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YouTube não se emenda: anúncios continuam sendo anexados em vídeos controversos

Um ano depois, anúncios do YouTube continuam sendo vinculados a vídeos com conteúdos controversos, desde apologia ao nazismo a pedofilia; anunciantes prometem nova debandada.

6 anos atrás

Já se passou um ano desde o início do êxodo dos anunciantes do YouTube, quando foi revelado que a plataforma não tinha critério nenhum na hora de vincular as propagandas aos vídeos. Em geral, qualquer um podia fazer dinheiro com o serviço e canais com vídeos de conteúdo impróprio ou bastante controverso recebiam os anúncios, o que levou a uma mudança profunda em como os vídeos e canais são hoje tratados.

O problema é que mesmo tendo se passado tanto tempo, o problema ainda não foi sanado.

Recentemente a Procter & Gamble, um dos maiores conglomerados de produtos de higiene, limpeza e alimentos do planeta sinalizou que vai voltar ao YouTube, sendo ela uma das primeiras que puxou o carro quando a bomba explodiu em março de 2017. A companhia não foi tão radical como Johnson & Johnson, Mars, HP e outras, que tiraram os anúncios também do motor principal do Google, mas sua saída do programa indiretamente motivou outros a fazerem o mesmo, sendo que um ou outro acabou voltando depois. A Adidas é uma delas, já a AT&T não voltou e até onde se sabe, não pretende fazê-lo.

O grande problema é que as coisas não parecem ter mudado muito desde então, ao menos para quem não anda na linha: uma pesquisa independente realizada pela CNN revelou que anúncios de mais de 300 empresas e instituições, entre elas Adidas, Facebook, Amazon, Hershey, Netflix, Under Armour e até repartições do governo dos Estados Unidos tiveram suas peças publicitárias ligadas a vídeos de canais que compartilham conteúdos relacionados a pedofilia, propaganda de grupos extremistas e de apologia ao nazismo, entre outros.

Alguns exemplos: anúncios de órgão do governo dos EUA, como do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, da Alfândega e Proteção das Fronteiras e do Departamento de Transportes foram inseridos em vídeos pró-Melhor Coreia; ads da Toy Association aparecem em peças de canais que promovem pedofilia (que inexplicavelmente continuam ativos), enquanto do Museu Amigos de Sião, localizado e Jerusalém foram previsivelmente anexados a produções de canais pró-nazismo.

Para variar, os anunciantes estão fulos nas calças e prometeram outra debandada em massa até o YouTube por ordem na casa, o que invariavelmente se reverterá em mais restrições mirando em todo mundo. Nesse último ano a plataforma bateu em canais com conteúdo que a plataforma considera controverso mesmo que não infrinjam seus Termos de Serviço, naqueles que pirateiam obras de terceiros, que exibem conteúdos indevidos para menores, que espalham teorias da conspiração e até mesmo os comentários dos usuários podem levar à desmonetização. No entanto, é de consenso que tais medidas afetam muito mais o produtor de conteúdo sério e original do que as ervas daninhas, que como podemos ver continuam enraizadas.

Em nota, a P&G afirma que não pretende rever sua decisão de voltar ao YouTube mesmo com a nova onda de denúncias, até porque uma das condições foi de exercer controle total sobre quem vai veicular suas peças publicitárias: de forma smiliar ao que a Disney fez, a companhia afirma ter trabalhado junto com a plataforma de forma a filtrar melhor quem pode e quem não pdoe endossar seus produtos.

Um porta-voz do YouTube se limitou a dizer que o serviço está "comprometido a trabalhar junto com nossos parceiros" (os anunciantes, ou seja os clientes; o YouTuber é o produto) e que os anúncios são removidos de vídeos impróprios tão logo são detectados. Só que pelo visto, ainda não estão nem perto de resolver o problema.

Fontes: Bloomberg e CNN.

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