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Compra da Fox é boa para a Disney e ruim para todos os outros

Aquisição da Fox pode dar grandes poderes à Disney na indústria de entretenimento, além de levar a demissões em massa: até 10 mil profissionais, altos executivos inclusos, podem ser dispensados.

6 anos atrás

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Agora que a empolgação inicial da compra da 21st Century Fox pela Disney está passando, analistas estão avaliando o impacto que uma fusão de tal porte causará no mercado de entretenimento e sem muita surpresa, as perspectivas iniciais não são boas.

Num primeiro momento todos concordam qua a Disney está concentrando poder demais em suas mãos: enquanto alguns comemoram o retorno do controle criativo das franquias X-Men e Quarteto Fantástico para as mãos da Marvel Studios, é preocupante saber que algumas das franquias mais lucrativas do cinema e TV (Simpsons, Planeta dos Macacos, Kingsman, Alien, Avatar, Family Guy, etc.) tenham se somado ao já imenso portfólio da The Walt Disney Company, o que lhe permite tomar decisões estratégicas controversas.

Num caso recente e bastante polêmico, a Disney baniu o jornal Los Angeles Times de suas cabines de imprensa por conta de um artigo que a companhia não gostou, e ele só caiu depois de uma série de veículos criticarem a atitude. Com mais propriedades nas mãos, a casa do camundongo ficará ainda mais poderosa e casos como esse poderão se tornar mais comuns, afinal quem vai encarar um leviatã de frente?


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É preciso lembrar que agora a Disney detém 60% do Hulu e com isso, controle sobre a plataforma de streaming que muito provavelmente será posicionada como uma final direta da Netflix, sem contar o outro serviço que terá acesso a suas produções exclusivas.

A gigante poderia muito bem manter um apenas nos EUA e fazer do outro um serviço global, privando qualquer outra plataforma de exibir conteúdos da Disney, Pixar, Marvel, Lucasfilm e agora, também da Fox. A concentração de poder prejudica o mercado e tira do consumidor a possibilidade de escolher por um melhor serviço para assistir o que quer.

Isso sem contar a iminente dança das cadeiras e demissões que ocorrerão de forma inevitável. No último dia 14, data em que a Disney e Fox anunciaram a conclusão do negócio o presidente da companhia e CEO da Fox Networks Group Peter Rice, os co-diretores da Fox TV Gary Newman e Dana Walden e o CEO da FX Networks John Landgraf vieram a público em uma reunião interna de modo a tranquilizar os funcionários, mas a verdade é que nem mesmo os seus cargos estão garantidos.

Segundo o analista e crítico da Disney Rich Greenfield, cortes de cargos redundantes serão feitos de cima para baixo e totalizarão uma economia de US$ 2 bilhões, com uma dispensa de 5 mil funcionários dos mais diversos setores que pedem escalar a até 10 mil, incluindo aí altos executivos.

Walden e Newman, por exemplo comandam tanto a Fox TV, comprada no pacote quanto a Fox Broadcasting, que permanece sob controle dos Murdoch e provavelmente não serão expatriados, com grandes chances do subgrupo ser absorvido pela ABC; já Landgraf é uma incógnita: ele é um produtor com um Emmy na prateleira é seria interessante a Disney mantê-lo, mas séries como Sons of Anarchy e American Horror Story não são produtos exatamente alinhados com seus valores.

Enquanto muitos funcionários e executivos eventualmente serão dispensados, quem pede garantir um pezinho na Disney é justamente o CEO da 21st Century Fox James Murdoch; fontes próximas indicam que ele tem interesse em conseguir um cargo de confiança na gigante utilizando seu conhecimento à frente da SKY, o que poderia lhe render uma ocupação importante no mercado internacional.

A incógnita é se ele seria colocado abaixo de Andy Bird, o atual líder para o mercado exterior da Disney ou não; já a “nova Fox”, que reúne as emissoras como Fox News, Fox Business e outros empreendimentos seria controlada por Rupert e Lachlan Murdoch.

Há de se levar em conta que a aquisição da Fox ainda depende da aprovação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que embora ande empacando a compra da Time Warner pela AT&T as chances favorecem a Disney: esta não é uma operadora e logo não detém infraestrutura para ela sozinha controlar os meios de distribuição de seu conteúdo, dependendo de acordos com outros.

Ainda assim, condições anteriormente impostas à Comcast quando da aquisição da NBCUniversal começarão a expirar em breve e dada a situação atual da FCC, que é pró-companhias pode ser que o negócio seja mesmo fechado, o que não será bom nem para a concorrência e nem para o consumidor. Só para a Disney mesmo.

Fontes: Daily BeastThe Hollywood Reporter.

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