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Europa quer dividir o Google em ao menos duas empresas: o buscador e o resto

“Don't be evil”: até onde o Google pode ser líder absoluto nas buscas sem prejudicar a livre concorrência em outros setores onde Mountain View atua? Uma proposta vinda da União Europeia sugere que o buscador Google deveria ser uma empresa independente para favorecer a livre concorrência no Mercado Único para Telecomunicações.

9 anos atrás

Vamos supor que você é coordenador do curso de computação de uma universidade federal e precisa de novos computadores da Apple usando dinheiro público, como fazer a licitação? Buscando aqui no Google, uma bela saída é descrever bem detalhadamente o aparelho desejado sem dizer a marca. Em vez de “Mac Pro”, você diz na licitação que seu departamento precisa de “um PC em formato cilíndrico com processador central Intel Xeon de 3,7 GHz e dois processadores gráficos AMD FirePro W9000”.

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“Google, não seja mau!” (crédito: Ars Technica)

Com sutileza semelhante, o Parlamento Europeu quer que o Google forneça parte da receita do molho especial para empresas concorrentes, um gostinho exclusivo que o buscador homônimo somente compartilha com as outras divisões de Mountain View.

O mercado de busca online é de fundamental importância para garantir condições de concorrência dentro do Mercado Único para Telecomunicações, dado o potencial desenvolvimento de motores de busca concorrentes melhores e a possibilidade da comercialização das informações obtidas.”
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A proposta exorta a Comissão a aplicar as regras de concorrência da UE decisivamente, com base na entrada de todas as partes interessadas no Mercado Único para Telecomunicações, a fim de assegurar soluções que realmente beneficiem os consumidores, usuários de internet e negócios online. Além disso, ela insiste que a Comissão [Europeia] analise propostas complementares que visem o objetivo de separar os motores de busca de outros serviços comerciais como uma potencial solução de longo prazo para alcançar os objetivos anteriormente mencionados.”

A proposta não menciona o Google Search por motivos óbvios, mas pretende fazer com que o buscador de Montain View compartilhe as informações privilegiadas que obtém sobre os consumidores. Informações essas que beneficiem outros negócios do Google e prejudiquem a concorrência, pois o buscador tornou-se um monopólio natural e o algoritmo em si é um segredo industrial assim como o molho do McDonald's.

Imagine um concorrente do Google Adsense adquirindo os mesmos perfis de consumo que este obtém hoje do Google Search. Imaginem um concorrente que não é tão pudico.

É, a vida da empresa Google não tem sido fácil na Europa, que o diga a (in)discrição do StreetView, o direito de esquecimento, o coala carro autônomo e as táticas desleais para emplacar o Android no velho continente; mas convenhamos que o estabelecimento de um mercado único não deve se limitar apenas à infraestrutura física: há a necessidade de incentivar a livre concorrência e reforçar a neutralidade da rede, embora ironicamente a Europa não seja tão unida assim nesta questão.

Fritas acompanham?

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