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Rapidinhas de Pokémon GO: updates, hackers e barrigas

Updates que foçam o jogador a não caçar pokémons ao volante, Twitch banindo hackers e barrigas jornalísticas: este é o giro de notícias de Pokémon GO.

7 anos e meio atrás

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E lá vamos nós para mais um giro de notícias de Pokémon GO: hoje temos desde updates que ensinam o jogador a ser responsável no volante a barrigas jornalísticas imputando ao game, uma culpa inexistente. Peguem seus bonés, estoquem suas pokébolas, não esqueçam sua pokédez e não saiam de casa sem um set de roupas de baixo limpas. *Sra. Ketchum mode on*

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Se for dirigir, não cace pokémons

Já dissemos antes sobre os perigos de se dirigir e jogar ao mesmo tempo, mas como o pessoal não se emenda a Niantic Labs resolveu fazer algo a respeito. O update para a versão 0.33.0, lançado ontem introduz novas notificações que aparecem quando o app detecta uma velocidade de deslocamento maior que 16 km/h, que é quando ele infere que você está em um veículo e não a pé (e para de contabilizar distância percorrida, necessária para se chocar ovos).

A partir de agora, sempre que você estiver andando muito rápido o game vai perguntar se você não está dirigindo, e só liberando a jogatina em caso de uma confirmação positiva. É evidente que isso ainda depende da boa índole do jogador para funcionar, mas aproveitando o ensejo deixo o recado: pensem nos outros ao menos uma vez.

Um carro mal guiado é uma arma e pode causar estragos sérios; já vi acidentes causados por distrações como cigarro e mudança de estação no rádio, portanto se for dirigir feche o app. Todo mundo agradece.

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A atualização também matou a charada de por que a Niantic caçou serviços de terceiros que ofereciam tracking de pokémons nas proximidades dos jogadores. Além de sobrecarregar os servidores o estúdio estava refinando a opção original que fora removida, e está agora reaparecendo remodelada em algumas localidades. Cidades como São Francisco exibem fotos dos lugares em que os monstrinhos estão (nos demais lugares a UI é substituída por uma imagem de grama) e enquanto funcionando bem, é uma ferramenta bem interessante.

Evidentemente que a novidade não será liberada para todos logo de cara, com o tempo mais e mais cidades devem ser introduzidas no banco de dados. Portanto aguardem, e aproveitem para atualizar o game.

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Twitch desce o banhammer nos hackers

Já o Twitch está cortando um dobrado para dar um jeito nos engraçadinhos transmitindo partidas de Pokémon GO em sua plataforma. Como a versão mobile de seu app não possui funcionalidade de streaming é evidente que todos os casos na rede são oriundos de hacks, com os jogadores utilizando o .apk no desktop com o auxílio de VPNs e spoofers de GPS, enganando o game que acredita estar rodando em um celular em movimento.

Como isso é trapaça da grossa (a Niantic está inclusive banindo esses jogadores, pois muitos usaram tais macetes aqui no Brasil e quando o game estreou oficialmente os engraçadinhos já dominavam ginásios com pokémons de níveis extremamente altos) o Twitch já deixou claro que quem for pego tentando aplicar um migué (ou seja, 100% dos casos) será chutado para fora da plataforma sem choro nem vela. De minha parte acredito que uma união com a Niantic a fim de cruzar os dados dos usuários banidos seria algo muito interessante, já que todas as transmissões online são oriundas de hacks. Menos presepeiros jogando e tentando ser malandros.

Mortes indiretas e barrigas

Embora não ligadas diretamente e não serem o motivo, Pokémon GO se envolveu em pelo menos dois casos de mortes recentes. A primeira aconteceu no sábado, quando a autônoma de 47 anos Maria Raimunda Ferreira Pereira foi atingida por uma bala perdida e morreu após um tiroteio em uma festa no bairro de Mauazinho, em Manaus.

Tudo aconteceu por conta de um roubo de celulares. De acordo com a polícia os suspeitos, uma policial militar de 34 anos, um militar das Forças Armadas de 22 e um homem de 18 teriam sido assaltados por dois homens em uma moto enquanto caçavam pokémons no calçadão do Distrito Industrial, na Zona Sul da capital amazonense. Na sequência os três, segundo uma dica foram ao bar onde a festa ocorria, porque os indivíduos se encontravam lá. Testemunhas dizem que um dos suspeitos sacou uma pistola, deu quatro tiros para o alto e descarregou o restante nas pessoas na festa, acertando Maria Raimunda e dois outros. Socorrida, ela morreu no hospital. Os dois ladrões fugiram e os três suspeitos foram presos.

Já o segundo caso ocorreu em São Francisco. Calvin Riley, um estudante de 20 anos e jogador de beisebol foi alvejado nas costas e morreu enquanto estava jogando Pokémon GO. Segundo relatos o suspeito atirou contra as pessoas presentes em um Pokéstop, o que pode caracterizar um ataque planejado aos jogadores. No entanto ninguém foi preso e a possibilidade de latrocínio foi descartada, já que nada foi levado.

O caso é confuso, não se sabe se o atacante tinha uma rusga com Riley ou se foi fruto de um homicídio sem sentido. De qualquer forma ambos os casos (o primeiro, com certeza) não foram tragédias causadas por ou em decorrência de comportamentos associados ao game dos monstrinhos, o que não foi o caso abordado a seguir.

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O termo "barriga" é um jargão jornalístico para quando veículos de mídia divulgam informações equivocadas, sejam por falhas na apuração ou por tentativas de prever o futuro, como foi o clássico "Dewey Defeats Truman", o que faz o Chicago Tribune ser motivo de chacota até hoje mesmo 68 anos depois da gafe.

Não vou me estender muito, o Cardoso já explicou o caso muito bem e deu exemplos tanto da eleição do papa Francisco como o do avião do Eduardo Campos. Sigamos em frente e falemos da barrigada do G1, que colocava Pokémon GO como pivô de uma tragédia:

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A matéria original diz que dois garotos (Arthur Bobsin, de 9 anos e João Pedro, de 5) pegaram um barco e foram se aventurar no rio Tramandaí, na cidade de Imbé, RS para caçar pokémons. Infelizmente Arthur caiu do barco e morreu afogado, e num primeiro depoimento João Pedro afirmou que ambos estavam jogando Pokémon GO. Embora ele tenha mudado a versão e desmentido o fato depois, a polícia teria apreendido um celular que passaria por uma averiguação.

Tal chamada é suculenta demais. Inferir culpa da morte de uma criança a um game extremamente popular é música para os ouvidos de muita gente, de religiosos a pessoas chatas que gostariam muito de banir o app do país, processar a Niantic, a The Pokémon Company, a Nintendo e até mesmo aprontar alguma contra os jogadores. FUD no máximo, games matam criancinhas, etc etc etc.

Isso se o caso não sofresse uma curiosa reviravolta: segundo Márcio Azzi, o pai de João Pedro diz nenhum dos garotos sequer tinha um celular na ocasião, e tal informação foi confirmada (em partes) em nota oficial da Polícia Militar do estado do Rio Grande do Sul no início desta tarde. Ops.

Segundo a declaração, boatos nas redes sociais ajudaram a criar a ideia de que Pokémon GO era o responsável e tal informação acabou parando no B.O., mas no entanto Arthur não tinha um smartphone. Contudo, João Pedro de fato portava um One Touch Pixi da Alcatel (o que desmente a declaração do pai), só que o game não estava instalado.

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Arthur Bobsin se afogou ao cair no rio; o corpo já foi encontrado

É claro que há inúmeras coisas erradas nesse caso. Em primeiro lugar os garotos não poderiam entrar em um barco sem supervisão. Segundo, a área era fechada e mesmo assim os pequenos entraram. Há uma série de fatores e outros culpados por essa tragédia e mesmo que Pokémon GO estivesse envolvido, o que parece não ser o caso a responsabilidade por crianças é dos pais ou outros adultos. E não de um app.

De qualquer forma é fato que essa história ainda terá mais capítulos, porque a mídia vai continuar em cima e fazendo presepadas. Estamos de olho.

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