Emanuel Laguna 8 anos atrás
Se há um serviço ruim e que deixa qualquer brasileiro morto de desgosto é a telefonia celular, mais especificamente quando precisamos utilizar o smartphone para acessar a internet. As operadoras brasileiras se esforçam ao máximo para serem obstáculos na inclusão digital e na popularização da internet móvel.
O motivo é simples: são algumas poucas empresas no mercado e óbvio que precisam obter lucro para se sustentarem, não fazem caridade. Como não há no Brasil alguma agência que regule isso de forma a privilegiar os consumidores (Anatel who?), as operadoras fazem a festa com o Lucro Brasil mesmo: se não há alternativa menos pior e há aqui a cultura de que brasileiro paga caro numa boa sem reclamar pra não fazer confusão, por que não explorar o povo de jeito?
Você está achando ruim? Não se preocupe, provavelmente vai ficar ainda pior!
Tudo começou ano passado quando a Telefónica espanhola, dona da Vivo, passou a controlar a Telco, holding que é a maior acionista da Telecom Italia. Com isso, no Brasil as operadoras Vivo e TIM possuem um mesmo dono. Para evitar cartel, a Telecom Italia teria que vender a TIM Brasil, certo?
É isso o que ela supostamente vem tentando fazer nos bastidores. Como uma operação assim envolve valores enormes e empresas de capital aberto, trata-se de informação sensível tratada a portas fechadas entre as grandes.
Infelizmente, as únicas empresas que teriam demonstrado algum interesse na compra da TIM Brasil foram as concorrentes no mercado brasileiro: Oi, Telefónica (Vivo) e América Móvil (Claro). E em conjunto.
O ideal para nós consumidores seria que entrasse mais um novo competidor no país, mas aparentemente nenhuma AT&T ou Vodafone da vida estaria interessada em pagar mais de uma dezena de bilhões de dólares para entrar com os dois pés no Brasil. O valor exato giraria em torno dos R$ 30 bilhões, isso é 8 bilhões a mais do que a Telefónica pagou pela GVT.
Das três, a que mais precisa adquirir os ativos da TIM Brasil para se manter competitiva no mercado é a super endividada Oi: no último leilão do 4G (freqüência 700 MHz), a operadora brasileira foi a única das quatro que não arrematou nenhum lote.
Voltando à TIM Brasil:
“Uma oferta poderá ser apresentada em duas semanas, disseram as duas fontes. A primeira fonte disse que Oi, América Móvil e Telefónica estão confiantes que sua oferta não encontrará muita resistência dos reguladores brasileiros.”
Segundo o G1, o presidente-executivo da Telecom Italia, Marco Patuano, teria dito que “a TIM não estaria à venda mas a empresa não deixaria de avaliar eventuais ofertas que gerassem valor aos acionistas”.
Que os acionistas se danem: caso a TIM Brasil desapareça do mercado, teríamos que conviver com serviços ainda piores. Quer um bom exemplo?
Panorama do mercado de telefonia celular no país após uma possível dissolução da TIM Brasil entre as 3 outras operadoras (Crédito: Folha de S. Paulo)
A maior parte das linhas ativas no Brasil são pré-pagas. Sem uma das maiores concorrentes, as outras operadoras vão querer seguir o péssimo exemplo da Vivo, que inventou um jeito de acabar com o plano “ilimitado” de dados: após a franquia de internet acabar, a conexão também acaba e você será obrigado a contratar outro pacote em vez de ter somente a velocidade reduzida para 32 kb/s.
Detalhe: a Vivo quer cobrar R$ 2,99 pelo pacote adicional de 50 MB, válido por sete dias.
Enquanto isso, a TIM Brasil, que praticamente popularizou o conceito de plano “ilimitado” cobra R$ 1,99 por um pacote diário de 100 MB, no plano pré-pago Web100: se você quiser mais 100 MB naquele dia, pague mais R$ 1,99. Se você não tomar cuidado, vai acabar com seus créditos mensais.
O tio Laguna é usuário de ambas as operadoras (mais a Oi) e não estou sendo pago por nenhuma. Em minha opinião, as operadoras de telefonia celular deveriam parar de nos empurrar plano de voz goela abaixo: eu basicamente uso uns 10 minutos mensais de ligações usando a voz, quero mais é internet no meu smartphone com a opção de receber e fazer ligações muito de vez em quando. A Claro, por exemplo, oferece 4G no pré-pago mas sua franquia diária é de ridículos 10 MB para qualquer coisa que não seja Facebook e Twitter. Nem preciso citar a Oi, que não entende de internet móvel mesmo tendo inovado com o SIM card tri-formato.
Posso considerar que para a minha região e para meu uso pessoal, a TIM parece ser a menos pior operadora e o único grande defeito dela é a instabilidade do sinal 3G, mas quando ele está estável em determinados lugares que mais freqüento, funciona a ponto de eu poder contratar uns 200 ou 300 MB/dia. Enquanto isso, no meu Vivo pós-pago me cobram R$ 9,90 para contratar mais 300 MB mensais.
A TIM Brasil fará falta, principalmente se não vier outra no lugar.
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