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Facebook nega usar microfone de smartphones para exibir anúncios [UPDATE]

Facebook é acusado de utilizar o microfone de smartphones para ouvir conversas dos usuários e vender anúncios; empresa nega, mas evidências (que podem ser anedóticas) mostram o contrário.

6 anos atrás

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Há uma preocupação legítima de que empresas coletam dados dos usuários mesmo quando esses não querem enviá-los, basta lembrar dos casos das TVs tanto da LG quanto da Samsung e essa última em especial que ouvia o ambiente o tempo todo, segundo a empresa de modo a aprimorar seus algoritmos de reconhecimento de voz. Ainda que tivesse uma explicação e tal prática era menciona nos Termos de Serviço, muita gente não gostou.

O que nos leva ao Facebook. A rede social já levanta preocupações há tempos sobre suas experiências controversas e manipulação do feed dos usuários para exibir conteúdos que ela julga convenientes não só para forçar parceiros a abrir a carteira, mas para gerar respostas específicas no público e lógico, fazer uma graninha com anúncios direcionados. Isso posto uma velha teoria da conspiração, que nunca sai de moda voltou a rondar o Facebook, a de que a plataforma utilizaria o microfone dos smartphones para ouvir o ambiente o tempo todo, dessa forma coletando dados necessários para exibir anúncios.

Não é algo tão difícil de ser feito se pararmos para pensar, desde que sua companhia tenha o aporte necessário: o Google possui recursos para ouvir o usuário o tempo todo através da Google Assistant (Siri e Cortana ainda precisam ser acionadas) e seus algoritmos de reconhecimento são bastante apurados, logo se você configurou o motor de busca em seu Android para responder a você a qualquer momento, é muito provável que ele ouça tudo o que você fala em busca de palavras-chave para posteriormente oferecer produtos e serviços relacionados com suas conversas no mundo real. A questão é que o Google não é muito dado a fazê-lo, principalmente para não arranjar encrenca com a justiça (especialmente na Europa, que já não morre de amores pela companhia) por conta de invasão de privacidade.

O Facebook é alvo dessas mesmas críticas há algum tempo, mas até hoje nada foi provado e até o presente momento o fato dela ouvir o que o usuário fala o tempo todo e retornar anúncios correspondentes não passa de evidência anedótica. A rede social nunca se dignou a tomar uma posição oficial sobre o caso e seus Termos de Serviços são bem claros, oficialmente ela não faz uso do microfone para tal fim.

Isso até o VP de Anúncios do Facebook Rob Goldman responder a um tweet de PJ Vogt, host do podcast Reply All pedindo que usuários da rede social relatassem suas histórias acerca de casos em que ela teria exibido anúncios baseados em conversas offline:

No entanto, muitos usuários responderam à mensagem relatando histórias em que o Facebook teria passado a exibir propagandas baseadas em coisas que eles falaram no mundo real, sem utilizar o app móvel.

Se ligássemos o modo Full Chapéu de Alumínio diríamos que isso é uma prova de que o Facebook escuta o usuário o tempo todo, mas nada é tão simples. Primeiro, ouvir é apenas a primeira parte do processo e é preciso um algoritmo sólido capaz de identificar as palavras-chave, bem como um banco de dados robusto o bastante para trabalhar e filtrar esses dados, de modo a retornar as campanhas correspondentes. Segundo, tal processo se enquadra não só como invasão de privacidade como violação de seus próprios Termos de Serviço, o que se reverteria em um gigantesco problema judicial para o Facebook principalmente junto à Comissão Europeia, que trata duramente qualquer caso que envolva coleta não autorizada de dados de seus cidadãos. Basta lembrar que os casos mencionados lá no começo do texto, das TVs da Samsung e LG coletando o que não deviam custou caro para ambas no Velho Mundo.

É possível que o Facebook esteja de fato coletando dados do microfone dos smartphones, mas até o momento não há evidências disso e não obstante, nada garante que os usuários já recebessem esses anúncios antes na rede social por conta de buscas anteriores e só se deram conta quando alguém lhes chamou a atenção, acabando por relacionar os casos. De qualquer forma, caso o número de denúncias continue aumentando é fato que a rede social será colocada sob escrutínio dos reguladores e em caso positivo, vai acabar se dando mal por praticar algo que diz não fazer e mais, que não deveria fazer.

Fonte: BBC.


UPDATE: a Samsung emitiu a seguinte nota a respeito dos episódios passados envolvendo coleta de dados através de suas TVs:

"A Samsung leva a privacidade do consumidor muito a sério e nossos produtos são projetados com a privacidade em mente. Empregamos proteções e práticas de segurança que são padrões na indústria, incluindo criptografia de dados, para proteger as informações pessoais dos consumidores e impedir a coleta ou uso não autorizado.

O reconhecimento de voz, que permite ao usuário controlar a TV usando comandos de voz, é um recurso das Smart TVs Samsung que podem ser ativados ou desativados pelo usuário. Se os consumidores ativarem o recurso de reconhecimento de voz, os dados de voz consistem em comandos de TV ou apenas sentenças relacionadas às buscas. Os usuários podem facilmente reconhecer se o recurso de reconhecimento de voz está ativado pois aparece um ícone de microfone na tela.

Se um consumidor concorda e usa o recurso de reconhecimento de voz, dados de voz são fornecidos a terceiros durante uma busca de comando de voz solicitada para executar o comando. Naquele momento, os dados de voz são enviados para um servidor, que procura o conteúdo solicitado e retorna o conteúdo desejado para a TV.

Caso tenham dúvidas com relação aos produtos, a Samsung incentiva os consumidores a entrarem em contato diretamente pelo telefone 4004-0000.”

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