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Engenheiro cria técnica para consertar o próprio coração. Spoiler: funciona

A técnica consiste em uma espécie de manga firmemente costurada ao redor do vaso afetado, oferecendo o apoio necessário para evitar a dilatação.

10 anos atrás

Técnica Cirurgia Coração

Tal Golesworthy é um engenheiro com um problema sério de saúde que afetava seu coração. Conhecida como Síndrome de Marfan, a doença faz com que os tecidos que "seguram" os órgãos no lugar e garantem que eles tenham o tamanho correto não funcionem direito. Essa síndrome afeta os olhos, os ligamentos e principalmente o coração.

Quando o coração bombeia o sangue pelo corpo, a aorta se dilata para acomodar o fluxo de sangue, voltando em seguida ao seu diâmetro normal. Em pessoas com a Síndrome de Marfan, no entanto, ela demora mais tempo nesse processo e acaba se dilatando mais e mais ao longo do tempo, chegando ao ponto de se romper, o que não é nada bom.

O tratamento tradicional requer a substituição do trecho afetado por um artificial, além de às vezes ser necessário colocar válvulas metálicas no coração, para substituir as afetadas, além do uso de medicamentos para o resto da vida.

Golesworthy não estava satisfeito com suas opções e começou a pesquisar uma solução a partir de uma ideia simples: se uma mangueira de jardim vazando pode ser reparada com fita adesiva, por que não fazer o mesmo com a aorta?

O primeiro passo foi convencer cirurgiões de que sua técnica funcionaria, o que não foi fácil. Mas os professores Tom Treasure, que atuava no Hospital Guy de Londres, e John Pepper, do Hospital Real de Bromptom, acharam que valia a pena aprender algo novo da perspectiva de um engenheiro.

O processo levou anos para ser aperfeiçoado. A técnica consiste em uma espécie de manga firmemente costurada ao redor do vaso afetado, oferecendo o apoio necessário para evitar a dilatação. Essa manga é feita de malha cirúrgica, material utilizado para suturas há anos.

A hipótese era que colocar a manga no exterior da aorta seria menos invasivo e complexo, além de tomar menos tempo que uma cirurgia tradicional e dispensar o uso de drogas anticoagulantes.

A cobaia do experimento foi o próprio Golesworthy, que apesar das várias simulações disse estar apavorado no dia da cirurgia. O procedimento demorou duas horas e desde então sua aorta não cresceu mais. Isso há nove anos.

Segundo o engenheiro:

De repente minha aorta estava curada, eu comecei a respirar com facilidade, dormir bem e relaxar de uma maneira que eu não conseguia há anos.

Golesworthy afirma que sua motivação inicial foi completamente egoísta, mas atualmente mais de 40 pacientes já se beneficiaram da mesma, em Londres e na Bélgica.

Andrew Ellis é um deles. O pai de Ellis morreu do mesmo problema aos 20 e poucos anos, então ele conhecia bem a gravidade do mesmo. Assim como Golesworthy, ele não queria se submeter a um tratamento muito invasivo e ficar refém de medicamentos para o resto da vida.

Com apenas 27 anos de idade, ele se submeteu ao procedimento há cinco anos. Desde então leva uma vida normal, como se nunca tivesse tido problema algum.

O próximo passo é aperfeiçoar a técnica com a colaboração de outros cirurgiões através da Europa.

Fonte: BBC

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