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Na França imagens de pessoas retocadas digitalmente devem possuir selo de aviso

Lei francesa fixa normas para contratação de modelos e exige que fotos de pessoas que foram alteradas digitalmente possuam um selo indicando essa prática.

7 anos atrás

Photoshop, esse vilão mascarado. Claro que existem outros softwares de edição de imagem, mas a ferramenta da Adobe é a mais famosa. Até deu origem ao termo “photoshopar”. No meu caso, 11 em cada 10 clientes pedem para fazer alguma modificação em seus corpos via software. Elas sabem que a imagem resultante é uma mentira, mas não se importam. Mulheres de 70 anos pedem para retirar todas as rugas. O resultado é algo longe da realidade e todos que olharem para a foto vão saber isso, mas esse é o caminho para a felicidade. As vezes nos sentimos mais cirurgiões plásticos do que fotógrafos. Mas, tudo isso é criado pela mídia e pelo padrão de beleza construído socialmente.

Entretanto, o vilão não é o Photoshop. Truques de manipulação de imagem existem desde que a fotografia foi inventada. A maior parte das ferramentas básicas do Photoshop foram inspiradas em coisas que existiam nos laboratórios de revelação de filmes. Truques com maquiagem, luz frontal, desfoque de lente, sempre existiram para deixar nossas modelos mais bonitas (ou simplesmente se encaixarem no que era pedido). Então o problema não são as ferramentas, e sim as pessoas.

Muitos legisladores começaram a apresentar preocupações sobre a forma que essas imagens editadas ao extremo podem impactar na cabeça das pessoas (principalmente adolescentes) e começaram a criar regras. Itália, Espanha e Israel já possuem regulamentação sobre a forma que imagens publicitárias devem aparecer em revistas. Agora foi a vez da França. Começou a valer a lei francesa que vai regulamentar a forma que as pessoas são mostradas em revistas e até a contratação de modelos para campanhas e desfiles.

Agora, a modelo que quiser trabalhar em território francês, vai ter que apresentar um certificado médico atestando sua saúde física, destacando com especial atenção o seu índice de massa corporal (IMC). A primeira versão do projeto era mais rígida. Segundo essa versão prévia seria fixado um IMC mínimo para que a modelo pudesse trabalhar. Só que, depois de alguma pressão da indústria da moda, o IMC pode variar segundo as características físicas de cada modelo. A partir de outubro toda imagem publicada em revistas e sites franceses onde a modelo passar por algum tipo de retoque digital deverá trazer um aviso sobre a aplicação de software de edição.

Segundo Marisol Touraine, ministra francesa de Assuntos Sociais e Saúde, expôr os jovens a imagens normativas e irrealistas dos corpos leva a um sentimento de auto-depreciação e baixa auto-estima que pode afetar o comportamento relacionado à saúde. A anorexia afeta entre 30.000 a 40.000 pessoas na França, 90% das quais são mulheres.

Fonte: BBC

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