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Artistas oferecendo músicas grátis na Internet? GM*

15 anos atrás

O Mirror, de Londres está festejando o fato de Paul McCartney disponibilizar seu novo single online. Cada vez que uma banda faz isso, é um danado. São rasgados elogios, a familiaridade dos artistas com os novos tempos é elogiada, Stallman tem algo parecido com um orgasmo até descobrir que mais uma vez a música será MP3, não Ogg, sites linkam, apontam, comentam e mais uma vez elogiam. Artistas que não fazem o mesmo são chamados de retrógrados, arcaicos, escravos das gravadoras, bla bla bla.

A questão é: Isso não tem nada de novo. Artistas SEMPRE disponibilizaram músicas de graça para seus fãs. Em estéreo, alta qualidade, sem DRM. Onde?

radiogaga

Pois é. No bom e velho rádio. Rádio Gagá, mas ainda rádio.

A Internet é BEM menos inovadora do que parece. Podcast não é nada de novo para quem nos anos 60/70/80 brincava de fazer programas de rádio com gravadores K7. Mudou o meio e mudou a forma de distribuição, o conteúdo é o mesmo.

O single, a música de trabalho era distribuída via rádio, algumas vezes em discos como brindes em revistas. Hoje é distribuída via MP3. Não há NADA DE NOVO NISSO.

As gravadoras, um negócio “ferido de morte” nas palavras de André Midani, estão tentando desesperadamente continuar relevantes, mas não é repetindo o velho modelo que vão conseguir. AINDA não surgiu nenhum modelo funcional para distribuição de áudio digital. Mesmo o iTunes é uma solução intermediária que não afeta a cadeia produtiva de artista / empresário / gravadora / distribuidora.

As tentativas como o Radiohead e o NineInchNails têm sido igualmente elogiadas, mas o retorno financeiro não é uma maravilha. Na verdade está bem aquém do esperado. Para cada sujeito que paga US$10 ou mesmo US$5 por um disco, 1000 espertos baixam de graça dizendo que os artistas já são ricos o bastante. O que pela lógica significa que todo mundo pode invadir concessionárias e roubar carros, pois as montadoras já são bem ricas.

A maior prova de que o modelo de “Honra”, onde você distribui o disco de graça e o fã paga o que achar correto não funciona é que não há uma enxurrada de bandas migrando para ele. O modelo não funciona para software, não funciona para filmes, não funciona em lojas e muito menos em blogs.

As situações onde o modelo funciona são bem descritas no livro Freakonomics, há uma interação pessoal entre os envolvidos. É sempre mais difícil roubar quem você conhece.

Em conclusão, teremos experiências meia-bomba como a do Radiohead, hypes como esse do Paul McCartney mas um novo e revolucionário modelo de remuneração ainda está além do horizonte. Quem viver, verá.

* A General Motors não tem nada a ver com este artigo. Use sua imaginação.

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