 e N810, no mesmo conceito.

O Maemo parecia ser um ótimo concorrente para o então iPhone OS, já que também tinha fortes laços com um SO desktop e um ótimo navegador, mas o N900, primeiro telefone com o sistema, só foi aparecer em 2009 - dois anos depois do celular da Apple.

Ainda assim o N900 era um telefone entre aspas,  ainda tinha muito do DNA dos antecessores.

Era grande, meio desajeitado e com algumas particularidades: tirando o discador, nenhum aplicativo rodava em modo retrato - que é como a maioria dos mortais usa um telefone. A esperança é que em pouco tempo a Nokia passaria a usar o Maemo no restante da linha de smartphones, abandonando aos poucos o já datado Symbian.

No ano seguinte, o MeeGo surgiu do casório do Maemo com o Moblin da Intel, mas desde então não houve o anúncio de nenhum aparelho com o sistema. Quando no começo desse ano surgiu o tal memorando da "Plataforma em chamas", ele parecia bastante razoável. Afinal, se a Nokia não tinha nada novo com MeeGo em dois anos, é porque as coisas deveriam estar realmente lentas…

Para a surpresa de todos, depois de anunciar que migraria para o Windows Phone a Nokia anuncia o N9, com uma versão bastante atrativa do MeeGo. Não é de se estranhar que muita gente se perguntou se ela havia feito a decisão certa de desistir de sua platadorma.

TL;DR: a Nokia tem a faca e o queijo para fazer um sistema moderno desde 2005 e agora que finalmente conseguiu, matou sua própria cria

Software

A versão do MeeGo customizada pela Nokia leva o nome de “Harmattan”.

Nele a experiência é dividida em três telas: a primeira é a de eventos, onde as notificações e as atualizações dos seus amigos estão listadas. A segunda é o tradicional lançador de aplicativos, um menu com todos os apps instalados. A terceira é onde os aplicativos abertos são mostrados de uma forma bem parecida com o antigo Exposé do OS X.

Puxando devagar a tela de baixo para cima, aparece uma espécie de Dock com ícones para o Telefone, Mensagens, Câmera e Navegador - os ícones são predefinidos, mas com um app disponível na Nokia Store é possível customizá-los.

O MeeGo suporta uma boa quantidade de serviços online - há suporte para o GMail (só Email e Chat, sem Contatos ou Calendários), Facebook, Twitter, Flickr, Picasa, YouTube e obviamente a “Conta Nokia”, usada na Nokia Store e também para sincronizar contatos. Tudo é bem integrado ao sistema. O aplicativo de mensagens se conecta ao Facebook e ao Google Talk - faz até chamadas de voz pelo serviço do Google. No N9, ainda há suporte ao Skype.

O conteúdo vindo do Facebook aparece na tela de eventos, assim como o Twitter.

Só a parte de mídia que decepciona um pouco. Flickr e Picasa são suportados apenas para upload, assim como o YouTube: apesar de existir um ícone para o serviço no menu principal, ele redireciona para o site móvel do YouTube.

O navegador é razoável, mas bastante minimalista. Nada de histórico ou favoritos, muito menos abas: as páginas são abertas como novas janelas, assim como no webOS.

Apesar de facilitar a troca entre páginas, isso acaba deixando a tela de apps aberto um tanto poluída. No WebOS ao menos é possível arranjar as páginas em pilhas.

O cliente de e-mail é bem razoável, mas não arranja os emails em conversas - algo imperdoável pra alguém acostumado com o GMail.

O teclado virtual tem até um botão pra cedilha e é tão bom de digitar quanto o do iOS, só que com correções que realmente ajudam. O bastante popular Swype também está disponível, mas ainda tem alguns bugs…

Tocando na barra de status no topo da tela, você pode mudar o perfil ou volume rapidamente, assim como ver o estado da conexão Wi-Fi ou 3G e escolher o status nos serviços de chat suportados.

Os aplicativos do Twitter e do Facebook estão pré-instalados no MeeGo, tanto no N950 quanto no N9 - e são bem parecidos com os irmãos do Android e iOS.

Assim como o sistema, eles já vem traduzidos para o português. Outro aplicativo que já fala nosso idioma é o Foursquare, que está disponível na Nokia Store.

Tirando eles, não sobra muita coisa… Um problema do MeeGo é a falta de aplicativos. Ele até vem razoavelmente bem servido (para mim, só faltou o WhatsApp), mas não há nada que motive os desenvolvedores a criar para a plataforma: programar para o MeeGo é bastante simples, mas que desenvolvedor se dará a esse trabalho sendo que a Nokia já anunciou que não dará mais atenção pro sistema?

O N9 será o primeiro e último aparelho com o sistema, mas sendo vendido por R$ 1.699, é difícil convencer alguém a comprá-lo…

Gosto do Windows Phone, mas é triste ver a Nokia jogando um sistema tão capaz fora. Por mais que ela esteja atrasada, ainda vende muitos aparelhos.

Só no ano passado, o Symbian ^3 (na época restrito ao high-end da marca) vendeu o triplo de unidades do Windows Phone 7.

Isso com um sistema tão desejável quanto um Sybian, imaginem com um sistema moderno.

E se o MeeGo ja tem alguns grandes desenvolvedores mesmo estando morto, com uma boa base instalada então…

Leia mais sobre: , , , .

relacionados


Comentários