Carlos Cardoso 8 anos atrás
Toda vez que a NASA transmite ao vivo alguma missão de sua sala de controle em Houston, algum espertão (tipo esse brasileiro aqui que se acha melhor que o Tim Cook) chilica apontando que — o horror! — a NASA está usando Windows XP, que absurdo, huehuehue.
Como o moleque que faz isso em geral tem um parque de hardware que se resume a um Positivo comprado nas Casas Bahia ele acha que a NASA só tem um computador pra tudo, e não é esperta como ele, que sabe piratear o Windows 7.
Só que não há problema nenhum em a NASA usar Windows XP. A regra é clara: se não está quebrado, não conserte. O Departamento de Defesa dos EUA tem programas escritos em COBOL rodando em emuladores dentro de emuladores, o hardware original há muito (ou a?) enferrujando em ferros-velhos. É uma questão de custo. Reescrever softwares para plataformas novas, ganhando de brinde milhares de bugs novos ou manter o software antigo rodando emulado?
No caso do XP da NASA ele sequer é usado em algo prioritário, é apenas um front-end de visualização, visto que se hoje gráficos em Unix já não são amigáveis imagine na época em que o software foi feito.
A surpresa é que os russos também usam XP, e em algo bem mais crítico do que uma tela de visualização. Quem descobriu foi Thomas Pesquet, astronauta francês em treinamento para uma futura missão à ISS. Ele postou o seguinte vídeo no Twitter, com um erro… estranho no simulador da Soyuz.
When your spacecraft does this, you know it's not a good day... pic.twitter.com/cYP0pDp6as
— Thomas Pesquet (@Thom_astro) February 2, 2016
Enquanto o pessoal da manutenção fuçava para descobrir o problema, ele por curiosidade voltou para perto do simulador, viu um console e postou um tweet dizendo “Agora eu entendi”.
Zoeiras à parte, é interessante que qualquer que seja o hardware que os russos estão usando para rodar esse XP, é milhares de vezes mais poderoso que o computador Argon 16 que até pouco tempo controlada as Soyuz. Com seus 70 kg de peso, 2 kB de RAM de 16 kB de ROM, assim como o usado no projeto Apollo é um tributo à programação eficiente, sem gordura. Apenas expertise e elegância, nada resolvido na força bruta, como virou moda hoje em dia.
O grande mistério é quando esse simulador foi criado. Depois de 2001 com certeza. A outra dúvida é: será que os russos também pagam aquela grana extra pra continuar recebendo updates do XP?