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Após atentado, Reino Unido quer backdoors no WhatsApp e Apple Mensagens

Secretária de Assuntos Internos do Reino Unido diz que criptografia do WhatsApp é “inaceitável” e propõe a criação de uma backdoor para autoridades evitarem atentados; Apple também está na mira.

7 anos atrás

Não é segredo que a introdução da criptografia em aplicativos de mensagens instantâneas desagradou as autoridades em todo o mundo. O FBI ainda tenta recuperar o acesso que perdeu em apps e dispositivos e aqui no Brasil, o WhatsApp já foi bloqueado várias vezes por conta de dados que não possui (diz o Facebook), o que originou algumas sugestões controversas para remediar tal situação.

O atentado ocorrido em Londres na última semana colocou ainda mais lenha na fogueira ao ser revelado que Khalid Masood, identificado como o autor aos ataques nos arredores do Parlamento Britânico acessou o WhatsApp dois minutos antes de jogar seu carro contra os transeuntes, matando quatro pessoas antes de ser devidamente abatido pela polícia.

A secretária para Assuntos Internos do Reino Unido Amber Rudd deu declarações quanto à criptografia ponta a ponta em apps de mensagens prejudicarem o trabalho das autoridades, e deixou bem claro que tal situação não será mais aceita no país. E ela criticou não apenas o Facebook, empresa responsável pelo WhatsApp como deu a entender que outros apps similares também terão que se adequar.

Eis o que Rudd disse sobre o WhatsApp:

(A criptografia) é completamente inaceitável, não deveriam haver lugares para os terroristas se esconderem.  Nós precisamos garantir que organizações como o WhatsApp, e há vários outros como ele, não forneçam locais secretos para terroristas se comunicarem”.

Basicamente, o que Rudd propõe é a criação de uma backdoor no WhatsApp que permita às autoridades monitorarem o fluxo de mensagens livremente, identificando potenciais criminosos e evitando dessa forma futuros crimes e atentados. A questão é que na criptografia ponta a ponta o Facebook (em tese) não tem como ler as mensagens, que são protegidas na saída e liberadas no aparelho destinatário através das chaves, algo que a rede social não possui. Hoje diversos apps de mensagens protegem as conversas de seus usuários como o Telegram, o Viber e outros. Isso sem falar na proteção geral dos dispositivos Android e iOS.

Rudd também fez uma declaração um tanto confusa sobre a Apple, dando a entender que a maçã também deverá se sujeitar e permitir o acesso das autoridades a seus aparelhos; é possível que o app Mensagens seja o alvo:

Se eu fosse conversar com Tim Cook, eu diria que isso (garantir o acesso às autoridades) é algo completamente diferente. Não estamos dizendo ‘abra’, nós não queremos ‘entrar na nuvem’, nós não queremos nada disso. Mas nós queremos que eles reconheçam a responsabilidade que têm de se adequar a governos e agências da Lei quando há uma situação envolvendo terrorismo. Nós faríamos o acesso através de acordos minuciosos e legalmente cobertos. Mas eles não podem dizer que nós somos é uma situação diferente”.

A questão é que uma vez aberta a porta não dá para fechar, um backdoor criado para as autoridades pode e será explorado por hackers, e mais: mesmo que as intenções do governo sejam “nobres”, o que impediria as agências (estou olhando para você, GCHQ) de passarem a utilizar a brecha para outros fins? E mais, uma vez quebrada a segurança, quem tem más intenções simplesmente deixaria de usar tais apps e migraria para outros mais seguros, deixando o usuário comum, que não tem nada a ver com a história com uma ferramenta quebrada e insegura, e sem opções.

A membro do Parlamento Nadine Dorries foi mais direta ao acusar Apple e Facebook, através do WhatsApp de serem coniventes (CO-NI-VEN-TES!) com o terrorismo:

Claro, ela ter tuitado do iPhone é só um detalhe…

O fato é que tal discussão ainda continuará por muito tempo, enquanto as empresas baterem o pé e se recusarem a cooperar, o que acho a medida mais correta. Quanto às agências, elas que se virem para desenvolver ferramentas para furar a criptografia, e que sejam tão cascudas e caras que justifiquem seu uso apenas em situações muito específicas.

Fonte: BBC.

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