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Não, os tarados da Apple não estou coletando suas fotos de sutiã, meninas.

Não foi dessa vez que Tim Cook foi desmascarado. Apesar de todo o alarde feito por uma usuária, e de realmente o iPhone estar catalogando suas fotos de sutiã, o buraco é mais embaixo e a Apple NÃO está coletando seus nudes. A explicação é bem mais simples, embora tecnicamente complexa e fascinante.

6 anos atrás

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A internet é a mais incrível ferramenta criada pelo Homem. Com ela temos acesso instantâneo a um razoável percentual de todo o conhecimento gerado pela Humanidade em dezenas de séculos. Falamos diretamente com cientistas, políticos, pensadores. Ou melhor, a internet deveria ser isso, mas se tornou um imenso curralzinho onde pessoas histéricas atacam em manadas, com base em conclusões precipitadas e erradas.

Existe um segmento que opera segundo a premissa que qualquer fato será analisado pelo pior viés possível. É como a lógica de buscar sintomas na internet, onde não importa o que você esteja sentindo, é câncer.

Foi o caso de uma floquinha, que por acaso digitou no campo de buscas do iPhone “brassiere”, que é sutiã em inglês. O iOS mui obedientemente encontrou as fotos da supracitada floquinha usando a também mencionada peça de roupa, e mostrou os resultados. Ela imediatamente ficou transtornada.

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Pela quantidade de retweets e likes dá pra perceber que a coisa viralizou, e um monte, um monte mesmo de gente saiu fazendo sérios questionamentos. Cooomo assim a Apple estava salvando as imagens íntimas das pessoas em uma pasta específica? Será que Tim Cook incluiu um backdoor para espionar suas usuárias de roupas íntimas?

Vou poupar os leitores das milhares de mensagens raivosas, propostas de boicote e matérias sensacionalistas e dizer que não, a Apple não está espionando ninguém, muito menos é obcecada por sutiãs, calcinhas e lingeries em geral. Ok, só uma chamada sensacionalista:

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Agora a explicação: a Apple não está interessada nas suas roupas de baixo, mas sim, ela vasculha suas fotos. Faz um bom tempo, aliás. Desde 2016 eles estão usando algoritmos de inteligência artificial para identificar o conteúdo das imagens em seus dispositivos.

Isso demonstra o imenso avanço nessa área. Dez anos atrás o custo de CPU seria proibitivo, 20 anos atrás seria impossível, hoje seu celular consegue identificar sutiãs (estranhamente, calcinhas não), livros, gatos, coroas, navios panteras vários outros objetos, num total de 4.432 modelos matemáticos criados depois de muita computação, otimizados e inseridos no aplicativo em seu celular.

O sistema é tão eficiente que roda off-line. Isso mesmo, nem sequer enviar sua foto para um servidor ele envia, mesmo assim a dona lá em cima está chilicando, e outros reclamam que a Apple está examinando minhas fotos.

O Google tem um serviço semelhante, mas o processamento é remoto, funciona para quem usa o Google Photos. Ambos os recursos, tanto o da Apple quanto o do Google são excelentes e bem-vindos, em uma época onde a gente tem milhares de fotos arquivadas e não dá pra confiar na memória para indexar cada detalhe de todas.

Reclamar que as fotos estão sendo “espionadas” é uma atitude ludita, é o mesmo de gente que reclama que seu celular guarda as informações de onde você esteve, mas quer que os mapas sejam precisos e contextuais. Não dá para viver em uma paranóia de privacidade total E querer usufruir dos recursos de Dados Abundantes. Se você acha que está sendo “espionado”, compre um Nokia 3320.

De resto, eu sei que é tentadora a idéia de mostrar ao mundo sua indignação e ganhar todos aqueles suculentos Pontos de Internet, mas antes de acender as tochas e afiar os ancinhos, não custa nada pesquisar um minuto que seja. Senão, é batata: vai passar vergonha, como o sujeito que acusou o filme do Lanterna Verde de whitewashing.

Fonte: The Next Web.

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