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Star Trek: Discovery – Resenha (com spoilers) do episódio final da 2a temporada

Leia nossa resenha (com vários spoilers) sobre o episódio final da 2a temporada de Star Trek: Discovery, que teve explosões e muitas viagens temporais

5 anos atrás

No post de hoje vou falar sobre o final da 2a temporada de Star Trek: Discovery, e o que ele significou para a série e também para a franquia como um todo. Como eu fiz uma resenha aqui no MB sobre o primeiro episódio, fechamos aqui o ciclo da série este ano, mas prometo que vamos gravar um episódio do nosso podcast Sala da Justiça sobre esta temporada, como gravamos um sobre a primeira.

Capitão Pike e a Número Um na ponte da Enterprise no meio da batalha

Aviso, esse post está cheio de spoilers de toda a segunda temporada, então se não tiver assistido tudo, prossiga por sua conta e risco. Em primeiro lugar, o episódio foi absolutamente recheado de ação e cenas de batalhas pra nenhum fã colocar defeitos, então palmas para o diretor Olatunde Osunsanmi, que já dirigiu cinco episódios na série, mas claramente se superou nesse.

Após o gancho do final do último episódio, a segunda parte de Doce Tristeza (Such Sweet Sorrow) começa com a Enterprise e a Discovery cercadas por naves da Seção 31, todas desertas de suas tripulações, controladas remotamente por Leland, que na verdade é a forma humana assumida pelo vilão cibernético Controle (pra quem não sabe do que se trata, vamos chamá-lo de um experimento de inteligência artificial que deu muito errado).

O Capitão Pike então nos apresenta um recurso da USS Enterprise que ninguém nunca desconfiou que existia, um esquadrão de pequenas naves, que são usadas para desviar a atenção e proteger a Enterprise e a Discovery. Leland, é claro, está preparado para isso, e lança uma quantidade ainda maior de drones que cercam as naves da Enterprise.

Michael Burnham se prepara para a missão que pode salvar a Discovery e o presente

Enquanto isso, Michael, Spock, Stamets e Tilly estão fazendo de tudo para preparar o traje temporal feito de acordo com as especificações do traje de Gabrielle Burnham, mãe de Michael, enquanto Jet Reno (vivida pela comediante Tig Notaro) está estabilizando o cristal do tempo, e mandando umas respostas atravessadas para Michael quando ela tenta apressá-la. Jet também manda uma resposta sonora pra Saru na ponte de comando.

Jet aliás foi uma das melhores surpresas dessa temporada, e a personagem acaba servindo como um alívio cômico necessário no meio de tantas explosões, fazendo o papel que normalmente seria de Tilly, que está muito ocupada tentando resgatar os escudos da nave. A engenheira incorpora como ninguém o espírito ranzinza e pessimamente humorado de um personagem excepcional da série clássica, o Dr. McCoy. É curioso pensar em um paralelo entre Jet e Scottie da série clássica, um é o oposto do outro.

A Rainha Po (um personagem que veio do episódio de Tilly em Short Treks) rouba uma nave e consegue descobrir um ponto vulnerável nos drones de Leland. Na hora em que o traje temporal fica pronto, a Discovery precisa baixar os escudos por alguns segundos para que Michael e Spock em um shuttle possam partir, e Leland aproveita para se teleportar para a nave para tentar obter os dados da esfera, e surpreende a todos na ponte de comando.

A Capitã Giorgiou antecipou essa possibilidade, e escondeu os dados, o que deixa Controle completamente ensandecido, e faz ele ter que ir atrás dela. Ela e a Comandante Nhan (Rachael Ancheril) enfrentam Leland em uma luta feroz em uma parte da nave na qual os controles de gravidade estão falhando, e que é muito bem feita. Michelle Yeoh está claramente em seu elemento nas cenas de luta, e é sempre um prazer vê-la em ação.

A primeira metade do episódio é praticamente um filme de ação, enquanto a segunda metade, parece um de ficção científica, e ao longo de uma hora consegue evocar momentos distintos de Star Trek, na TV e no cinema. É visível a homenagem a outras séries da franquia, a começar por Star Trek: Deep Space Nine, na explosiva batalha que abre o episódio, e também na chegada da cavalaria com os Klingons e os Kaminar, que rapidamente desenvolveram uma vertente guerreira depois da verdadeira revolução provocada por Saru e o Anjo Vermelho.

Spock se despede de Michael Burnham antes dos dois deixarem a Discovery

O ponto fundamental da temporada é o relacionamento entre Spock e Michael, que foi muito melhor explorado na tela nos últimos episódios do que vinha sendo nos primeiros. Na despedida dos irmãos, momentos de emoção, e ele explica a ela que encontrou seu equilíbrio nela.

Michael então dá a ele um conselho que será bem útil no seu futuro com seu futuro na Enterprise, para buscar alguém bem diferente dele, e confiar nessa pessoa, falando claramente de alguém como o Capitão Kirk, e abrindo o caminho para o Spock que conhecemos na série clássica.

Nesse episódio não faltaram viagens temporais, incluindo as incursões de Michael ao passado para colocar os sinais vermelhos, que chamaram a USS Discovery para buscar cada peça do quebra-cabeças montado por ela, e que reuniram as condições necessárias para que a Enterprise e a Discovery vencessem a batalha contra Controle. O interessante é que apesar do plano ser de Michael, ela só percebe isso no último instante, com a ajuda de Spock. Uma mão lava a outra.

No final das contas, o Anjo Vermelho era o tempo inteiro Michael, que se torna uma viajante temporal seguindo os passos (e os esquemas do traje) da sua mãe Gabrielle. Quando ela olha para o Anjo Vermelho no primeiro episódio, ela está vendo a ela mesma.

Daniels e o Capitão Archer em cena de Star Trek: Enterprise

As viagens no tempo foram motivo de alguma reclamação de alguns fãs, mas sinceramente, quem se incomoda com viagens temporais em Star Trek, não conhece bem a franquia, seja na TV (com Daniels e Archer em Star Trek: Enterprise e tantos outros em outras séries), ou no cinema (as baleias de Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa que o digam).

A minha sensação é que Discovery agora virou uma série bem parecida com Star Trek: Voyager, na qual a missão essencial é voltar para casa, claro que com muitas explorações ao longo do caminho. Falando da série em si, acredito que ela ao longo desta temporada ela definitivamente encontrou seu próprio caminho no universo Star Trek, e mais do que nunca, justificou a sua existência.

O motor de esporos, que poderia ajudar muito nessa volta, foi usado como câmera de execução do Controle por Giorgiou e não se faço ideia se está em condições de ser usado, e além disso, seu piloto Stamets ainda precisa se recuperar, mas isso parece que vai ser o caso, já que ele está nas melhores mãos para isso, as do seu parceiro Dr. Culber, que finalmente se encontra antes do final do episódio.

Cena da viagem temporal da USS Discovery cita os efeitos da cena do buraco de minhoca em Star Trek: O Filme.

Eu preciso também elogiar os responsáveis pelos efeitos especiais  dessa série. As aventuras temporais de Michael ficaram incríveis, e a visualização do que seria mergulhar viajar pelo tempo com seu traje, assim como a viagem da USS Discovery pelo portal temporal, que foi uma bela homenagem aos efeitos da Enterprise passando pelo buraco de minhoca em Jornada nas Estrelas: O Filme, ambos efeitos realmente sensacionais para uma série de TV.

Apesar de ter gostado muito do final, nem tudo são flores no episódio. Uma das poucas cenas bizarras foi a cena do tocante sacrifício da Almirante Cornwell, que é assistido por Pike de dentro do elevador, protegido por uma janelinha. Depois vemos que a explosão levou grande parte da parte frontal da seção disco da Enterprise, mas convenientemente, deixou o Capitão e seu elevador intactos.

O Pike de Anson Mount foi convincente o tempo inteiro, até na cena acima, e eu só tenho elogios ao ator por sua caracterização de um capitão íntegro, corajoso, leal e companheiro, alguém realmente digno do posto que ocupa. Que diferença um bom capitão não faz em uma série Star Trek, com todo o respeito ao Capitão Lorca do universo prime, que provavelmente foi morto pelo lunático que assumiu a cadeira na temporada passada.

Nessa temporada um grande erro da primeira foi corrigido, nós não só conhecemos melhor o resto da tripulação da ponte de comando da USS Discovery, mas também tivemos até a primeira morte entre eles, a da Comandante Airiam (que nessa temporada foi vivida por Hannah Cheesman), compensada pela volta do Dr. Culber.

No final das contas, a sensação é que a temporada entregou tudo o que tinha prometido, e o saldo foi muito positivo em relação a primeira temporada, que pra mim, foi uma verdadeira bagunça. Desta vez foi tudo muito bem planejado, e a série conseguiu misturar cenas de ação, efeitos especiais incríveis com muita reflexão, como tem que ser em se tratando de Star Trek.

Outro ponto positivo foi a resolução de praticamente todos os mistérios, apesar de ter criado uma nova dúvida na cabeça dos fãs, em que lugar do tempo eles foram parar? Como eles vão voltar para casa, no caso, o seu tempo? Pelo último sinal recebido, sabemos que eles estão sobreviveram, agora o resto, ficou pra próxima temporada, que só deve ser exibida a partir do ano que vem. O futuro da Discovery e seus tripulantes é um grande desconhecido, e isso é bem empolgante, pelo menos pra mim.

O final de Discovery resolveu todas as pontas soltas deixadas ao longo da temporada, e também as essenciais da própria série, que foram criadas na primeira temporada, como o motivo pelo qual nunca ninguém ouviu falar da USS Discovery, o motivo pelo qual Spock nunca comentou que tinha uma irmã de criação com seus amigos Kirk e McCoy, e como a tecnologia super avançada do drive de esporos tinha se perdido nos dez anos entre Star Trek: Discovery e Star Trek, a série original.

A partir de agora, os produtores contam com uma tela branca para criarem o que quiserem na terceira temporada, que tem o potencial para ser diferente de tudo o que vimos na franquia Star Trek até agora, pois é uma chance de vermos a tão esperada série Star Trek passada no futuro, algo que eu sempre quis assistir.

Alex Kurzman é o responsável por tomar conta de tudo que é relacionado a Star Trek para a CBS, e em uma entrevista ao THR, confirmou que a Discovery foi parar 950 anos no futuro, disse que está animado para colocar os elementos de Star Trek em um universo completamente novo. Ele também contou que apesar de Controle ter sido definitivamente derrotado, eles irão encontrar algo ainda mais ameaçador do outro lado do buraco de minhoca.

Apesar de ter deixado a maior parte das questões da temporada passada bem resolvidas, o final deixou pelo menos uma ponta solta, já que como a Capitã (e ex-Imperadora) Giorgiou partiu junto com a Discovery para o futuro, a série da Seção 31 perdeu sua principal personagem. É claro que ela pode ter ejetado antes do pulo temporal final, mas não parece ter sido o caso, já que ela ainda está aproveitando sua fria vingança contra Controle até o último instante, pra ter certeza de que ele realmente está morto.

Até pensei que a série tinha subido no telhado, mesmo depois de confirmada oficialmente, mas ela vai mesmo sair, e será estrelada por Michelle Yeoh, segundo o showrunner na entrevista que citei acima. Uma coisa é certa, Ash Tyler estará no elenco, já que como vimos no final, ele acaba assumindo a Seção 31 por ser basicamente o único membro sobrevivente. Eu sabia que a Giorgiou não iria perder a chance de sentar na cadeira de Capitã novamente.

Ao final do episódio, Spock assume seu posto na Enterprise, deixando a barba e a Discovery para trás

Ainda não sabemos o que o futuro reserva para Saru, Michael, Tilly, Stamets e Jet, mas além da próxima temporada, existe outra possibilidade que está animando os fãs, nova série sobre a Enterprise sob o comando do Capitão Pike, com a Número Um e Spock, que ao final do episódio chega sem barba e com o corte de cabelo característico na ponte da Enterprise, finalmente incorporando o personagem clássico que os fãs tanto adoram.

Os fãs não perderam tempo e já organizaram uma petição online clamando por uma série da Enterprise. Para a THR, o showrunner de Discovery falou de forma carinhosa sobre a possibilidade desse spin-off, dizendo que eles sempre estão ouvindo o que seus fãs querem, e que eles adorariam fazer uma série com a Enterprise, ao mesmo tempo sem confirmar nada. Se depender de mim (e de Anson Mount), essa série sai, e se não sair, será um desperdício de uma bela tripulação e elenco.

Star Trek: Discovery já foi renovada para a terceira temporada, na qual terá uma nova showrunner ao lado de Alex Kurzman, Michelle Paradise, que não por acaso é uma das roteiristas desses dois últimos episódios da segunda temporada de Discovery. Eu tenho esperanças bem altas na nova temporada da série, que só deve chegar em 2020.

Pra aguentar até lá, teremos a animação Lower Decks, os novos Short Treks (também em animação), além é claro da série do Capitão Picard.

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