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Metal Gear Solid V: The Phantom Pain — Review

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain é o canto do cisne de Hideo Kojima na Konami, e o game encerra a história de Big Boss

8 anos e meio atrás

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain é o título final da franquia de Hideo Kojima, e um dos games mais esperados de 2015. Como esperado, o game atendeu quase todas as expectativas dos fãs.

O título sai do estilo fechado e abraça uma jogabilidade de mundo aberto, e introduz diversas novas possibilidades, mas deixa a desejar em alguns aspectos, e possui defeitos difíceis de digerir.

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain (Crédito: Divulgação/Konami)

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain (Crédito: Divulgação/Konami)

Tudo sobre a mecânica

A série iniciada no MSX nos anos 1980, mas alçada à popularidade apenas em 1998 com Metal Gear Solid, sempre se baseou em espionagem, infiltração e ambientes limitados, obrigando o jogador a quebrar a cabeça para resolver as mais inusitadas situações e sair vivo, de preferência sem ser visto, o que confere bônus adicionais.

Fora a linearidade, Metal Gear se tornou célebre por uma narrativa extensa, com cutscenes e diálogos longos que muitos brincavam, dizendo que seus títulos eram mais sobre assistir, e menos sobre jogar. Há uma certa veracidade nisso, sejamos sinceros.

No entanto, Hideo Kojima mudou tudo com Metal Gear Solid V: The Phantom Pain. Ao invés de focar na história, o game que amarra as pontas soltas, ou ao menos tenta, da história de Big Boss, Solid Snake e cia. limitada, o diretor/produtor preferiu dar extensa atenção à jogabilidade em si, que brilha.

A história está lá, mas foi colocada em segundo plano; você constrói a narrativa ao decidir como atuar. Assim, mesmo quem não jogou nada da franquia anteriormente, vai se divertir e não vai boiar muito, mas claro que um fã das caixas de papelão vai extrair mais da experiência.

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain (Crédito: Reprodução/Konami)

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain (Crédito: Reprodução/Konami)

Metal Gear Full Circle

Vamos falar um pouco da história. Após o ataque da XOF, uma facção rebelde da Cipher à Mother Base, comandada pelo enigmático Skull Face, nos eventos finais de Metal Gear Solid V: Ground Zeroes, Big Boss entra em coma e acorda nove anos depois, com a missão de se safar do hospital com vida e se reunir com seus antigos aliados.

A partir deste ponto, começa a missão de construir sua nova força militar privada: sai a Militaries San Frontieres, entram os Diamond Dogs. Big Boss, aqui também chamado de Venom Snake, vai atrás de vingança.

Depois do prólogo, nós vemos o quanto a Metal Gear mudou, no que Kojima fez de The Phantom Pain um game de mundo aberto, com total liberdade para cumprir as missões. Você pode utilizar veículos, armas diversas, e cumprir os objetivos de diversas maneiras, mas claro, o game premia o jogador que conseguir entrar e sair sem ser visto e sem matar ninguém.

Os amplos espaços das locações (Afeganistão e África Central, na fronteira entre Angola e Congo, na época Zaire — o game se passa em 1984) fornecem toda uma nova gama de opções. É possível atrair os inimigos para uma região afastada, nocauteá-los silenciosamente, interrogar os soldados, ou mesmo ir à forra, mandando chumbo em todos.

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain (Crédito: Reprodução/Konami)

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain (Crédito: Reprodução/Konami)

Você pode, por exemplo, pegar um jipe inimigo, bloquear a estrada e impedir um caminhão de seguir caminho, neutralizando os soldados como quiser (no meu caso, entupi o carro de C₄ e o detonei quando chegaram perto), ou invadir uma vila, desabilitar os sistemas de comunicação e o radar antiaéreo, atraí-los para um ponto longe de você, e chamar o helicóptero para uma extração segura.

Ou você pode apelar para uma abordagem mais divertida e menos discreta, acionar o suporte aéreo e avassalar todo mundo.

Resumindo: a narrativa é só uma linha-guia, você decide como quer conduzir a história nas missões, e há muitas a serem cumpridas. Além das principais que desenrolam a história do game, há dezenas de objetivos paralelos, onde você deve resgatar prisioneiros, destruir tanques, capturar inimigos, etc. Você pode cumpri-las atuando sozinho, ou usando seus companheiros. Aliás, esta é uma das mecânicas mais legais de Metal Gear Solid V: The Phantom Pain.

Resumindo: a narrativa é só uma linha-guia, você decide como quer conduzir a história nas missões e há muitas a serem cumpridas: além das principais que desfraldam o storyline há dezenas de missões paralelas onde você resgata prisioneiros, destrói tanques, captura inimigos, etc., e você pode cumpri-las atuando sozinho ou fazendo uso de seus companheiros. Aliás, essa é uma das mecânicas mais legais do game.

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain (Crédito: Reprodução/Konami)

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain (Crédito: Reprodução/Konami)

Cuide bem de seus parceiros

Vejamos o D-Dog, por exemplo. O cachorro (que também usa tapa-olho) resgatado por Snake e treinado por Ocelot é muito útil em missões: ele consegue localizar inimigos, animais, minas terrestres e armas, e também pode chamar a atenção dos soldados. Dependendo do equipamento, ele pode também morder e imobilizar, nocautear, ferir, ou mesmo matar um inimigo.

Há também os dois meios de transporte exclusivos, sendo o cavalo D-Horse, que permite carregar pessoas resgatadas, e o mecha autônomo D-Walker, equipado com diversas armas, mas talvez a companheira mais legal de todas é de fato a Quiet.

A sniper silenciosa, que anda pelo campo de batalha seminua (há uma desculpa para isso, mas sinceramente ela não convenceu, afinal, é o Kojima) é uma franco-atiradora que possui o poder de ficar invisível, mas também possui força e reflexos aumentados.

Quiet, que tem a aparência e voz da modelo holandesa Stefanie Joosten, pode se posicionar na área de combate facilmente, e é possível ordenar que ela elimine inimigos que virem Snake, ou mandá-la na frente para inspecionar e marcar inimigos e pontos de interesse no mapa; a pé, e ela é mais veloz do que qualquer veículo.

Quiet não é só um rostinho bonito (Crédito: Reprodução/Konami)

Quiet não é só um rostinho bonito (Crédito: Reprodução/Konami)

Com o equipamento certo, Quiet se torna uma forma excelente de neutralizar inimigos de forma discreta. Ao combinar um silenciador com o rifle que dispara tranquilizantes, os soldados inimigos serão postos para dormir sem nem mesmo saber o que os atingiu. Isso é útil quando um lugar está apinhado e você deseja extrair um soldado com habilidades excepcionais para a Mother Base.

SimMotherBase

O modo de administração da base, introduzido originalmente em MGS: Peace Walker, está de volta em The Phantom Pain. Você deve coletar materiais para expandir as instalações abrir espaço para recrutar mais soldados, de modo a mandá-los em missões externas para adquirir mais recursos.

E antes que falem que o método de extração por balões (que já estava presente em MGS: Peace Walker) é exagerado, saibam que o sistema de recuperação Fulton existiu de verdade; ele foi desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial e usado até meados dos anos 1990, quando helicópteros mais modernos o tornaram obsoleto.

Talvez as missões paralelas sejam a parte mais chata de MGSV: The Phantom Pain. Em um determinado momento, você se verá sendo obrigado a voltar àquela base pela qual passou na campanha principal, duas, três, quatro, CINCO vezes para cumprir determinados objetivos.

Tudo bem que o objetivo é sempre diferente, mas alguns podem se cansar de sempre serem obrigados a voltarem aos mesmos pontos. Ainda assim, as inúmeras mudanças inseridas em comparação aos títulos anteriores superam os pontos negativos.

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain (Crédito: Reprodução/Konami)

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain (Crédito: Reprodução/Konami)

Tecnicamente, o game é bem bonito, a FOX Engine fornece gráficos de boa qualidade, melhor nos consoles da atual geração e no PC, como era de se esperar. O áudio por sua vez é bem executado, com músicas incidentais um pouco raras, apenas em momentos-chave, porque aqui entra um grande ponto positivo do game: a trilha sonora licenciada.

Ao longo do game, você encontrará diversas fitas K7, cada uma com um clássico do pop e rock dos anos 1980. Há desde A-Ha e Hall & Oates, a Kim Wilde, Joy Division, The Cure e Europe, entre vários outros; a versão de Midge Ure para o clássico The Man Who Sold The World, de David Bowie, a primeira música que você ouve ao iniciar um novo jogo, possui certa importância na trama.

No geral, todas as músicas são excelentes e situam muito bem o game temporalmente.

Há outras fitas K7 no game, com diálogos que explicam mais sobre a história de The Phantom Pain, e de títulos anteriores da cronologia. São nelas, aliás, em que o hogador irá apreciar mais o trabalho de Kiefer Sutherland, que dubla Snake.

Fora delas, ele é quase tão mudo quanto Quiet na maioria do tempo, chegando a ser estranho: você tem um ator de primeiro escalão no papel principal do seu jogo, e não faz ele falar?

Há outros problemas: o game saiu antes de ser devidamente concluído, devido a Konami pressionar a Kojima Productions a fechar o Golden Disc da maneira que estava, já que o produtor estava de saída da empresa.

A última parte da história, por exemplo, é contada em arquivos, e há conteúdos incompletos e diversos buracos, mas a culpa é toda da Konami neste caso.

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain (Crédito: Reprodução/Konami)

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain (Crédito: Reprodução/Konami)

♪ This is the end, beautiful friend… ♫

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain é o derradeiro episódio de uma história que cobre uma cronoligia de quase 50 anos, o título final de Hideo Kojima na Konami, e ironicamente, o último game AAA em que a desenvolvedora irá investir, já que tirando PES, o foco do estúdio se voltará exclusivamente para o mobile.

É preciso ser sincero, claro. O game não entrega tudo o que prometeu, Hideo Kojima valorizou algumas coisas sem necessidade, e a má vontade da Konami com o produtor causou sérios danos ao título, que saiu com menos conteúdo do que o planejado. No entanto, não deveremos ver outro título da franquia por um bom tempo.

Portanto, godspeed Metal Gear. Foi uma longa viagem até aqui, e sentiremos sua falta.

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain — Ficha Técnica

  • Plataformas — PS4, Xbox One, PC, PS3 e Xbox 360 (analisado no PS4, com cópia adquirida pelo autor);
  • Desenvolvedora — Kojima Productions;
  • Distribuidora — Konami;
  • Classificação indicativa — 18 anos.

Pontos fortes:

  • Mundo aberto é uma grande mudança para a série;
  • Mecânica repensada e expandida dá total liberdade ao jogador;
  • Elementos clássicos ainda estão presentes.

Pontos fracos:

  • A desculpa para a roupa da Quiet é bem fraca;
  • Repetições demais em missões paralelas;
  • Game foi lançado incompleto.

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