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Um zootropo unindo arte e ciência

Zootropos são a mais antiga forma de animação mecânica, um truque simples que ainda é usado. Agora um artista japonês resolveu usar essa técnica de quase 200 anos em conjunto com impressoras 3D, e ficou… lindo.

8 anos atrás

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Zootropos são mecanismos que reproduzem animações rudimentares, há indícios de que uma versão beeem primitiva tenha sido criada no Irã 5.000 anos atrás, mas a versão moderna só surgiu em 1833. O Zootropo funciona exibindo através de uma série de frestas imagens estáticas, completas e levemente diferentes uma das outras. Ele é basicamente uma versão mundo real do GIF animado.

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Ele usa o velho truque da Persistência da Visão. Um dos maiores argumentos criacionistas para invalidar a Teoria da Evolução era que o olho humano é uma obra de perfeição divina, com um monte de partes delicadas e perfeitas e se você tirar uma sequer o olho não funciona. Xeque-mate, ateus.

Não é bem por aí. Nossos olhos são, como quase todo o resto, uma imensa gambiarra evolucionária: nossa retina por exemplo tem os receptores de luz na parte de trás, os fótons tem que atravessar uma região vascularizada. Pra piorar temos um buraco no meio do olho (ainda estamos falando dos do rosto, calma) que o cérebro precisa compensar via software.

O posicionamento dos nossos olhos também não é dos melhores, há uma função no cérebro só pra ocultar o nariz. Ops, agora você percebeu que se olhar direito consegue ver a ponta dele.

Também ficamos cegos cada vez que movemos o olho para outro lugar. O cérebro cessa o processamento visual, compensa com o que tem no buffer, detecta o novo campo de visão, foca, gera uma interpolação e a gente ACHA que viu o movimento intermediário.

Aqui um trecho muito bom de um documentário do Nova, mostrando a evolução “impossível” do olho:


Caio Mendes — Evolução do Olho Humano

A persistência da visão é o fenômeno que faz com que dois eventos vistos com intervalo inferior a 1/10 de segundo sejam entendidos como contínuos. Note que o olho NÃO é uma câmera: não é uma simples questão de frames por segundo, sabemos muito pouco da neurofisiologia da visão. Pode ser que o olho considere os eventos próximos o bastante para ativar um mecanismo de interpolação, resultando na percepção contínua.

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Akinori Goto é um artista japonês que resolveu usar o princípio do Zootropo, mas com a tecnologia moderna, e já que estamos modernizando, que tal fazer a coisa 3D logo?

Ele projetou uma estrutura tridimensional impressa em 3D que quando exposta a um laser exibe uma animação. É… lindo, veja!


ying chai Su — Akinori Goto at Spiral Independent Creators Festival 2016

Isso é ciência aplicada, mais uma das milhares de provas de que ciência pode ser muito bonita, e é arte pois você pode gostar mesmo sem saber o que tem por trás. Claro, há gente que diz que não há diferença nenhuma e essa obra do Goto não é mais válida como arte do que os Macaquinhos (NSFL NSFW não clique). Não que eu considere essa gente gente.

Fonte: This is Colossal.

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