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O Paradoxo de Fermi ou: a Federação Unida dos Planetas não nos ama

O Paradoxo de Fermi é uma série de conjecturas levantadas por Enrico Fermi e outros cientistas tentando explicar a contradição de termos um Universo imenso mas não detectarmos nenhuma outra espécie inteligente. As várias hipóteses para explicar isso vão do assustador ao muito assustador. Uma delas diz que estamos prestes a ser… exterminados. TCHAMTCHAM TCHAMMMM…

9 anos atrás

GM1

Em Fundação Isaac Asimov descreve uma galáxia povoada por humanos apenas. Em Firefly isso também acontece. No meio-termo temos o Universo de Stargate, onde poucas raças colonizam a galáxia. Do outro lado há Star Wars e Star Trek, onde o Universo é atulhado de vida, milhares, milhões de planetas habitados, com vida, diversidade e inteligência.

A última opção, a mais assustadora e até agora mais próxima da realidade raramente é contemplada na ficção: a de que estamos sozinhos. 

O argumento, surgido de conversas de bar entre Enrico Fermi e outros cientistas e hoje chamado de Paradoxo de Fermi é simples:

Onde estão as raças alienígenas que inevitavelmente teriam que surgir e colonizar a galáxia nos últimos bilhões de anos?

Nossos esforços de busca por sinais de vida extraterrestre ainda não deram resultado, por mais que todo ano surja um astrônomo dizendo que detectaremos aliens em 20 anos. A fórmula para o Primeiro Contato é:

Fc = YL + 19

Onde Fc é o ano do Primeiro Contato e YL é o Ano do Linux.

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A pesquisa por exoplanetas surpreendeu ao descobrir que não só planetas são muito comuns como planetas Classe-M como a Terra também não são raros, só mais difíceis de detectar. Isso complica pois torna a possibilidade de vida bem maior.

As estimativas mais atuais colocam o Universo com 13,7 bilhões de anos de idade (ou 6.000 se você mora no Texas). O Sistema Solar tem 4,6 bilhões de anos de idade. Isso significa que mesmo que os primeiros 3 bilhões de anos do Universo tenham sido só pra se aclimatar, haveria milhões de planetas 3 bilhões de anos mais avançados do que nós.

Uma civilização levaria entre 10 e 20 milhões de anos para colonizar uma galáxia inteira. Isso é troco de pinga em 4,6 bilhões de anos, ou 9,2 se acumularmos com a existência do Sistema Solar. Então, onde está essa gente?

Existem algumas hipóteses para explicar o Paradoxo de Fermi.

1 — A Vida é Dura, Companheiro

Talvez estejamos tão acostumados que não percebamos o quanto é complicado o surgimento da Vida. Pode ser que as condições encontradas na Terra não se repitam em qualquer outro lugar. Isso cai no que Arthur Clarke dizia sobre um Universo com apenas a Terra habitada: um enorme desperdício de espaço.

Hulu — The Simpsons - Homer Evolution

A inteligência por sua vez pode ser supervalorizada. Achamos muito útil mas um número enorme de espécies nos supera em número. Há poucos bichos mais idiotas do que vacas, e houve época que rebanhos de bisões ocupavam grandes planícies de horizonte a horizonte.

Nossa própria família de Grandes Primatas se resume a Humanos, Gorilas, Chimpanzés, Bonobos e Orangotangos está longe de ser bem-sucedida. Deles somos os piores, demos muita sorte de ter encostado no monolito sofrer uma série de mutações que aumentaram nosso volume cerebral, compensando nossas deficiências de combate, caça e fragilidade das crias. Não fosse isso ainda estaríamos longe do topo da cadeia alimentar, e até hoje se eu ou você formos jogados no Serengeti, viramos janta.

Parafraseando JBS Haldane, Deus tem uma queda desproporcional por besouros, pois fez 300 mil espécies deles e só 5 de grandes primatas.

Por bilhões de anos a vida na Terra seguiu muito bem sem inteligência. Ela pode ser apenas um acidente de percurso, e ainda é cedo para dizer se foi um acidente benéfico.

2 — O Grande Filtro

Proposto por Robin Hanson o conceito é que há obstáculos grandes que impedem o surgimento da vida, e de grandes civilizações galácticas. Esses obstáculos podem ser de ordem natural, como instabilidades sísmicas, explosões de Raios Gama, tempestades solares, supernovas, esgotamento de recursos naturais ou autocriados, como guerras, terrorismo biológico ou deterioração genética, como aconteceu com os asgardianos de Stargate SG1.

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O grande risco é que nós ainda não tenhamos passado pelo Grande Filtro. Mesmo que Guerra Global Termonuclear esteja no passado, talvez bioterrorismo nos destrua, talvez a mudança do eixo da Terra zere nossa magnetosfera por algumas centenas de milhares de anos e até nossos cânceres pegarão câncer, ou talvez o próprio avanço da Ciência esbarre com algo muito perigoso, que só venhamos a perceber tarde demais.

Alguns físicos chegaram a alertar que explosões nucleares grandes demais iriam incendiar a atmosfera, mas mal arranhamos a energia do Universo. A frase que Arthur Clarke soltou, meio brincando, traz calafrios se você pensar bem:

Supernovas são acidentes industriais

3 — Nós ainda não fomos detectados

Não encontramos civilizações enviando sinais de rádio pois essa seria uma fase muito curta, interrompida com a chegada de uma espécie muito mais evoluída que não queira dividir os recursos limitados da Galáxia. Essa espécie vasculharia o Cosmos atrás de civilizações iniciando seus programas espaciais, e as eliminaria implacavelmente. No nosso caso só sobrará o datilógrafo.

A idéia de que aliens malvados caçam e exterminam civilizações mais fracas vai contra todo o Sci-Fi sério pós-1960, mas em nenhum lugar está escrito que o Universo tem que seguir nossas regras e conceitos de moralidade. Você se preocupa com as baratas que extermina? Ou com os ácaros que mata tomando banho? Ou com as bactérias quando toma antibiótico?

Um humano normal está separado de um autor de textão do Facebook por meros 782,7 milhões de anos.

comentarista

Estamos falando de seres alienígenas que podem ser bilhões de anos mais evoluídos biologica e tecnologicamente do que nós. Você acha mesmo que um humano dizendo “é errado matar outras espécies” faz diferença pra eles?

Talvez aliens sejam extremamente pacíficos, só não nos entendam como seres relevantes o suficiente para merecer esse pacifismo. Lembre-se, o Dalai Lama para um vegetal é Hitler.

Há várias outras hipóteses que tentam explicar o Paradoxo de Fermi, mas nenhuma tão assustadora. Há cientistas que pregam uma moratória nas tentativas de contato e na nossa poluição eletromagnética, mas já é tarde demais.

Por enquanto já anunciamos nossa presença num raio de 100 anos-luz da Terra. Esperemos que nossa localização seja remota o suficiente para ninguém estar ouvindo.

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Se bem que não fará diferença. Se a melhor das hipóteses o Posto de Escuta do Império Maligno estiver do outro lado da galáxia, são 100 mil anos pro sinal chegar, outros 100 mil pra frota de invasão nos alcançar, viajando na velocidade da luz. Teríamos 200 mil anos de avanço tecnológico, o que parece muito mas só muda a cor do tacape, se enfrentarmos uma espécie 4 ou 5 bilhões de anos mais avançada.

A melhor das hipóteses, claro, é que há toda uma Federação Galáctica nos observando e esperando o momento oportuno para, quando estivermos maduros o suficiente, nos convidar a ingressar em seus quadros. Convenhamos, melhor ser parte da Federação, mesmo como camisa vermelha, do que ser parte do Império mas morar em Alderaan.

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