Ronaldo Gogoni 7 anos atrás
A Samsung pagou todos os pecados com o Galaxy Note7. O foblet explosivo derrubou os lucros da companhia e a fez virar motivo de piada, por pura ganância de seus executivos que queriam um aparelho superior ao iPhone 7/7s em tudo. Conclusão: a ausência da folga de segurança para a bateria (que deveria ser de 0,5 mm para permitir sua expansão natural) não existe, logo cada dispositivo é uma bomba em potencial. Sem exceções.
O problema reside agora no fato de que há um bando de teimosos que se recusam a devolver o aparelho, algo que a Samsung contornou a princípio na Nova Zelândia: um update final que corta o acesso às redes móveis de maneira irremediável, transformando cada Note7 no país em um tablet Wi-Fi e limitando em muito o seu uso.
Ainda assim a Samsung não considera a medida suficiente, com razão: haverão pessoas que continuarão o utilizando mesmo de forma tão limitada, ainda que apenas em casa ou acessando redes abertas e com isso colocando em risco a si mesmos e outras pessoas. Logo a companhia sul-coreana decidiu que enough is enough, e chegou a hora de acabar com esses motherf#%$ing explosivos de uma vez por todas.
Na última sexta-feira a Samsung emitiu um comunicado anunciando uma atualização final para o Note7, que será liberada globalmente a partir do dia 19 de dezembro. Em até 30 dias todos os dispositivos problemáticos ainda ativos já estarão rodando o update que faz uma coisa muito simples: ele impede o gadget de ser carregado, obrigando-o a permanecer para sempre na tomada. Fora dela ele se converterá em nada mais do que um peso de papel. MÓR-REU, c'est fini, Game Over.
Uma vez que os últimos Note7 se converterem em tijolos, os consumidores não terão outra opção a não ser despacha-los de volta para a Samsung, requerer seu incrível bônus de US$ 100 e solicitar a devolução integral do dinheiro ou uma substituição. A única forma de fugir da atualização é mantendo o Note7 offline pelo resto da vida.
Ou ser um cliente da Verizon.
A operadora norte-americana resolveu frustrar os planos da Samsung e numa atitude inacreditável decidiu bloquear a atualização, não a repassando para seus clientes. A desculpa?
“A Verizon não distribuirá essa atualização por conta do mal que isso poderá causar a donos do Galaxy Note7 que não possuam outro dispositivo à mão. Nós não distribuiremos uma atualização de software que elimine a possibilidade de usa-lo como um dispositivo móvel às vésperas das festas de fim de ano. Nós não queremos impossibilitar nossos clientes de contactar a família, responsáveis ou profissionais médicos em uma situação de emergência”.
Curioso a Verizon mencionar médicos, pois quando (e não se) seus aparelhos começarem a explodir não vai dar para contacta-los de qualquer forma.
Meus dois centavos: a Verizon está sendo extremamente mesquinha, não querendo ser obrigada a ressarcir os seus clientes seja com o dinheiro ou com novos aparelhos (e olha que a Samsung reembolsaria a operadora) para não prejudicar seus negócios no fim do ano. Em suma, a operadora está sendo conivente ao proteger aqueles que ainda não se desfizeram do foblet-bomba e não quer arcar com os custos iniciais. Embora reforce a necessidade dos usuários que devolvam os aparelhos, ela mesma não vai força-los a fazê-lo.
Não é questão de alguém querem andar com uma granada sem pino no bolso, e sim a possibilidade real que o Note7 tem de ferir não só o dono como outras pessoas ao seu redor. A Verizon deveria entender que se trata de uma questão de segurança pública, ao invés de jogar com a carta da “incoveniência para os clientes” e se eximir da responsabilidade de retirar tais gadgets do mercado de vez.