Carlos Cardoso 10 anos atrás
Em uma época onde não havia celulares, câmeras digitais ou mesmo VHS, em um tempo antes da internet, havia a figura do fotojornalista amador, que é um termo simpático para “desempregado”. Esses sujeitos monitoravam rádio da polícia, patrulhavam as ruas e tentavam conseguir furos para vender aos jornais, igual fazia Peter Parker.
Embora úteis esse pessoal não era bem-visto pelos jornalistas, que são tão corporativistas quanto qualquer grupo. Com o advento das câmeras de vídeo surgiu outra “praga”: gente que filmava acidentes, desastres, celebridades, conseguia material exclusivo e vendia, nada barato. Esse material era sempre veiculado com o crédito genérico “imagens de cinegrafista amador”. Sem nome.
Era uma forma da emissora perder de pé. Não estávamos lá, tivemos que pagar pra esse mané nos vender o material, mas NÓS somos o veículo, nós somos os profissionais, ele não. Amador.
Hoje isso não existe mais. Quem faz as imagens não busca mais por elas, apenas está lá e tem a tecnologia. Também não precisamos mais da emissora. Somos nossa própria Globo. Acessar CNN.com é tão igualmente simples quanto acessar o vídeo de um anônimo no YouTube.
Agora a CNN deu um passo adiante: durante a cobertura do terremoto do dia 1º no Chile passaram este vídeo do YouTube, filmado pelo usuário AntofagastaNEWZ. Para suprema ironia e justiça poética, durante o vídeo ele move a câmera para a TV e mostra a CNN Chile. Quase como se falasse “Ei manés, eu estou aqui no lugar da notícia e sendo mais ágil do que vocês jamais conseguirão ser”.
A CNN fez a Coisa Certa e creditou o usuário. Se isso virar norma, palmas pra ela. É muito mais honesto do que iniciativas como o iReport, que nada mais são do que um esquema pra você trabalhar de graça pra CNN.
Fonte: BF.