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Torcedores tentam comprar time da NBA com financiamento coletivo

Depois de escândalos de racismo, Atlanta Hawks é colocado à venda e seus torcedores já estão se mobilizando para tentar comprá-lo.

9 anos atrás

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A gente já meio que se acostumou a ver projetos de crowdfunding tentando financiar a compra ou viabilidade de muita coisa. Mesmo aqui no MeioBit, a gente pode lembrar facilmente de arrecadações de sucesso, como do Star Citizen, ou da Immunity e seu estudo por uma vacina contra o HIV, mas também outros com menos prestígio, como no caso do Ubuntu Edge e games indie no Japão.

Das mais modestas, às mais arriscadas, essas vaquinhas se popularizaram e se tornaram uma maneira de tentar fazer junto o que não se faz separado. Ok, isso pode dar margens à interpretações fora de contexto, mas tudo bem.

E em Atlanta nos Estados Unidos — cidade lar deste autor que vos escreve — torcedores do Atlanta Hawks estão tentando financiar a compra do time da NBA usando financiamento coletivo.

Mas primeiro, um pouco de contexto: há alguns meses, o então presidente do LA Clippers Donald Sterling foi obrigado e vender o time por conta de comentários racistas gravados por sua ex-companheira. Quem comprou o time foi ninguém menos que Steve Ballmer (sim, da Microsoft, o pópreo).

Vale aqui o adendo à felicidade do ex-CEO ao dançar uma música da Fergie durante um dos jogos do seu time:

https://vine.co/v/OpevzaX3vzD

Aliás, se você nunca assistiu o clipe, faça um favor à si mesmo e abra esse link numa nova aba. You're welcome.

Continuando… Danny Ferry era um dos principais executivos do Atlanta Hawks até setembro do ano passado (estou falando de 2014) quando uma de suas conversas telefônicas vazaram, expondo ao menos um comentário muito racista.

Mike Budenholzer Press Conference

Em conversa com os proprietários do clube, durante uma teleconferência antes de abrir negociações com agentes livres, o ex-gerente geral do clube soltou a seguinte frase:

Luol Deng tem um quê de África nele…”

Ele não foi demitido, mas foi afastado por tempo indeterminado. Tratava-se de uma insinuação de que havia algo de falso ou mentiroso por trás da boa imagem do ala.

Isso aconteceu poucos meses depois que Bruce Levenson, presidente do clube, enviou um email para outros membros do time exprimindo seu desejo de construir uma base com fãs mais diversificados, que incluiria, em suas palavras, “mais brancos suburbanos”. Obviamente isso pegou absurdamente mal, uma vez que a gigantesca maioria dos fãs que apóiam o time e que geram uma receita de milhões de dólares por ano, é feita por afro-americanos que residem na Georgia.

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Esse acumulo de escândalos envolvendo racismo levaram a cúpula do clube a pensar em uma solução rápida. De acordo com a pessoa familiarizada com a situação, os três grupos que possuem a propriedade do Atlanta Hawks decidiram vender suas participações completas na equipe. Essa decisão foi aprovada pela NBA. Sendo assim, 100% das ações foram colocadas à venda. Estimativas afirmam que a franquia possa ser vendida por cerca de US$ 600 milhões.

Finalmente, depois desse momento TMZ (incômodo, mas necessário), vamos ao que interessa: Mark DiNatale, nascido e criado em Atlanta, torcedor fanático do time de basquete, deu início ao projeto de financiamento coletivo para arrecadar essa quantia toda e, assim, comprar o Hawks.

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Eu nasci e cresci em Atlanta. Eu amo o ATL. Nunca tive um time de basquete profissional antes. Mas posso bater a bola entre as pernas durante 60% do tempo. Eu não sei enterrar, porque eu não consigo saltar tão alto. Mas, eu sonho grande e eu sei que ATL é estranha o suficiente para sonhar comigo. Vamos nos levantar e dar uma enterrada histórica juntos.”

Lembro que o Green Bay Packers é a única franquia esportiva dos EUA a ser controlada por fãs. E as ações, apesar de venderem muito, não andam muito bem das pernas não.

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Algumas coisas precisam ser ditas sobre o caso: se o financiamento coletivo não der certo, o dinheiro arrecadado será devolvido. Como no caso do Packers, o retorno do investimento pode não ser apenas financeiro. Em casos de torcedores fanáticos, ver o time jogar já é um retorno aceitável. Poder participar nas decisões e tentar montar um time competitivo, é como poder jogar um game da série Manager da EA, na vida real. Há toda uma mística ao redor do caso que só os fãs do clube poderiam entender.

No Brasil, lembro quando os torcedores do Corinthians se uniram para poder trazer o Marcelinho Carioca. Ou do Palmeiras tentando contratar o jogador Wesley. O crowdfunding deu aos torcedores a opção de tentar ajudar seus times a trazer os craques. Comprar um clube de elite, até agora, não aconteceu.

De qualquer forma, o valor arrecadado em Atlanta não passa dos US$ 50 mil. Faltam 25 dias para atingir o objetivo dos US$ 600 milhões e eu sinceramente duvido muito que vá dar certo. Mas como explicar lógica e fatores financeiros à um torcedor fanático tomado por um sonho? Ao menos ele pode dizer que tentou.

Independente de quem se torne o novo proprietário do Atlanta Hawks, se ele for inteligente e tiver visão de marketing, sua equipe poderia fazer ações envolvendo estes torcedores que se uniram pelo crowdfunding, mostrando quanto eles valorizam seus verdadeiros torcedores. Fica aí uma ideia.

Por fim, se você é uma pessoa racista, guarde seus comentários pra você. I mean, você tem todo direito e liberdade de expressão pra dizer o que pensa, mas isso não significa que seus atos e opiniões passarão impunes. Racismo é crime, estamos em 2015 e se você não aprendeu isso ainda pelo bom senso, pode aprender de outras formas bem mais amargas.

http://instagram.com/p/wp8cJJlAuC/

#FlyHighHawks

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