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Entrevista — Eduardo Massieu Paredes, da Wargaming

Leia a nossa conversa com Eduardo Massieu Paredes, gerente geral da Wargaming para a América Latina e que nos contou como é trabalhar com o mercado brasileiro, a missão de fazer um jogo durar por vários anos e o que está por vir para o World of Tanks.

6 anos atrás

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Recentemente a Wargaming lançou a versão 1.0 do seu principal jogo, o World of Tanks e se engana quem pensa que esta foi apenas uma mera atualização para o jogo free-to-play. Com gráficos reformulados, uma nova trilha sonora e diversos ajustes na jogabilidade, o game praticamente teve um relançamento, mostrando que o estúdio está dedicado a mantê-lo oxigenado por muito tempo.

Junto com esta versão, o World of Tanks também ganhou servidores para a América Latina e para aproveitar a ocasião, tive a oportunidade de conversar com Eduardo Massieu Paredes, gerente geral para a nossa região e que falou um pouco sobre os desafios de explorar o mercado brasileiro, de manter um jogo relevante por tantos anos e o que podemos esperar para o futuro. Confira:

MeioBit Games: Primeiro gostaria de pedir que você falasse um pouco sobre a atualização 1.0 para o World of Tanks. O que as pessoas que não jogam o game há algum tempo encontrarão ao abrí-lo novamente?

Eduardo Paredes: Obrigado pela oportunidade de falar um pouco mais sobre World of Tanks no Brasil. Os jogadores que não jogam já faz um tempo ficarão extremamente (e agradavelmente) surpresos! Eu iria além e diria que é um jogo completamente novo. Por que? 1) Estamos com a latência mais baixa pra batalhas online (finalmente temos servidores locais) dos últimos 7 anos! 2) O 1.0 melhorou o visual bastante, com gráficos em HD, mapas redesenhados, e atores locais usados na nova dublagem em Português. 3) Finalmente tomamos a decisão de reduzir preços e adicionar formas locais de pagamento para a loja do Brasil, fazendo com que os produtos ficassem mais em conta e mais acessíveis pra todos.

Em poucas palavras, WoT 1.0 é um jogo completamente melhorado que visa trazer uma experiência diferente a todos os jogadores locais. Eu digo a vocês, jogadores que não batalham conosco já faz algum tempo, que vocês ficarão completamente chocados com o quanto o jogo evoluiu. Vejam vocês mesmos!

MBG: Sobre a comunidade brasileira do World of Tanks? Existe muita diferença de um mercado para o outro? A ideia dos brasileiros como gafanhotos digitais procede?

EP: O Brasil sempre foi um  mercado único pelo seu tamanho e a paixão de seus jogadores. Considerando que o Brasil é um dos mercados com crescimento mais acelerado do mundo, seus jogadores demandam rapidamente mais e mais qualidade dos games e, consequentemente, dos desenvolvedores. Trazer servidores locais, que representam um investimento massivo no país, é uma prova disso, e que os jogadores não vão mais aceitar serviços de segunda linha. Além disso, o  brasileiro também espera ter em seus produtos o sentimento de estar em casa, e isso inclui localização apropriada, serviço de atendimento, dublagem, moderação da comunidade entre outros — feitos por brasileiros para brasileiros. Finalmente, devo adicionar que o Brasil tem um senso de humor e criatividade que o distingue de outras partes do mundo. A comunidade brasileira sabe se divertir!

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MBG: Qual o maior desafio ao tentar “vender” um jogo como o WoT ao público brasileiro? Ainda existe uma certa resistência a títulos free-to-play?

EP: Em um mercado extremamente competitivo como o Brasil, o maior desafio é conseguir a confiança dos jogadores. Essa é a nossa principal prioridade. Mais do que resistentes, eu diria que os jogadores são “céticos” quanto a títulos  free-to-play na região, já que ao longo do tempo e de maneira muito agressiva o mercado empurrou muito “lixo” e serviços de segunda linha, desrespeitando a comunidade local. O único jeito que a Wargaming sabe como lidar com isso é construir uma comunidade do zero, com jogadores locais como nós, colaborando uns com os outros. 

O segundo maior desafio que enfrentamos é lutar contra a imagem de Pay-to-Win que se espalha rapidamente principalmente nos jogos de celular. Cada decisão tomada levamos em consideração, acima de qualquer coisa, a felicidade dos jogadores.

O terceiro grande desafio pra nós foi envolver toda a América Latina com qualidade e acessibilidade na infraestrutura. Como jogadores e tanqueiros queremos evoluir no mesmo passo em que a tecnologia pra mantermos nossos títulos o mais impecáveis possível. Mas não é segredo que na América Latina temos problemas com provedores de internet, além do custo altíssimo de manter computadores atualizados.

MBG: Bom, lá se vão quase 8 anos desde o lançamento do WoT e o jogo continua fazendo sucesso. Na sua opinião, qual o segredo para manter um título relevante por tanto tempo?

EP: A regra básica que nós sempre seguimos é: o  jogo precisa ser divertido e se manter divertido. Essa é a fundação de qualquer jogo em conjunto com sua comunidade.

O segundo grande desafio para qualquer jogo online é se manter atualizado em relação a constantes evoluções do mercado e de outras tecnologias. Por exemplo, nós estamos sempre entregando conteúdos novos como tanques, modos de jogo, atualizações técnicas, novos mapas, melhorias nas mecânicas do jogo e interfaces, com o objetivo de fazer o núcleo do jogo mais interessante e desafiador.

MBG: E com esta versão 1.0 no ar, isso quer dizer que podemos esperar por muitas novidades e até por mais 8 anos de WoT?

EP: Você acha que os jogadores brasileiros ficarão empolgados com as novidades da nova linha de tanques italianos? Eu estou bastante feliz por ser neto de italianos e mal posso esperar por esse lançamento! E já que você me perguntou sobre 8 anos, e se eu te falasse que até lá nós poderemos ter uma linha de tanques brasileiros?

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MBG: Quanto aos eSports, este é um mercado no qual a Wargaming pretende investir mais, inclusive no Brasil?

EP: No passado, muitos pensavam sobre World of Tanks ser um ótimo jogo para eSports, dado a suas batalhas explosivas e a natureza competitiva de cada partida. Seguindo por essa linha de pensamento, nós investimos em eSports,  mas tivemos um resultado fraco para mostrar. No momento,  estamos investindo bastante esforço para balancear a jogabilidade de World of Tanks com a natureza fortemente competitiva dos latino-americanos. Nós estamos trabalhando em algo global completamente novo! Mas eu estou pessoalmente ansioso para ver a competitividade em nosso novo ambiente de eSports o mais cedo possível!

MBG: Voltando à grande atualização por qual passou o WoT, gostaria de saber se existe previsão para algo parecido chegar aos consoles.

EP: Os jogadores podem esperar por grandes atualizações em World of Tanks em todas as plataformas. Como você sabe, algumas plataformas são mais desafiadoras que outras, então nós nos esforçamos para oferecer o melhor jogo de tanques em todas elas.

MBG: Por fim, a Wargaming pretende contar histórias de mais tanques e navios de guerra? Há intenção de incluir algumas unidades brasileiras nos games?

EP: Sim, nós iremos. A Wargaming é comprometida com a precisão história dos tanques que apresenta no jogo. Nós, atualmente, temos um departamento com historiadores e militares já aposentados. Uma linha de tanques brasileiros não está descartada, mas é um assunto delicado para o jogo já que a maioria dos tanques brasileiros da época usavam rodas, ao invés de esteiras e lagartas, o que é um grande passo a frente em termos de balanceamento do jogo entre tanques com funções e mecânicas totalmente diferentes. Imagina que legal ter uma linha de tanques brasileiros competindo contra uma linha argentina?


World of Tanks Brasil — Trailer de World of Tanks 1.0

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