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Bill Gates sugere a criação de um “imposto sobre robôs” para combater o desemprego

Co-fundador da Microsoft acredita que robôs que roubarem empregos de humanos devem recolher impostos para financiar programas de capacitação e treinamento.

7 anos atrás

Bill Gates jogou para o alto todas as preocupações que tinha com a Microsoft e hoje limita-se apenas a ser o Grilo Falante no ombro do CEO Satya Nadella, atuando como conselheiro de tecnologia. Seu foco hoje está exclusivamente em fazer do mundo um lugar melhor através da Bill & Melinda Gates Foundation em diversas frentes, desde promover a expansão de distribuição e desenvolvimento de novas vacinas (e comprando uma briga ferrenha com os anti-vaxxers de plantão) ou fomentando o desenvolvimento de novas tecnologias de privadas e camisinhas.

Agora Bill voltou seus olhos para um cenário que anda preocupando muita gente: o aumento do desemprego causado pela adoção cada vez maior de robôs e IAs. E para ele isso poderia ser resolvido com um remédio bem amargo: impostos.

Isso não é uma afirmação exagerada ou apocalíptica: os robôs de fato irão substituir os humanos a médio prazo em diversas frentes de trabalho, desde as mais óbvias (como linhas de produção como já ocorre hoje) a outras mais ou menos especializadas. Um bom exemplo é o Watson, a super IA da IBM que irá substituir 34 funcionários de uma seguradora japonesa; já a agência de notícias AP já usa algoritmos para publicar informes econômicos desde 2015.

No entendimento de Gates, um cenário onde robôs roubem o emprego de humanos e os deixem em uma situação de severa desvantagem competitiva não é saudável para ninguém e propôs uma alternativa um tanto controversa para remediar tal situação:

Hoje, se um humano produz uma receita de US$ 50 mil numa fábrica aquele montante é taxado; se um robô é capaz de fazer a mesma coisa, seu trabalho deve recolher impostos na mesma proporção.”

Isso mesmo: Gates defende a criação de um imposto a ser recolhido pelos fabricantes e donos de robôs, nos casos em que os mesmos roubarem o emprego de humanos e a carga tributária deveria ser a mesma cobrada um funcionário humano, o que simplesmente mata o caráter de economia em automatizar as linhas de produção: se não há vantagem alguma em ter uma máquina ao invés de um humano se a empresa terá que desembolsar a mesma quantia em impostos todo mês, por que migrar?

Gates acredita que as empresas não têm o direito de embolsar essa grana, que deveria ser revertida para programas de capacitação de funcionários que perderam seus empregos para robôs e IAs; dessa forma eles poderiam ser realocados no mercado de trabalho em áreas como serviço social, saúde, segurança, educação e outros que causem impacto imediato na comunidade, onde a mão-de-obra humana ainda é essencial.

Ainda que haja uma preocupação real por trás disso (um estudo da Universidade de Oxford estima que 50% de toda a mão-de-obra do planeta será realizada por robôs até 2033) as chances de empresas e fabricantes de autômatos concordarem com a taxação do trabalho de robôs é ínfima, para não dizer nula. Tal ação levaria a discussões intermináveis sobre se é correto privar empresas de tais impostos (governos odiariam isso, fato) enquanto grandes companhias, que já economizam muito hoje bateriam o pé contra a ideia de recolher direitos trabalhistas de máquinas para capacitar desempregados. Verdade seja dita, o capitalismo é cruel.

É uma discussão interessante de fato, que inevitavelmente será colocada em pauta mais cedo ou mais tarde. Bill Gates só apontou para o óbvio.

Fonte: Quartz.

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