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Empresários querem comprar mísseis nucleares e isso é uma boa idéia

Mísseis Balísticos Intercontinentais nas mãos de empresários gananciosos? Sim, é uma excelente idéia, a proposta é utilizar os mísseis obsoletos e aposentados para lançar satélites pequenos, uma área que as empresas americanas negligenciaram e agora perderam metade do mercado pra todo mundo minimamente competente no mundo… você não, AEB.

8 anos atrás

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Uma das ironias mais deliciosas da Guerra Fria era que os Blackbirds SR-71 que espionavam a Rússia haviam sido construídos com titânio extraído das minas soviéticas e comprado pela CIA através de empresas de fachada. Hoje uma ironia maior ainda é que os satélites do departamento de defesa dos EUA só conseguem ser lançados com foguetes movidos por motores russos, reaproveitados de antigos mísseis nucleares desativados.

Algo menos irônico mas preocupante é que os EUA estão sem meios de lançamento para satélites pequenos: as empresas investem em foguetes grandes, como Delta IV Heavy, o Falcon Heavy e o SLS da NASA, e ignoram as cargas menores, que ou vão de carona em lançamentos de satélites grandes ou — muito raramente — fazem uma vaquinha e lançam dezenas de satélites ao mesmo tempo.

Foguetes como o Falcon 1 foram descontinuados e hoje quem quer lançar algo pequeno vai para a Rússia, com o Dnepr, para a Europa com o Vega, para a Índia ou para o Japão. Ou China, com seu lindo e fofinho Longa Marcha 11, com meros 20,8 m de comprimento e capaz de colocar cargas de 700 kg em órbita baixa.

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Várias empresas estão investindo nesse mercado, incluindo a Virgin Galactic. Para não perder o bonde, as empresas americanas estão de olho em meios de lançamento baratos e confiáveis. Mais precisamente, mísseis balísticos aposentados.

Tecnicamente não há diferença entre um foguete “do bem” e um míssil balístico, a mudança ocorre na trajetória: o míssil lança a ogiva em uma trajetória, bem… balística, uma grande parábola com a ponta terminando em geral em Moscou. O foguete segue uma trajetória diferente, acelerando mais do que subindo, ganhando velocidade horizontal e então atingindo uma órbita estável.

Os EUA tem muitos, muitos mísseis aposentados, mas ao contrário dos russos, não os liberam para uso civil. O resultado é que empresas como a Orbital ATK perderam 50% do market share de lançamentos de pequeno porte.

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Um Polaris, Poseidon ou Trident são perfeitos para colocar cargas de menos de 500 kg em órbita. São mais que testados, têm um histórico de segurança excelente e são carinhosamente cuidados por marinheiros que toda semana passam uma flanela no painel, calibram os pneus e ligam o motor pra carregar a bateria e circular o óleo pelo radiador.

Só que há vários grandes problemas: primeiro, os militares são muito egoístas e não compartilham seus brinquedos. Só venderiam os mísseis se fossem obrigados, e aí temos os próprios políticos: há tanto lobby no meio que não consigo nem imaginar quem votará contra ou a favor.

Quando os militares desapegam e vendem os brinquedos, o preço é bem atraente. Sem procurar muito acha-se um F5 (aquela bosta que o Brasil voa) em boas condições por US$ 500 mil. Está meio down e um Blackhawk alegraria sua vida? (DSCLP) tá na mão.

Resta ver se as partes que decidem perceberão que liberar mísseis para uso em lançamentos privados é bom para todo mundo.

Fonte: Space News.

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