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Esquimós querem proibir lançamento de satélite

O lançamento de um satélite europeu está ameaçado (não realmente) por uma questão bem inusitada: esquimós estão preocupados com o segundo estágio, que cairá no mar da Groenlândia e poderá (segundo eles) ameaçar o ecossistema matando os peixes e aves da região.

6 anos atrás

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O Sentinel-5P é um satélite de 820 kg que orbitará a Terra de uma altitude de 824 km, em uma órbita altamente inclinada, 98,74 graus. Isso garante que ele cobrirá todo o planeta. Seu objetivo é medir qualidade do ar, identificar poluição, concentrações de metano, nuvens, absorção ultravioleta, medir efeitos do aquecimento global, etc, etc. 

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O projeto é uma colaboração da Agência Espacial Européia com o Escritório Espacial dos Países Baixos, ou Agência Espacial da Holanda, para simplificar de forma errada. Em teoria ele será lançado agora dia 13 de outubro, de um Rokot, um foguete que é basicamente um míssil balístico inter-continental SS-19 onde alguém (espero) tira a ogiva nuclear da ponta e coloca um satélite.

O lançamento será do Cosmódromo de Plesetsk, perto da Finlândia, e por causa da mecânica orbital o segundo estágio vai cair na Polynya, e se você não faz idéia de onde diabos fica isso, junte-se ao clube.

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Isso mesmo. No meio do nada, entre o Canadá e a Groenlândia. Local ideal para a queda de um foguete, mesmo que algo chegasse inteiro ao chão, o que não é o caso.

Só que os esquimós não gostaram. Eva Ariak, Comissária do Conselho Circumpolar Inuit e ex-premiê de Nunavut, território canadense com 35 mil habitantes e densidade populacional de 0,02 habitantes por km² enviou vários protestos.

Alegaram que o foguete é preguiçoso pois usa hidrazina como combustível e que ninguém sabe os danos que pode causar ao atingir a região, lar de peixes e pássaros que são importantes para a alimentação nativa.

O protesto foi enviado aos governos canadense e dinamarquês, que não tem nada a ver com a história, até porque o local da queda está em águas internacionais. Os russos também receberam uma cartinha do premiê da província, Peter Taptuna. Não sei bem o que Moscou vai responder mas como são só acionistas do consórcio de lançamento, a carta provavelmente vai para o arquivo redondo.

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A Agência Espacial Européia explicou, meio impaciente que o segundo estágio do Rokot precisa de cada gota das 10,7 toneladas de combustível que leva. Mais ainda, assim que cumpre a missão e entra em trajetória de retorno, foguetes despressurizam os tanques jogando todo o combustível remanescente no espaço.

Mais ainda: um foguete caindo com velocidade quase orbital não tem a menor chance de chegar ao solo intacto, ele será desintegrado na reentrada e o pouco combustível remanescente será espalhado na alta atmosfera. O único risco de contaminação é homeopático.

Aparentemente ninguém está dando bola pro protesto dos esquimós, mas nem sempre é assim. Em 2015 uma série de protestos de nativos suspendeu a construção do Telescópio de 30 Metros em Mauna Kea, no Hawaii. Disseram que a montanha era sagrada, iria desrespeitar os ancestrais, etc, etc. Seria neste lugar aqui:

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Depois que a história saiu das manchetes e ninguém mais deu bola, mesmo com o Aquaman fazendo campanha, a proibição caiu e deram sinal verde para a construção do telescópio.

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