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LAAD 2017 — mísseis anti-navio são coisa nossa…

Continuando com um pouco do que vimos na LAAD 2017, as estrelas ocultas e discretas da feira: os mísseis anti-navio.

7 anos atrás

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Por milhares de anos o poder naval foi essencial. Mesmo na Europa, onde tudo é pertinho era muito mais rápido e barato mandar tropas de navio do que andando. Até a Segunda Guerra Mundial navios reinaram supremos, somente temendo outros navios e submarinos. Só que isso acabou no dia 26 de maio de 1941.

O encouraçado Bismarck havia tocado terror no Mar do Norte, ele dizimou com sua bateria de 8 canhões de 380 mm o encouraçado britânico HMS Hood, e parecia invencível até que depois de uma longa caçada foi cercado e afundado. A arma que desabilitou o Bismarck, o deixando sem condição de manobrar? O Fairey Swordfish.

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Um biplano, já completamente obsoleto em 1941, levando um torpedo mediano conseguiu romper as defesas do Bismarck e acertar o leme do navio, travando-o em um ângulo de 12 graus. Ele só conseguia navegar em círculos, e acabou alvo dos navios ingleses.

Hoje navios se preocupam muito mais com aviões do que com outros navios, e continuam essenciais para projeção de poder. Nada como alguns acres de território americano soberano na sua costa pra provocar um irresistível desejo de achar uma resolução diplomática pra um conflito.

Por isso mesmo eliminar navios está na mira de todo mundo, literal e metaforicamente. Na LAAD 2017 vimos muitos exemplos disso.

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A China estava presente com vários modelos, em destaque o C602, o C705 e o C602B.

O C602 é guiado por GPS, carrega uma ogiva de 300 kg e atinge alvos a 280 km de distância. O C705 é uma versão miniaturizada, com alcance de 140 km e ogiva de 110 kg de explosivos.

A Suécia apresentou o RBS15F-ER:

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Desenvolvido em 1985, ele vem sendo aprimorado desde então. Hoje leva uma ogiva de 200 kg, percorre 250 km até o alvo e tem capacidade totalmente independente, com radar próprio. Ele voa rente ao mar e identifica de acordo com sua programação inicial qual o alvo mais prioritário.

A Índia em um de seus muitos stands tinha o Brahmos, excelente míssil desenvolvido em conjunto com a Rússia.

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Ele tem alcance de 450 km e é capaz de levar uma ogiva de 300 kg, convencional… ou nuclear. E é baratinho, US$ 2,7 milhões a unidade, não sei em pacote de 6.

A francesa MBDA exibia em seu stand o bom e velho Exocet.

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O brinquedo tem a inegável vantagem de já ter sido testado e aprovado em combate. Pergunte ao HMS Sheffield.

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Por último mas nem por isso o pior, temos o MAN-SUP, terrível nome para o Míssil Anti-Navio de Superfície. Definitivamente deveriam contratar o cara que dá nome de operações da Polícia Federal para batizar o bicho.

Desenvolvido pela Avibrás, Marinha, MECTRON e outras, o Man-Sup é o primeiro míssil anti-navio criado no Brasil. Esse tipo de tecnologia não é exatamente exportável, então temos que cuidar de todo o trabalho pesado. E cuidamos.

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O Man-Sup é um projeto que começou efetivamente em 2008. A idéia era ter independência tecnológica, depois que a fabricante dos Exocet disse que não daria mais manutenção nos mísseis que a gente tinha, e ficamos chupando dedo (detalhes completos aqui).

Com alcance de 70 km e ogiva de 300 kg, o Man-Sup é acima de tudo uma escola. O objetivo: descobrir se conseguiríamos construir um míssil equivalente ao Exocet, inclusive no que se refere ao hardware de lançamento. Aparentemente fomos bem-sucedidos, o Man-Sup está em fase final de testes.

Não vi nenhum datilógrafo no stand da Avibras, isso talvez explique o sucesso do programa.

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