Ronaldo Gogoni 6 anos atrás
Não sei como é hoje, mas ao menos na minha época o assunto dinossauros não era prioridade no ensino, apenas uma menção nas aulas de ciência. Muita coisa do que aprendi na época foi lendo livros extracurriculares, enfurnado na biblioteca municipal. Ainda assim algo era notório: poucos eram os materiais que mencionavam os grandes lagartos brasileiros.
O álbum de figurinhas do chocolate Surpresa acima (que vai voltar em forma ovo de Páscoa mas como a ordem é faturar, dividiram o álbum entre três versões da guloseima e você vai ter que morrer em R$ 150 para ter tudo. Malditas Memberberries) trouxe alguns exemplares de dinos brasileiros, mas isso foi em 1993. De lá para cá poucas foram as iniciativas voltadas para o público geral a fim de apresentar tais criaturas.
É por isso que a exposição de Realidade Virtual Dinos do Brasil, instalada no Catavento Cultural em São Paulo é tão importante: é uma forma de revelar para a criançada (e para muitos adultos) as fantásticas criaturas que habitaram nosso território há milhões de anos.
A demonstração, um passeio de 30 minutos pelo Brasil da Era Mesozóica foi concebida pela VR Monkey, uma startup fundada em 2015 por Keila Matsumura e Pedro Kayatt, ambos engenheiros de computação formados na USP. A ideia por trás da empresa é utilizar a Realidade Virtual para a criação de conteúdos interativos educacionais, principalmente voltados para as crianças. E se tem uma coisa que todas elas, sem exceção, adoram são dinossauros. Logo, por que não juntar o útil ao agradável e demonstrar quais criaturas povoaram nosso país no passado?
A exposição ocupa uma sala de 100 metros quadrados e acomoda os visitantes do museu de maneira bem confortável. Cada um terá um Oculus Rift à disposição e uma vez iniciada a apresentação, irá visitar diversas localidades do Brasil onde registros fósseis foram encontrados nos períodos Triássico e Cretáceo (há uma grande lacuna no Jurássico brasileiro, com uma quase completa ausência de registros).
O visitante será levado em uma máquina do tempo, onde o narrador apresenta diversas espécies de dinossauros equivalentes aos grandes lagartos que povoaram outros continentes e também o ambiente, completamente diferente de hoje. O território paulista, por exemplo era um gigantesco deserto de dunas e o sertão nordestino abrigava uma grande floresta.
A instalação utilizou recursos da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura (a primeira do tipo, consumindo R$ 607 mil) e teve patrocínio de empresas como Intel (responsável pela sessão especial fechada à impresa da qual participei), Ambed e Fundação FAPESP, entre outras. A visitação pública é aberta durante os fins de semana e nos demais dias é fechada a grupos, principalmente a visitação escolar.
Após a sessão de imprensa um grupo de crianças aguardava ansiosa por sua vez, e embora estivessem dentro da faixa etária recomendada (mínimo de 9 anos) algumas ficaram realmente apavoradas com as criaturas passando em sua frente. Mas no geral curtiram bastante.
A VR Monkey tem uma excelente ferramenta educacional nas mãos; o intuito da startup é prover exibições principalmente em museus, mas não descartam a ideia de no futuro fornecerem um demo, uma "palhinha" para ser degustada em PCs e dispositivos como o Gear VR principalmente para atrair mais e mais gente, o que é excelente.
Agência FAPESP — Sala de realidade virtual dá vida aos dinossauros que viveram em terras brasileiras
Serviço
UPDATE: ao contrário do afirmado antes a instalação consumiu R$ 607 mil, com o apoio da Intel e Ambev e não R$ 3 milhões; a VR Monkey foi autorizada a captar R$ 2,9 milhões pela Lei Rouanet para o projeto Dinos do Brasil, mas tal quantia não foi necessária. O texto foi alterado.