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Resenha — Homem-Aranha: De Volta ao Lar

A Marvel fez o que era impossível pra Sony: um ótimo filme do Homem-Aranha. Totalmente integrado ao Universo Cinematográfico Marvel, com uma abordagem diferente mas ao mesmo tempo familiar. Spider-Man: Homecoming é um filme do Aranha como você nunca viu e exatamente do jeito que você imaginava que deveria ser. Clique e leia nossa resenha completa.

7 anos atrás

aranhajapa
Resenha Objetiva Sem Spoilers:

É MARAVILHOSO VÁ VER AGORA!

Dica: há duas cenas pós-crédito, uma no começo dos créditos, e outra no finalzão, depois até da listagem dos estagiários. É a melhor cena pós-crédito de todos os filmes da Marvel.

Resenha Subjetiva Com Alguns Spoilers:

Spider-Man: Homecoming é maravilhoso (sim estou me repetindo). Só que você já viu esse filme, várias vezes, ele apenas estava espremido em um filme maior.

Todo filme de origem tem a parte em que o herói ganha os poderes, uma montagem de treinamento e em seguida ele vai combater o vilão no duelo final. A parte do treinamento, a parte em que ele está se acostumando aos novos poderes em geral é curta. Em Homecoming ela é o filme inteiro. Tudo aquilo que a gente nunca viu pois era preciso mostrar o herói no auge de seus poderes em cenas épicas.

Outro acerto da Marvel: eles se tocaram que TODO MUNDO conhece a origem do Homem-Aranha, então nada de Parker sendo mordido por aranhas radioativas, blá blá blá. A recapitulação do filme se resume aos eventos que levaram à sensacional participação dele em Guerra Civil.

O grosso da história se passa no Queens, e é divertido ver uma Nova York em mundo que reconhece a existência de super-heróis, aliens e deuses nórdicos, ao contrário das séries da Netflix, onde uma invasão alienígena é algo que apenas mencionam e nada mais.

Pedro Prado

Nas antigas revistinhas da EBAL esse era o nome do Parker. Sim, traduziam tudo, mas mesmo naquela época as histórias eram tanto sobre o Aranha quanto sobre ele. Como Stark diz em um momento no filme: se você não é ninguém sem o uniforme, você não merece usá-lo.

Parker não é atormentado, não vive sob a sombra do Tio Ben, não passa extrema necessidade financeira e estuda em uma escola de CDFs. Sim, ele ainda é um loser mas está bem longe de ser um pária. Ele é um adolescente normal e isso é mostrado, e faz parte do filme. Ele quer ser o Aranha mas não está fugindo do Parker, apenas considera sua porção super-herói muito mais importante.

Nem tudo ao mesmo tempo agora

A fórmula antiga de filmes de super-heróis exigia que todos os personagens fossem introduzidos de uma vez, o que invariavelmente levava a cenas rápidas e sem-graça, só pra dizer que estavam lá. Nesse boa parte dos personagens clássicos não é mencionada, e não há JJ Jamenson e campanha de mídia contra o Aranha. É muito cedo, Kevin Feige já falou que quer fazer mais uns 4 filmes com esse Aranha. Há tempo pra tudo.

Sinopse

Aranha tem bom começo, acha que está pronto. Tony diz que não está. Aranha insiste e faz merdinha. Tony conserta a merdinha e pune aranha. Aranha aprende a lição, salva o dia e todos ficam felizes. The End.


Sony Pictures Brasil — Homem-Aranha: De Volta Ao Lar | Trailer 3 Legendado | 6 de julho nos cinemas

Vingadores Ho!

A grande premissa da Marvel é que o Aranha e outros heróis urbanos cuidam do dia-a-dia, enquanto Vingadores, Quarteto e similares cuidam das ameaças cósmicas. Nesse filme Parker faz exatamente isso, patrulha o bairro atrás de pequenos crimes, o que rende ótimas cenas pois ele ainda é novo nisso. Que o diga a cena em que ele vai interrogar Aaron Davis (Donald Glover). Mesmo com a tecnologia Stark, o coitado se enrola todo.

Because I'm happy…

Apesar de Tony Stark ter uma boa participação no filme, o contato oficial de Parker é Happy Hogan, é muito bem ver o personagem ganhar mais tempo de tela, ainda mais com sua eterna expressão de que gostaria de estar em qualquer outro lugar. Happy aliás é responsável por mencionar diretamente o filme de 2008, que deu início a todo o Universo Cinematográfico Marvel.

Fuck you Tony

Tony Stark dá uma sacaneada FORTE em blogueiros. Se eu fosse um dos floquinhos sensíveis do Tumblr estaria em prantos preparando um textão, em vez de rir só de lembrar.

A Lacração que deu certo

Jacob Batalon faz Ned Leeds, o que não faz o menor sentido. Ned é um sujeito louro magro conhecido do Parker e que trabalha no Clarim.

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No filme Ned Leeds é o japa (eu sei) melhor amigo do Parker, confidente e fã entusiasmado do Homem-Aranha. Só que para todos os fins exceto no nome ele é Ganke Lee, personagem idêntico no Universo Ultimate, onde até a cena onde descobre a identidade do Aranha é idêntica ao filme, mas no caso do gibi o aranha é o Miles Morales.

Essa semelhança é inclusive zoada em um número recente, onde ao dar um nome falso, Ganke pede pra ser chamado de… Ned.

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A Lacração que não fede nem cheira

Que a Marvel exagera, é normal, o Harlem em Luke Cage é mais negro que Pretória, mas pra quem conhece minimamente NY chega a ser cômico o Queens, um dos maior bairros judeus de NY sofrer uma limpeza étnica feita com eficiência germânica. Há exatamente UM judeu em cena no filme (descontando o Stan Lee) e a escola do Peter tem três personagens brancos: um professor, uma loirinha genérica e ele.

Isso incomoda? Não, é até engraçado, é divertido ver a turma da lacração feliz quando a representatividade não representa a realidade.

Liz Allen, interesse romântico de Peter no original era uma loura com ares de Marilyn Monroe. No filme é interpretada pela mnham-mnham Laura Harrier, uma senhora evolução, eu diria. Faz diferença para a personagem? Não.

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A Lacração que não deu certo

Lei e Ordem tem um problema sério: a maioria dos vilões são brancos. Comparando com estatísticas reais a desproporção é imensa, mas o público lacrador não gosta de ver “minorias” representadas quando a representação é negativa. Mesmo que seja verdade. Minorias também não podem ser vítimas ou sofrer reveses em suas narrativas, o que limita a utilidade dos personagens.

Flash Thompson, assim como o Professor Xavier, é um babaca. Sempre foi, sempre será. Ele é um jock, um daqueles burraldos que só estão na escola por causa da bolsa de estudos que ganham para fazer parte do time de futebol. Ele atormenta a vida do Parker, que não pode responder ao bullying senão revelará seu segredo.

Todo mundo quer socar Flash Thompson.

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Não mais. Flash Thompson agora é Tony Revolori, um latino com cara de indiano nascido na Califórnia filho de dois Guatemaltecos. Ele não é mais burro, não é mais jogador de futebol e suas grandes sacanagens com o Parker são um tapa na bunda (sério) e fazer todo mundo chamar o sujeito de “Penis Parker”. Esse Flash tem muito o que aprender com Matt Damon.

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Sim, esse sujeito é o Flash.

ESSE é o problema da diversidade pela diversidade. Estragaram o personagem, de Bully Terrível ele virou um Millennial Implicante. Não haveria problema se ele continuasse sendo o Flash Babaquara de sempre, mas quando a minoria é tão frágil que não pode representar um personagem moralmente questionável, isso não é possível. No final, todos perdemos.

Então a lacração estraga o filme?

Não, absolutamente não, fuck Flash Thompson, ele é irrelevante, o filme é bom demais para ser afetado por ele.

E a polêmica da Mary Jane?

Encheram a bola de que a Mary Jane Watson seria Zendaya, modelo e ídola pop adolescente, blá blá blá chupem racistas, etc, etc. O que eu achei? Não sei. Ele não faz NADA no filme além de cercar de longe o Parker e pagar de marrentinha. A tal Zendaya é uma menina linda, modelo capa de revista.

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Ou seja: problema nenhum ela ser a Mary Jane, exceto que… mudaram o nome da personagem para Michelle mas meus amigos me chamam de MJ e transformaram a Zendaya nesse joãozinho aqui:

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Se é pra descaracterizar totalmente a personagem, criem outras, pombas.

O Personagem Moralmente Questionável

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Disney dizia que uma história é tão boa quanto seu vilão. A Marvel está aprendendo com a nova dona, e Michael Keaton está ótimo! Ele é um personagem completo, com nuances, motivações e explicações. Ele não é malvado apenas por ser malvado e não tem um ódio irracional pelo Aranha como os vilões dos outros filmes.

Acompanhamos sua descida, desde quando era um pequeno empresário legítimo que viu sua empresa destruída por governos e semi-deuses que não ligam para gente pequena como a gente. Ele é um vilão que faz a coisa errada mas não quer conquistar o mundo, matar Tony Stark ou nada do gênero. O crime é um trabalho, não um fim. Ele está literalmente roubando daqueles que roubaram seu ganha-pão, dá pra simpatizar com isso.

Tem romancinho?

Não, mas um monte de gente no filme quer pegar a Tia May. Na platéia também.

Tem o Spider-móvel?

Infelizmente não.

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Tem humor?

Claro, é um filme da Marvel, tem que ser bem-humorado, com destaque para a Inteligência Artificial do traje do Aranha, na voz da maaaaaravilhosa Jennifer Connely.

Qual a grande diferença para os outros filmes?

Basicamente todos os outros filmes tentaram contar a História do Homem-Aranha, esse conta UMA história do Homem-Aranha, não perde tempo ensinando o que todo mundo já sabe. É o pornozão que você clica na marca de 5 minutos pra já cair nos finalmentes, pulando os teretetês. Spider-Man: Homecoming é o filme que a gente sempre quis assistir, e ficava esperando começar mas tinham que mostrar o Tio Ben, a angústia do Peter, ele desenhando uniforme, a angústia do Peter, a origem do vilão, a angústia do Peter, a origem do vilão #2, a angústia do Peter…

Qual o próximo passo?

Despejar um caminhão de dinheiro e produzir um filme com esse Aranha do Tom Holland, o Deadpool do Ryan Reynolds e o Wolverine do Hugh Jackman.

É um filme adulto questionador que vai fazer você repensar a sua vida?

Não, caceta, é um filme de um sujeito de ceroulas combatendo o crime, um raro filme que agrada tanto ao pessoal dos gibis quanto ao pessoal que só conhece Universo Marvel pelo cinema e desenhos animados. É um filme para reiniciar uma franquia, sem os ganchos e bases que todo mundo já está de saco cheio.

Conclusão

Homem-Aranha: De Volta ao Lar faz jus ao título, mas não por ele ter voltado para a Marvel (mesmo que por empréstimo). O lar em questão é o coração dos fãs, É a NY de Stan Lee e John Romita e Steve Dikto e tantos outros. É o Aranha falastrão, é o Homem-Aranha da musiquinha, que nunca bate, só apanha. O filme é um ótimo gibi, mas não uma graphic novel. É um gibi mensal, com uma história excepcionalmente boa, mas acima de tudo um gibi. E esse é o lar do Homem-Aranha.

Cotação:

4,5/5 Spider-Hams (tirei 1/2 por causa da piada com blogueiros do Stark).

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