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John S. Chen, o homem que salvou a BlackBerry

CEO desde 2013, John S. Chen pegou uma BlackBerry à beira da falência e conseguiu coloca-la nos eixos; empresa cresce se focando no mercado corporativo.

7 anos atrás

Era uma vez uma companhia de dispositivos móveis que dominava o segmento de smartphones, principalmente por sua excelência em dispositivos com teclados físicos. Na época ninguém imaginava que um celular esperto seria voltado para o usuário comum, este que se virasse com os V3 e outros modelos mais simples.

Então em 2007 veio a Apple com o iPhone e a BlackBerry, na época RIM não considerou que ele seria um concorrente direto. Mike Lazaridis, co-fundador e então CEO da companhia canadense desdenhou do produto da maçã, dizendo que ele era "uma estação multimídia" enquanto seus smartphones "eram voltados para os power users". Mesmo a chegada do Android, que seguiu o formato do iPhone (à força) e abriu mão de teclados físicos não fizeram a BlackBerry mover um dedo em prol de se reinventar, continuou bradando aos quatro ventos que era referência no mercado empresarial e que a política BYOD (Bring Your Own Device) não daria em nada.

Bem, todo mundo viu o que aconteceu a seguir: com o passar dos anos a BlackBerry foi do topo ao nada, o valor de suas ações despencaram de US$ 140 (na época do lançamento do iPhone) para menos de US$ 6 em 2013, época em que a água finalmente atingiu o pescoço. Sem saída, um conselho se formou para tentar colocar ordem na casa e conter o sangramento (embora ainda gastasse com jatos enquanto demitia funcionários). no fim das contas, como as coisas continuaram complicadas o então CEO Thorstein Heins (aquele) foi afastado e deu lugar a John S. Chen, de perfil mais austero e por isso mesmo uma esperança para ao menos manter a empresa nos trilhos antes do fim, já que para evitar a falência muitos cogitavam a venda como única alternativa.

Só que Chen trabalhou nos últimos quatro anos não apenas para curar as feridas e sim para recuperar a saúde financeira de modo a manter a BlackBerry viva e independente, mesmo que para isso remédios amargos tivessem que ser receitados. O pior deles foi abrir mão da produção interna de smartphones, passando a licenciar a marca para parceiros como a TCL (dona da Alcatel) e a Infracom. O outro foi deixar de dar murro em ponta de faca, abandonar o BB10 (que era um bom SO, como o sucesso pontual do Passport demonstra) e abraçar o Android, ainda que isso representasse fazer da empresa canadense apenas mais uma OEM do robozinho. O diferencial no entanto foram suas soluções internas agregadas em lançamentos como o Priv e o DTEK50, como por exemplo o BlackBerry Hub e o foco em segurança, prometendo entregar smartphones seguros de verdade e corrigindo falhas do Android.

Deixando de se focar em smartphones, a BlackBerry voltou sua total atenção novamente para o mercado corporativo, oferecer soluções de software para companhias era sua área de excelência e agora ela investe em produtos da Internet das Coisas para Empresas, a chamada "Enterprise of Things" (EoT) incluindo wearables e outros dispositivos inteligentes, tudo rodando Android. Chen acredita que há lugar para gadgets seguros em todos os setores, e a BlackBerry espera suprir esse mercado crescente.

O resultado veio agora: embora tenha registrado um prejuízo de US$ 47 milhões no último trimestre e ainda enfrente resistência no mercado de software, o analista da RBC Dominion Securities Paul Treiber divulgou uma nota, explicando que a BlackBerry não integra mais sua lista de risco, apontando que a empresa está crescendo e se consolidando novamente no mercado. De fato Chen conseguiu salvar a companhia, ainda que ela não chegue nem perto da glória de outrora. E o CEO também não é imune a declarações desastradas, o que leva a BlackBerry a meter os pés pelas mãos de vez em quando.

A BlackBerry vai seguir de agora em diante como uma pequena OEM para o Android, ao mesmo tempo que tenta se firmar no mercado de software para grandes companhias e fornecer soluções seguras para a Internet das Coisas. Melhor do que ter ido para a vala, pelo menos.

Fonte: Business Insider.

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