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Espécie ameaçada salva por espécie invasora. Darwin aprova.

Evolução e Seleção natural são conceitos fantásticos, mas a gente sempre tende a achar que são passado, quando na verdade são presentes e atuais hoje como eram quando o primeiro comentarista de portal rastejou pra fora dos oceanos, deu a volta e entrou no mar de novo. O exemplo da vez é o gavião-caramujeiro, clique e leia!

6 anos atrás

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Uma das coisas mais legais da Teoria da Evolução e da Seleção Natural é que são baseadas em pura observação. Darwin nem sonhava com o conceito de DNA e os mecanismos da hereditariedade, mas eles não importam para entender como a Evolução funciona.

Antes de tudo, esqueça aquilo de sobrevivência do mais forte. Seleção Natural é sobrevivência do mais adaptado ao meio-ambiente. Um panda por exemplo é um beco-sem-saída evolucionário, um bicho que acabou preso a uma dieta única, de baixa eficiência energética. Se bambus se extinguirem, os pandas vão junto. Eles só existem ainda por serem fofinhos.

O pessoal de Harvard fez um experimento famoso e lindo demonstrando na prática seleção natural. Nele faixas com mais e mais antibióticos são inoculadas com bactérias E.coli. Elas só sobrevivem na faixa inicial, sem antibióticos, mas aos poucos mutações aleatórias vão acontecendo e eventualmente surge uma variante resistente. Depois de 11 dias há toda uma população capaz de sobreviver em um ambiente com 1.000× a dose letal inicial.


Watch antibiotic resistance evolve | Science News

Os cientistas antigamente achavam que macroevolução era impossível, não veríamos grandes mudanças em poucas gerações em organismos complexos. Hoje percebemos que a Natureza é muito mais ousada e versátil do que imaginávamos.

Um exemplo perfeito foi descoberto por cientistas que estudam o gavião-caramujeiro (Rostrhamus sociabilis), uma espécie que até pouco tempo atrás estava ameaçada na Flórida, com as drenagens dos pântanos acabando com os caramujos que eles comem. A situação chegou ao ponto de haver menos de 400 casais em estado selvagem na região.

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De 2000 a 2007 a população seguiu em queda, eis que depois disso os números começaram a subir, a taxa de sobrevivência de gaviões jovens aumentou muito. Logo os cientistas descobriram que os gaviões estavam crescendo mais, bem-alimentados e fortes. O culpado? O caramujo-maça (Pomacea maculata), uma espécie invasora que chegou aos Estados Unidos na água de lastro de navios vindos do Rio da Prata.

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Obviamente é um pucta caramujo e os gaviões não conseguem carregar, ele não fazia parte da dieta dos gaviões quando começaram a aparecer na região, no final dos anos 90. O que mudou? Os gaviões.

Os cientistas descobriram que a espécie está a cada geração nascendo com bicos mais fortes e mas compridos, capazes de quebrar a concha e comer mais da carne do caramujo (gaviões vegans foram extintos, sorry).

Em algum momento uma mutação aleatória produziu um gavião com um bico um pouco maior. Isso deu a ele uma pequena vantagem, o suficiente para não morrer de fome, e ao contrário de outros, ele passou seus genes adiante. Se em suas andanças ele encontrou uma fêmea com uma mutação que gerava bicos mais fortes, melhor ainda.


v0o0d0o0 — Evolución de la vida, supervivencia del más fuerte

Em apenas 10 gerações os gaviões conseguiram se adaptar, isso é muito, muito pouco tempo. Deram sorte? Com certeza, de vez em quando o Universo é generoso, como a mutação que tornou um grupo de humanos tolerante à lactose, permitindo que adultos consumam leite, um excelente alimento mas que éramos geneticamente programados para rejeitar depois de adultos. Isso levou à domesticação de animais e ao começo da Civilização.

Aonde isso vai parar? Essa é a beleza da Evolução: não tem fim.

Link do Paper: Rapid morphological change of a top predator with the invasion of a novel prey.

Fonte: Futurity.

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