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Customizações? Para a surpresa de ninguém, o Nintendo Switch usa um Tegra X1 padrão

Dissecação profunda do chip do Nintendo Switch revela uma die nVidia T210, que é basicamente um Tegra X1 padrão utilizado no novo console Shield Android TV.

7 anos atrás

Carta ao leitor do MeioBit Games Brasil: o conteúdo a seguir não vai ser muito original. O tio Laguna já havia escrito coisas parecidas antes mas ainda tinha gente, inclusive ele, com a remota esperança de que seria diferente. A culpa é desse mesmo autor, claro: quando o Switch ainda era chamado de Nintendo NX, o tio especulou em julho do ano passado que o console seria equipado com o Tegra X2, um suposto SoC da nVidia que até hoje não deu as caras no mercado de forma oficial. No vazamento das especificações oficiais em dezembro de 2016, todos os fatos indicavam que o Switch usaria o Tegra X1 mesmo mas sempre havia aquela pontinha de esperança de que a Nintendo nos surpreenderia no hardware.

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Para economizar, a Nintendo fez do protótipo do Switch a primeira versão do kit de desenvolvimento para o console final (crédito: Nintendo / divulgação)

Em janeiro, a Nintendo fez um grande evento para apresentar o novo console ao mundo, incluindo detalhes como o preço final e a data de lançamento. Durante a ocasião, a Nintendo disse que teria levado mais de 500 homens-ano para a nVidia customizar o chip do Switch. Já a camaleão verde de Santa Clara preferiu se limitar a dizer que o novo console da Big N teria um “processador escalável de alta-eficiência que inclui uma GPU nVidia baseada na mesma arquitetura das placas de vídeo GeForce topo de linha”.

No fim, todas essas palavras foram manobra argumentativa para fazer bonito no press release. E esconder a realidade que alguns não queriam aceitar.

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Placa-mãe do Nintendo Switch (crédito: iFixIt)

Após o lançamento oficial do Nintendo Switch, houve o tradicional desmonte do aparelho pelo iFixIt. Por fora, o processador na placa-mãe parece uma revisão do utilizado no console Shield Android TV de 2015. Por dentro, só daria para saber quando o Chipworks fizesse a tradicional dissecação do chip.

E foi então que a equipe do Chipworks, agora na nova casa TechInsights, passou o ácido para saber o die que havia por baixo da suculenta carne do Switch. Eis o resultado:

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nVidia T210 padrão, die encontrada no Nintendo Switch (crédito: TechInsights)

Para bom entendedor, meia palavra basta: essa die (falar “pastilha de silício” não é tão prático) acima é nada menos que o nVidia T210 padrão, litografado em 20 nm na TSMC. É o mesmíssimo chip encontrado no novo console Shield Android TV, que é basicamente uma versão slim do console da nVidia lançado em 2015.

Isso é bom ou ruim?

Bom, os tais 500 homens-ano podem ter servido para adaptar a parte de software e kits de desenvolvimento para utilizar o Tegra X1 apenas para jogos. É bem típico da Nintendo fugir de comparações de desempenho com os concorrentes pois prefere não mais entrar na guerra de fotorrealismo que Sony e Microsoft travam geração após geração, até porque um hardware mais poderoso custa mais. Provavelmente a nVidia tinha toda uma linha de produção do Tegra X1 dando sopa e fez um bom preço para a Nintendo. E esta deve ter exigido acesso total ao hardware da nVidia.

A Nintendo quis seguir à risca a filosofia Gunpei Yokoi de preferir (re)utilizar hardware antigo (leia-se: consolidado e bem conhecido) a investir pesado em equipamento no estado da arte. E é bom lembrar que a grande diferença estrutural externamente visível entre a arquitetura Maxwell e a Pascal é que esta é voltada para chips gráficos litografados no processo de 16 nm.

No fim aquela tabela de combinações das configurações de performance do console estava certa, afinal.

Modos ↓ Freqüência de operação da CPU Freqüências de operação da GPU Velocidades disponíveis no barramento do controlador de memória
Switch portátil 1,02 GHz 307,2 MHz 1.331 ou 1.600 MHz
Quando no dock… 1,02 GHz 307,2 MHz ou 768 MHz 1.331 ou 1.600 MHz
As informações na presente tabela são a especificação final de combinações das configurações de performance, e modos de desempenho que os aplicativos poderão usar no lançamento.

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O Tegra X1 foi originalmente feito para dispositivos que ou seriam ligados na tomada ou teriam baterias com cargas bem generosas. Seu clock máximo é de 2 GHz na CPU e 1 GHz na GPU. O Nintendo Switch conta com bateria pouco maior que a de um smartphone, então no modo portátil acaba tendo que sacrificar boa parte do desempenho gráfico, que ficaria limitado aos 307,2 Gflop/s na pior das situações. O truque da Nintendo e da nVidia foi fazer essa transição entre o modo Dock e o modo portátil da forma mais transparente possível.

Um exemplo bem interessante é o do Legend of Zelda: Breath of the Wild, que usa resolução dinâmica para manter a taxa de frames o mais constante possível. Embora no modo Dock a saída seja 1080p, a resolução nativa do título é entre 900p e 810p dependendo da situação. Já no modo portátil o novo Zelda usa de 720p ou mesmo 648p para manter o mesmo framerate do modo Dock.

O grande mistério agora é se os quatro núcleos mais simples, Cortex A53, são de facto utilizados ou não. Provavelmente são ignorados pelo software, pois numa máquina voltada para jogos não faz sentido utilizar núcleos centrais de baixo desempenho (e consumo), mesmo presentes no hardware.

Sabemos que dar falsas esperanças não é o que se espera de um blog opinativo com o peso e a tradição do MeioBit Games Brasil. Foi uma atitude isolada e injustificada de um fã da Nintendo que não corresponde de maneira alguma à ética profissional do MeioBit. Portanto, o tio Laguna pede ao público as sinceras desculpas pelo ocorrido.

Fonte: EuroGamer.

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