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FTC vai barrar ads de influenciadores maquiados como posts espontâneos

Acabou a farra: a FTC vai processar influenciadores que publicarem postagens publieditoriais como testemunhos espontâneos.

7 anos e meio atrás

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Créditos: MovieClips

A farra dos “testemunhos espontâneos” na internet acabou, ao menos nos EUA. A Federal Trade Association (FTC) havia imposto regras pesadas anos atrás a sites e blogs que publicam reviews e análises de produtos quanto suas relações comerciais com as empresas (em resumo, eles são obrigados a informar quando o post foi pago, seja com dinheiro ou brindes), e na ocasião já mirava também em celebridades ou influenciadores em geral, mas até o momento estes podiam continuar fazendo posts em redes sociais e vídeos dizendo o quão incríveis são os produtos que usam, sem deixarem claros se receberam algo em troca para fazê-lo ou não.

Bem, não mais.

A prática é bem comum, influenciadores com alto potencial de viralização, em sua maioria celebridades e YouTubers famosos são procurados por empresas para veiculares testemunhos sobre seus produtos, entretanto o acordo prevê que o material (seja um tweet, um post no Facebook, um vídeo, uma foto no Instagram, etc.) não possa em momento algum indicar ao espectador que ele é um ad, um publieditorial que foi produzido mediante remuneração. Não importa se com grana ou brindes, o importante é que houve uma troca que prejudica a opinião do formador de opinião.

Este não é um fenômeno muito recente. Embora todos saibamos que a Ellen não usa smartphones Samsung há casos em que uma celebridade promovendo um determinado item, da forma como for veiculado pode confundir aqueles que vêem a postagem, dando a entender que o ad se trata de um depoimento autêntico. A verdade é que no mercado publieditorial pouco ou quase nada é espontâneo, mesmo vídeos. Tudo segue um roteiro, um script e parecer autêntico e imparcial no mercado de publicidade é essencial. Um bom exemplo é o programa Top Gear, que ao menos no tempo dos três patetas seguia um script rigoroso para dar ao show um ar de informalidade. E funcionava.

No caso dos ads, é normal vermos postagens em diversas redes sociais de atores, cantores, YouTubers e outros influenciadores destacando diversos produtos e os maquiando como posts autênticos, sem a menor indicação de propaganda paga. A FTC nunca viu isso com bons olhos, só que o caso envolvendo a Warner Bros. e diversos YouTubers, PewDiePie incluso foi a gota d'água.

A partir de agora a FTC vai cair matando em influenciadores que veicularem ads sem identificação. Posts em redes sociais deverão deixar claro o tempo todo que a publicação é um publieditorial, com uso de hashtags como #ad, #sp, #sponsored e similares. Atrações do YouTube deverão incluir um disclaimer alto e claro, não mais apenas na descrição (que não é acessível em todas as plataformas) e serão forçados a informar o espectador que aquele vídeo é um publi. Quem não cumprir as regras será visitado pelo processinho.

Enquanto empresas e formadores de opinião possam e irão reclamar, não há muito o que fazer. Influenciar a percepção dos seguidores com vídeos e postagens que se apresentam como opiniões isentas mas na verdade são ads pode ser o truque mais velho do mundo, mas a FTC não quer saber e irá brigar com quem for de modo a estes passarem a veicular notas altas e claras de quando foram remunerados para produzir suas mensagens. Ao consumidor é bom, pois saberão todas as vezes quando aquele produto endossado pela Katy Perry ou um game avaliado pelo PewDiePie são bons de verdade, ou quando estes foram pagos para fazer tal afirmação.

Fonte: Bloomberg.

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