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Incrível Fantástico Extraordinário: NCIS faz uso correto de Twitter em episódio

NCIS, a série responsável pelo momento mais imbecil da história da tecnologia televisiva, conseguiu mostrar um site de microblog (ou Twitter, pra quem não é da Globo) sendo usado para resolução de um crime, de forma realista e inteligente!

10 anos atrás

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Que Hollywood não compreende tecnologia não é de hoje, vide a imagem que eles têm de hackers e seus poderes mágicos, mas isso algumas vezes se torna nefasto. Algumas séries como Lei e Ordem SVU, com a OILF Olivia Benson, é francamente conservadora e desconfiada em relação à Internet.

Todo videogame é um show de sadismo frequentado por adolescentes psicopatas, todo site de encontro só tem tarados e RPGs são uma versão piorada do Second Life. (ok, as duas primeiras partes são verdadeiras). Quadrinhos também são mal-vistos, e qualquer sala de chat (ainda existe isso?) só é usada por adolescentes para comprar drogas.

Essa percepção distorcida torna a Internet muito menos uma ferramenta do que poderia ser, e episódios envolvendo a Grande Autoestrada da Informação (lembram desse clichê?) em geral são não-intencionalmente cômicos. Sem pensar muito, há 3 “grandes” momentos na teledramaturgia internética.

O primeiro em CSI, quando o roteirista condensa todo seu conhecimento adquirido ao folhear uma PC Magazine no jornaleiro, e escreve que é preciso “criar uma interface GUI (sic) em Visual Basic para rastrear um IP”.

Outro clássico é em CSI: NY, quando ocorre uma inacreditável e inédita perseguição policial no Second Life:

No que talvez seja o melhor de todos os momentos tecno-idiotas, temos uma cena em NCIS quando o “firewall público” é invadido, a Abby não consegue responder na mesma velocidade e o Agente McGee entra pra ajudar, mas como o cisto sebáceo que esreveu a cena nunca usou um computador na vida, colocou os dois digitando no mesmo teclado:

Ricardo Figueiredo — NCIS 2 IDIOTS 1 KEYBOARD

Há uma lenda de que os roteiristas fazem essas coisas de propósito, tentando enfiar as cenas mais absurdas envolvendo tecnologia, mas eu não acredito. Existe diferença entre piada interna e transformar seus personagens em retardados.

Mesmo assim de vez em quando eles acertam. Um caso clássico foi em CSI, quando depois de uma visita à Microsoft os roteiristas ficaram babando com a tecnologia (realmente impressionante) do Photosynth, e correram para usar em uma cena. É um raro caso onde, tirando a fofoletização da interface, a tecnologia por trás é real, acessível e disponível para qualquer um.

O exemplo mais recente veio como uma redenção para NCIS, série que é derivada de JAG, está na 11ª temporada e é a número 1 de audiência nos EUA, mas como não é cool torcer pra time que está ganhando, os nerds torcem o nariz e chamam de kibe de CSI.

NCIS hoje é sobre os personagens, os casos são só pano de fundo, e funciona como um descanso depois de séries mentalmente extenuantes como Homeland. Com isso os fãs aprendemos a deixar passar a maioria das barbaridades tecnológicas, deve ter até uma Regra do Gibbs sobre isso, mas no último episódio fui surpreendido positivamente.

Tentando achar um piloto perturbado que iria cometer um atentado terrorista, os agentes ficam sem opções, pois o sujeito estava voando abaixo da cobertura do radar, em um monomotor lento. Aí o Agente McGee lembra que o vocalista de uma banda, amigo da cientista da série é celebridade no Twitter, com mais de 1 milhão de followers.

Eles pedem ao cara que poste um pedido aos seguidores, para reportarem, usando uma hashtag (“o que é uma hashtag?” – Gibbs) se avistarem o avião, indicando onde e quando. Em um Momento 4Chan, os fãs da banda respondem, e os twits são marcados em um mapa.

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Não usaram nem geolocalização, foi basicamente manual. Não teve coisas girando, bat-sonar do Morgan Freeman, nada.

Departamentos de polícia desde sempre pedem ajuda à população para identificar criminosos, mas agora estão migrando esses esforços para as redes sociais. É uma forma muito mais benigna do que puro datamining ou espionagem descarada, pois é uma atitude voluntária.

A novidade mostrada no NCIS é o uso do Twitter para rastrear o suspeito em tempo real. Isso, se automatizado pode ter enormes consequências não só na segurança pública mas em outras áreas. Há apps que utilizam celulares como sismógrafos, com a inclusão de mais sensores (falar nisso aquele Android com barômetro já mudou o mundo?) temos um potencial de coleta de dados imenso.

Crowdsourcing é um conceito tão fascinante e SIMPLES DE ENTENDER que nem Hollywood conseguiu fazer errado.

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