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A grande fraude da venda de curtidas legais do Facebook

Vídeo mostra como Facebook se beneficia de um mercado de venda de anúncios para páginas que não acrescentam nada em termos de engajamento

10 anos atrás

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Não é de hoje que o Facebook toma atitudes controversas para promover suas postagens em sua rede social: independente de quantos seguidores sua página tiver, a rede do Zuck só mostra sua postagem para um número pequeno de usuários, e as atualizações vão sendo liberadas para mais pessoas conforme o engajamento dos primeiros. Então como você faz para promover sua página e suas publicações para mais pessoas e consequentemente ganhando mais likes? Comprando curtidas.

Há duas formas de se fazer isso: da forma legal, promovendo sua página com anúncios e da forma ilegal, apelando para fazendas de likes. Entretanto após uma pesquisa profunda, Derek Muller do canal Veritasium descobriu que não há diferença nenhuma entre ambos métodos e pior, você não tornará sua página mais relevante com isso.

O The Next Web já havia atentado para esse problema com o Facebook anteriormente, mas Muller vai além atentando para o fato de que o modelo de negócios da rede social do Zuck é mantido pela venda de curtidas feitas por pessoas que basicamente clicam em qualquer coisa. Esse procedimento é geralmente empregado por fazendas de curtidas estabelecidas em países emergentes como Índia, Nepal, Bangladesh, Egito e outros, que pagam um dólar por cada mil curtidas que empregados fazem no Facebook de forma aleatória. Você pode adquirir pacotes com esses mesmos mil likes por 70 dólares e dar um boost ilusório na sua página, já que você comprou apenas o like e levou no pacote seguidores com zero engajamento.

O Facebook condena esse método e tem seu próprio formato de promoção, que é vender anúncios para promover sua página. Muller dá o exemplo do Virtual Bagel, um experimento conduzido pelo correspondente da BBC Rory Cellan-Jones em 2012 para avaliar o valor de um like. Para isso ele comprou 100 dólares em anúncios do Facebook focando nos Estados Unidos, Reino Unido e também em sedes de fazendas de cliques como Egito, Indonésia e Filipinas. Desnecessário dizer que das mais de 4 mil curtidas que conseguiu na época, a maioria veio de países emergentes, principalmente de perfis suspeitos que curtem qualquer coisa.

Apesar do Facebook deletar contas falsas de vez em quando, a verdade é que o negócio é lucrativo tanto para os clicadores quanto para a própria rede social, então o formato segue firme e forte. Muller comprou anúncios para a página do Veritasium no Facebook e viu os likes subirem rapidamente, em poucos meses o número de seguidores saltou de 2 mil para 70 mil. Só que isso não representou maior engajamento pelo simples fato que curtidores falsos não interagem.

Ele demonstra em um gráfico a porcentagem de engajamento de seguidores por país, cada um representado por uma bolinha com tamanho equivalente ao número de seguidores de cada região. Enquanto seguidores dos Estados Unidos representam um bom número e cerca de 30% deles interagiram no último mês e a Austrália, mesmo pequena conta com 60% de interação, quando comparados com os países emergentes a coisa fica bem evidente:

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A esfera grande o centro são os usuários norte-americanos. À esquerda, com quase zero de interação e grande número de curtidas estão de baixo para cima: Egito, Índia, Filipinas, Paquistão, Bangladesh, Indonésia, Nepal e Sri Lanka. O problema dessa situação é que a visualização de conteúdo não depende de quantos fãs você possui, mas do engajamento. O Facebook libera uma atualização inicialmente para poucos usuários, e outros as visualizam conforme eles curtem, compartilham e comentam. No caso de uma página com uma grande quantidade de curtidas falsas seu conteúdo não será replicado, e muita gente com interesse legítimo não verá seu post.

Só que filtrar os países onde estão as fazendas de cliques não soluciona o problema. Para isso ele criou uma página inútil, desembolsou 10 dólares e a promoveu apenas nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Reino Unido, esperando que ninguém clicaria nela. Em vinte minutos ela recebeu 39 curtidas de perfis originados dos países-alvos mas que curtem de tudo, desde empresas concorrentes a páginas absurdas. Daí veio a hipótese mais provável que o TNW levantou: como forma de mascarar os cliques pagos e fugir dos algoritmos do Facebook empregados das fazendas de curtidas clicam em tudo o que aparece de graça; isso explica o porquê páginas oficiais do Facebook e de empresas serem tão populares em lugares incomuns como Bangladesh e Egito.

No fim das contas, pagar para comprar likes é perda de tempo e dinheiro, independente de ser da maneira legal ou não: o engajamento com seu conteúdo não vai mudar e a métrica é inútil. E o Facebook faz dinheiro com esse mercado indecente, pois vendeu anúncios de qualquer forma.

No mais, assista o vídeo:

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