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Agents of S.H.I.E.L.D. — primeiras impressões

Acompanhe uma breve análise do episódio piloto de Agents of S.H.I.E.L.D., a esperada série da Marvel criada por Joss Whedon

10 anos e meio atrás

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Na última terça-feira a ABC finalmente exibiu o episódio piloto de Agents of S.H.I.E.L.D. nos Estados Unidos, e como o canal Sony o exibiu na TV brasileira ontem, é hora de discorrer um pouco sobre as primeiras impressões sobre a série que é a maior estreia da ABC em anos.

Aviso: este post contém SPOILERS PESADOS sobre o episódio piloto, portanto leia por conta e risco. O conselho vale também para quem não assistiu Os Vingadores (alguém ainda não viu?) e Homem de Ferro 3, correndo o risco de ficar boiando.

Neste piloto é revelado todo o estrago causado pela Batalha de Nova York na opinião pública: antes um povo forte e confiante de que era capaz de fazer qualquer coisa, os americanos agora vivem em dúvida, se sentindo menores ao descobrirem que heróis, deuses e monstros caminham entre - e acima - deles. E para completar a S.H.I.E.L.D., a agência super-secreta do governo americano foi exposta, aumentando ainda mais a sensação de paranoia da população.

É nesse cenário que o agente Phil Coulson (Clark Gregg), trazido de volta da morte de maneiras misteriosas — e pelas dicas dadas nem ele sabe o que aconteceu por completo — que recebeu a ordem de criar uma equipe de campo encarregada de lidar com problemas relacionados à tecnologia alienígena que possa ter vazado e o surgimento de novos super-humanos antes que eles possam se tornar uma ameaça.

É importante notar como Joss Whedon (criador da série e quem dirigiu o piloto) sabe construir bem os personagens: à exceção da agente Maria Hill (em uma pontinha da atriz Cobie Smulders, que ainda está ligada à série “How I Met Your Mother”; aliás, é dela uma das melhores falas do episódio), é apresentado um resumo de cada um dos personagens e suas motivações: o agente Grant Ward (Brett Dalton) é o líder de campo e a princípio não quer fazer parte por ser um homem de ação, achando que o trabalho da equipe será mais investigativo; a agente Melinda May (Ming-Na Wen, que continua linda aos 49 anos) não quer voltar à ação, preferindo um trabalho burocrático; ela é docemente convencida por Coulson a atuar apenas como piloto, mas isso não a impede de desferir umas boas porradas em quem merece. O mesmo pode-se dizer da dupla científica: a bioquímica especializada em fisiologia humana e alienígena Jemma Simmons (Elizabeth Henstridge) e o engenheiro Leo Fitz (Iain De Caestecker), que trabalham em sincronia tal quase como se fossem um só. Mas é o carisma de Coulson que mantém todos ligados. Ele faz piadinhas boa parte do tempo e não esconde que é um nerd como todos nós. Um nerd que dá porrada em qualquer um, é bom frisar.

A série se passa depois de Homem de Ferro 3 e problema apresentado faz referência a ele: uma tecnologia que está transformando pessoas comuns em super-humanos, e no caso do civil Mike Peterson, por se sentir inferiorizado ao descobrir a existência de heróis e ao olhar para sua própria vida em pedaços: sem mulher, sem emprego e com um filho pequeno para criar, o que o levou a se voluntaria como cobaia num projeto que lhe deu super-força e resistência ampliadas. o único problema é que se trata de uma mescla de radiação gama, o soro do supersoldado e a tecnologia Extremis, ou seja, absurdamente instável.

O intuito da série é expandir o universo Marvel cinematográfico mas dessa vez tirando o foco dos heróis e centrando nas pessoas comuns, e ainda que não tenha sido de forma intencional essa abordagem remete à Marvels, a aclamada minissérie de Kurt Busiek e Alex Ross que relata o surgimento dos primeiros heróis da Marvel sob o ponto de vista do fotógrafo do Clarim Diário Phil Sheldon.

"Surpresa!"

Aqui Sheldon é Skye (Chloe Bennett), uma hacker sem passado que faz de tudo para expôr a agência em busca da verdade. Ao colaborar com a agência ela é o vínculo mais próximo com o espectador: ainda que o plot gire em torno de Coulson é preciso lembrar que não há mocinhos na S.H.I.E.L.D.: eles são agentes do governo, e como tais acostumados a lidar com trabalho sujo na maior parte do tempo em nome da segurança mundial. Já Skye traz a visão de alguém de fora, que busca a verdade a todo o custo e o faz tentando tirar a S.H.I.E.L.D. de trás da cortina, o que não é lá uma coisa muito esperta de se fazer.

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Tecnicamente o episódio é muito bom. A ABC não mediu esforços e investiu pesado nesse piloto, que periga ser um dos mais caros que ela já bancou. O retorno foi impressionante: com quase 12 milhões de espectadores Agents of S.H.I.E.L.D. é a maior estreia da emissora em quatro anos. A preocupação aqui é se o nível técnico será mantido pois há o risco de acontecer algo similar à série do RoboCop, onde cada episódio custava uma fábula e se mostrou inviável.

Quem está acostumado com as obras de Whedon na TV como Buffy, Angel e Serenity vai se sentir em casa aqui, as piadas correm com naturalidade e em nenhum momento o episódio se torna maçante. Para os letrados em Marvel o piloto é um deleite, com diversas referências óbvias e obscuras: o próprio Mike Peterson é uma delas: trata-se do primeiro parceiro de um herói da terceira divisão da editora, o Pastelão (Slapstick no original).

Mike Peterson e Pastelão

Isso sem citar o manjado “com grandes poderes” e uma referência à revista Journey Into Mistery, uma publicação clássica da Marvel onde o Thor apareceu pela primeira vez.

No fim, Agents of S.H.I.E.L.D. é uma série que cumpre o intuito de divertir o espectador e satisfaz os fãs da Marvel, seja com os easter eggs ou com o preenchimento da lacuna entre os filmes, já que fatalmente ela será usada como ponte para a Fase 2 de filmes, culminando com Os Vingadores 2: A Era de Ultron.

P.S.: ainda que não seja essencial eu recomendo fortemente os curtas The ConsultantA Funny Thing Happened on the Way to Thor's Hammer e Item 47; os dois primeiros para dar uma melhor ideia de quem é o agente Coulson e o último por desenhar um panorama do tipo de problemas que a S.H.I.E.L.D. tem de lidar após a Batalha de NY.

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