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Robôs vão roubar empregos? Sim, mas só dos menos qualificados

Relatório da Deloitte revela que robôs e IAs tomaram 800 mil empregos no Reino Unido, mas criaram 3,5 milhões de novas vagas especializadas; há poucos profissionais qualificados no mercado de trabalho.

7 anos atrás

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Muita gente acredita e defende o futuro apocalíptico de que os robôs irão roubar o emprego de todo mundo, em todas as escalas de produção. Exemplos não faltam, desde inteligências artificiais que publicam informes econômicos e calculam pagamentos de seguradoras a autômatos que identificam para onde cada pacote expresso deve ir. Mesmo Bill Gates demonstrou preocupação, ao sugerir a criação de um imposto sobre robôs.

Só que a realidade é um pouquinho diferente. Para começar robôs e IAs não são totalmente inteligentes (ainda), dependem de operadores e desenvolvedores humanos para cuidarem de suas funções e realizarem manutenção e diagnóstico. Por outro lado é inegável que um autômato representa uma grande economia para o setor industrial, uma máquina pode fazer o trabalho de vários operários e com isso a empresa economiza com salários, assistência médica, impostos e outras despesas.

Exemplos não faltam: a Amazon tem planos de mudar o abastecimento com seu mercadinho hipster (quase) sem funcionários, a Foxconn pretende substituir 30% de sua mão-de-obra por máquinas até o ano que vem, e até a rede de lanchonetes Wendy's anunciou a introdução de quiosques automatizados em mais de mil de suas unidades.

Uma pesquisa sugere que quase 50% da mão-de-obra nos Estados Unidos será não-humana daqui a duas décadas, mas o ponto comum em todas essas mudanças é de que o progresso irá afetar principalmente os menos qualificados, de trabalhadores braçais àqueles que desempenham tarefas monótonas e/ou repetitivas. Operações facilmente desempenhadas por robôs ou IAs deixarão de ser executadas por humanos a médio prazo, e quem não se adequar à nova realidade vai ficar desempregado.

A Deloitte emitiu um relatório (cuidado, PDF) destrinchando o real impacto da evolução tecnológica no mercado de trabalho no Reino Unido. Em média 800 mil funcionários foram demitidos mas a evolução gerou 3,5 milhões de novos empregos, cada um recebendo em média dez mil libras A MAIS do que os que foram dispensados. Há uma demanda por profissionais de TI especializados mas também por profissionais mais capacitados, capazes de desempenhar tarefas que exijam pensamento criativo e abstrato, bem como solução de problemas utilizando abordagens menos mecanizadas, funções que um robô não pode desempenhar. E sendo realista, um peão de fábrica também não.

A realidade hoje é que as vagas existem, mas não há profissionais qualificados. Muitas empresas estão dispostas a contratar profissionais e pagar bem mas poucos saem das universidades plenamente capacitados, e isso é uma realidade global: EUA, Reino Unido, União Europeia e até o Brasil sofrem com isso. A solução no entanto não virá a curto prazo: é preciso investir em educação de base para que os profissionais saiam para o mercado de trabalho com aspirações maiores do que apertar parafusos num chão de fábrica, visto que ele não conseguirá tal vaga pois ela já foi preenchida por um robô. Capacitar os desempregados e deslocá-los para áreas que a automatização ainda não dá conta, como atendimento ao cliente também é uma opção, e seria onde a ideia de Gates do imposto sobre máquinas se aplicaria.

É válido ter medo dos robôs roubando emprego, mas os mais afetados serão os trabalhadores menos qualificados e é preciso responder qualificando-os e cuidando para que as próximas gerações possam ser capazes de se enveredar em empregos de maior nível, deixando os demais para as máquinas.

Fonte: VentureBeat.

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