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OMS: celulares podem causar câncer

Novos estudos apontam que o uso do celular pode aumentar a incidência de câncer em seres humanos.

13 anos atrás

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A Organização Mundial da Saúde publicou os resultados de um estudo global sobre o impacto do uso de aparelhos celulares à saúde. E não são lá dos mais entusiasmantes...

Segundo a OMS, a radiação emitida por celulares e smartphones pode provocar câncer e a agência internacional passa agora a listar os aparelhos na mesma categoria de "risco carcinogênico" que o chumbo, a exaustão de monóxidos de carbono em motores, o clorofórmio e outros.

A publicação da última terça-feira (27) contrasta com todas as anteriores, onde a agência alegava que o uso de tais aparelhos não oferecia quaisquer riscos para a saúde.

Um diversificado time de 31 cientistas de 14 paíes tomou a decisão de emitir o alerta junto à organização após a conclusão de uma série de estudos que relacionam a segurança de consumo em relação aos aparelhos.

O parecer foi emitido pela Agência Internacional de Pesquisa Contra o Câncer como resultado de uma convenção de especialistas reunidos em Lion, na França, para investigar a relação entre a radiação eletro-magnética emitida por celulares e o câncer.

Foram encontradas evidências que possibilitam categorizar a exposição aos aparelhos como "possivelmente carcinogênica à humanos", tornando final o parecer de que, até o momento, não existem estudos suficientemente esclarecedores para se afirmar que os efeitos desse tipo de exposição são totalmente seguros para a saúde.

"O maior problema que temos hoje é que sabemos que a maioria dos fatores ambientais levam décadas de exposição antes que possamos realmente ver as suas consequências" diz o Dr. Keith Black, chefe de Neurologia do Cedar-Sinai Medical Center em Los Angeles.

O tipo de radiação emitida a partir de um aparelho celulares é conhecida como não-iônica (baixa frequência), mais parecida com aquela emitida por um micro-ondas doméstico e difere, por exemplo, do Raio-X (alta-frequência). Entretanto, os cientistas consideraram os resultados obtidos relevantes o bastante para alertar os consumidores em todo o mundo.

"O que a radiação de micro-onda faz, em termos bastante simplistas, é similar ao que acontece com a comida no forno de micro-ondas, essencialmente 'cozinhando' o cérebro. Portanto, adicionalmente ao desenvolvimento de cânceres e tumores, pode haver toda uma outra série de efeitos adversos, tais como na função cognitiva da memória, uma vez que é na região do lobos temporais onde seguramos nossos aparelhos celulares", afirma parte do relatório.

A Agência Ambiental Européia já havia emitido um relatório que qualificava o uso de aparelhos celulares como um risco à saúde humana tal qual o tabagismo, o amianto e os combustíveis aditivados com chumbo.

O chefe de um dos departamentos do instituto de pesquisa contra o câncer da Universidade de Pittsburgh enviou um memorando a todos os funcionários pedindo que o uso dos celulares fosse reduzido devido ao possível risco de câncer.

"Quando observamos o desenvolvimento de câncer, especialmente o câncer cerebral, vemos que eles levam um longo período para se desenvolverem. Penso que seja uma boa ideia oferecer ao público algum tipo de alerta sobre os riscos de uma exposição de longo prazo a este tipo de radiação e sobre poderem provocar o câncer", diz o Dr. Henry Lai, professor-pesquisador de bio-engenharia da Universidade de Washington com mais de 30 anos de estudos sobre a matéria.

O resultado de um outro estudo internacional sobre comunicadores celulares e sua relação com o câncer foi publicado em meados de 2010, onde participantes do estudo que utilizavam regularmente celulares a mais de 10 anos dobraram a incidência de glioma, um tipo de tumor cerebral. Até o momento, não existem estudos significativos sobre o uso de aparelhos celulares por crianças, apenas algumas hipóteses de alguns especialistas.

"O crânio e o couro cabeludo das crianças é bem mais fino (que o de adultos). Portanto, a radiação pode penetrar mais profundamente no cérebro de crianças e jovens. As suas células nervosas dividem-se a uma velocidade maior, tornando o impacto da radiação ainda mais extenso", diz o Dr. Black do Cedars-Sinai Medical Center.

O Dr. Sanjay Gupta, da CNN, elabora que o período mais provável para a manifestação de cânceres e tumores cerebrais é de potencialmente mais ou menos 20 anos, podendo passar disso em alguns casos e defende o uso regular de fones de ouvido cabeados quando da utilização de aparelhos celulares.

A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) já publicou diversos artigos sobre ótimos resultados e a relação custo-benefício do monitoramento e pesquisas de saúde com o apoio da tecnologia móvel dos celulares.

Aparelhos celulares podem monitorar e salvar a vida de mães e crianças pelo mundo, mas segundo a OMS, podem cozinhar a sua dupla dinâmica de neurônios também. Eventos que convertem o seu aparelho celular, ao mesmo tempo, em mocinho e também em bandido em potencial.

Na ânsia pelos últimos lançamentos, muitos consumidores não se dão ao trabalho de tomar ciência dos alertas já comumente apresentados nas embalagens e manuais de segurança obrigatórios em suas aquisições.

O manual de uso e segurança do iPhone 4, por exemplo, alerta para que a exposição à radiação emitida pelo aparelho não deve exceder às determinações recomendadas pelo FCC (Federal Communications Commission, EUA) e diz que "quando estiver utilizando o iPhone próximo de seu corpo para chamadas de voz ou transmissões de dados sem fio via uma rede operadora celular, mantenha o iPhone a pelo menos 15 mm de distância do corpo".

A RIM, fabricante dos smartphones BlackBerry, alerta para que o seu consumidor "mantenha seu BlackBerry a uma distância mínima de 25 mm do corpo durante quaisquer transmissões do aparelho".

Os fabricantes se defendem dizendo que "ainda não existem estudos conclusivos sobre os efeitos da radiação emitida pelos aparelhos". Enquanto isso, vendem feito água.

O Instituto Nacional do Câncer (EUA) mantém uma FAQ em seu site sobre os últimos resultados sobre a relação de RF (rádio-frequência) e a radiação eletro-magnética (EMR) emitida por aparelhos celulares.

Talvez fosse a hora de engenheiros e designers começarem a pensar aparelhos cuja estrutura e materiais possa minimizar ou conter, parcial ou totalmente, a radiação eletro-magnética e adiantando-se a outros relatórios e pesquisas futuras. Ou isso, ou então poderemos todos voltar a investir em fones de ouvido.

O celular é hoje, provavelmente, o novo cigarro.

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