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Fragmentação: O Rick Deckard dos Andróides

14 anos atrás

O Google aprendeu muita coisa em pouco tempo, com o desenvolvimento do Android. Está protegendo sua marca com uma ferocidade digna da Apple, vende uma imagem de amiga do Open Source sem perder as rédeas do projeto como a IBM e conseguiu entregar produtos pela metade faltando vários componentes essenciais e mesmo assim ninguém ligou, como a Microsoft.

Só falta desaprenderem uma coisa: Usuários de celular NÃO são geeks, o Android inicialmente foi adotado pela "cumunidade" como iPhone Killer, Microsoft Destructor, Novell Apocaliptor, Google Smash-ah não, Google é bonzinho. Mas como os aparelhos acabaram saindo realmente bons, o público em geral gostou, hoje é comum ver gente na rua falando que quer um celular Android.

O que não dá certo é esse público leigo ser penalizado com uma filosofia de desenvolvimento de projeto Open Source esquizofrênico.Em dezenove meses foram SEIS grandes revisões de software. Isso é lindo, maravilhoso, odara quando é algo que se resolve pelo Windows Update, mas no mundo dos celulares não é assim que a banda toca.

Os updates devem ser feitos via operadora, cada uma tem um firmware diferente, customizado. Cada update demanda semanas de testes e modificações específicas. Isso tem um custo. Alto. E a operadora de telefonia NÃO quer investir esse dinheiro sabendo que não terá retorno.

Existem poucas coisas mais lentas do que operadoras de telefonia no quesito atualizações de software, até fabricantes de placas-mãe são mais ágeis.

No caso do Android temos um quadro sinistro de fragmentação, vejam as versões, com dados de Junho:

Se comparar com dados do período anterior, a coisa só piora. O modelo de desenvolvimento do Android é insano. São duas atualizações por ano, aparelhos são lançados já obsoletos (foi o caso do Motorola Dext) e o pior possível acontece com o consumidor: Ele sai da loja com um Android, lê no MeioBit sobre uma sensacional aplicação do Google (afinal são os donos do Android) tenta baixa e descobre que ela não funciona em seu celular.

No 0800 da operadora é jogado pro fabricante, e após algumas horas sai com a promessa de que um dia, talvez surja um updade da versão 1.5 para a versão 1.6, sendo que já há aparelhos 2.0 no mercado. E softwares que só funcionam neles.

NÃO é uma questão de hardware, na maioria dos casos os recursos básicos do aparelho são utilizados, para ao atrelar o software a uma versão do sistema operacional, toda uma faixa de aparelhos é deixada de fora.

Essa fragmentação gerou reações fortes. Dan Morrill, gerente de projeto do Android bateu pé dizendo que isso non ecziste, que os desenvolvedores podem escrever para versões específicas do sistema operacional (sim, e criar uma versão pra cada uma delas?) e que fragmentação é ilusão. O Engadget respeitosamente discorda. O Motorola Dext que tenho jogado na gaveta não tão respeitosamente também discorda.

Os fabricantes não vão se preocupar com isso, pois querem vender telefones. As operadoras não vão se preocupar, pois querem vender telefones E fidelização. O Google não vai se preocupar, pois na mente de seus desenvolvedores não há problema, sempre dá pra baixar uma ROM pirata, flashear na marra e ter o telefone funcionando.

Não interessa que haja uma gambiarra, não interessa que haja uma explicação perfeitamente razoável. O consumidor não quer saber. Ele quer entrar no Marketplace e achar o programa que viu rodando no celular Android do amigo. Não achou? FAIL do Google.

Steve Ballmer deu uma sacaneada no Google dizendo que não entendia o motivo de terem 2 sistemas operacionais. Mal sabia ele que o número é bem maior que esse.

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