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10 jogos que marcaram o Master System

Muito querido pelos brasileiros, o Master System pode não ter feito muito sucesso no Japão e nos EUA, mas ganhou alguns excelentes jogos que marcaram época

3 anos e meio atrás

Início da década de 80. Enquanto a indústria de videogame se recuperava do crash causado pela Atari, a SEGA via naquele mercado um potencial de faturamento muito maior do que ela vinha obtendo nos fliperamas. Mas para ter alguma chance ali, a empresa precisava de um bom console e assim deu início a um projeto que culminou em um dos videogames mais queridos pelos brasileiros, o Master System.

Master System

Mas antes de chegarmos ao icônico modelo preto e vermelho que pode ser visto acima, precisamos falar sobre os seus precursores. O ano era 1983, quando no mesmo dia em que a chegava às lojas o Famicom, a SEGA lançava o seu primeiro videogame doméstico, o SG-1000. Sem que ele conseguisse atrair a atenção do grande público, a fabricante chegou à conclusão de que o melhor seria criar uma revisão visual e poucos meses depois nascia o SG-1000 II ou, Mark II.

Contudo, mesmo com algumas mudanças importantes de design, como os controles que podiam ser removidos, aquela tentativa também acabou se mostrando em vão e dois anos depois a empresa surgiu com outro modelo, o SG-1000 Mark III. Desenvolvido pela mesma equipe responsável pelo anterior — incluindo aí Masami Ishikawa, que posteriormente também ajudaria a criar o Mega Drive — aquele console tinha como objetivo se aproximar dos arcades e para isso a SEGA precisava fazer uma mudança importante no hardware.

Insatisfeitos com o chip gráfico TMS9918 que equipava o SG-1000 e o Mark II, eles optaram por desenvolver internamente o novo chip e para isso usaram como modelo a placa System 2, que dava vida aos jogos da empresa nos fliperamas. O resultado foi um videogame capaz de exibir até 64 cores na tela, contra as 16 do Nintendinho, fazendo a SEGA acreditar que agora eles poderiam encarar o extremamente bem-sucedido videogame da Nintendo.

O SG-1000 (na parte superior da foto) e o SG-1000 Mark III

Faltava levar o aparelho para outros mercados e para isso, a fabricante optou por alterar o seu nome e aparência, dando origem assim ao Master System que viríamos a conhecer por aqui. Segundo a lenda, o nome foi escolhido após um grupo de funcionários da SEGA of America atirar dardos em um quadro onde havia diversas sugestões e para convencer o presidente da empresa na época, Isao Okawa, lhe foi dito que seria uma referência à competitiva indústria de games e às artes marciais, onde só um poderia ser o “Mestre”. Já em relação ao design futurista, a ideia era se adequar ao gosto dos ocidentais, com os quadriculados da sua caixa tendo se inspirado nos produtos produzidos pela Apple.

Havia também outra grande mudança em relação as versões lançadas no Japão e no resto do mundo, que era o chip de som YM2413. Ausente no modelo vendido deste lado do mundo, ele entregava uma qualidade sonora muito superior, chegando a aproximar o SG-1000 Mark III a aquilo que só ouviríamos anos depois, no Mega Drive. Em alguns jogos essa diferença era absurda e um exemplo pode ser ouvido no vídeo abaixo:

Brasil, TecToy e a força da publicidade

Mas se no Japão e nos Estados Unidos o Master System nunca conseguiu fazer frente ao Nintendinho, por aqui durante muito tempo ele foi quase sinônimo de videogame. Lançado no Brasil em 4 de setembro de 1989, o console contou com uma campanha de publicidade massiva, graças a empresa que ficou responsável pela sua distribuição no nosso país, a TecToy.

Foram veiculadas propagandas em revistas, canais de televisão e principalmente, a criação de uma comunidade que colocava os jogadores em contato através de um clube e de um serviço telefônico que servia para tirar dúvidas e fornecer dicas. A ideia era parecida com o que a Nintendo fazia nos Estados Unidos e ajudou muito a fazer com que o Master System rapidamente se tornasse muito popular no Brasil.

Grande parte deste sucesso também se deve ao esforço da TecToy para localizar jogos para o nosso público. Aquilo fez com que recebêssemos jogos em português, além de alguns que tiveram enredo e gráficos adaptados com personagens populares entre o público mais jovem, como A Turma da Mônica, Chapolim e Pica Pau. Isso sem falar na impressionante versão do Street Fighter II.

No fim, mesmo tendo sofrido com uma biblioteca muito inferior a do seu principal concorrente, muito devido aos acordos de exclusividade que a Nintendo assinava com as editoras, o Master System recebeu diversos jogos muito bons e graças a maneira como a TecToy tratou ele e o seu sucessor por aqui, não é de se estranhar que o Brasil seja considerado uma realidade paralela no mercado de games, uma onde a SEGA enfim conseguiu derrotar a Nintendo.

Alex Kidd in Miracle World

Sendo o primeiro contato da maioria dos brasileiros com um jogo da SEGA,  Alex Kidd in Miracle World é certamente o jogo mais conhecido do Master System e o motivo é simples: foi esse o título escolhido para vir na memória do console vendido por aqui e assim muita gente se apaixonou por ele.

Com uma jogabilidade variada e bastante desafiadora, era preciso passarmos 17 estágios até chegar ao seu final, com a aventura ainda nos oferecendo trechos em que controlávamos alguns veículos e nos oferecendo alguns quebra-cabeças. Mesmo sem nunca ter se tornado tão popular quanto o principal mascote da Nintendo, aquele título conseguiu superar a primeira aventura do Mario em alguns aspectos, como os gráficos ou algumas mecânicas mais elaboradas.

Para os que nunca tiveram a oportunidade de jogar este clássico ou que simplesmente adorariam revivê-lo, a boa notícia é que uma remasterização está prevista para ser lançada em 2021.

Phantasy Star

Se você gosta de RPGs e teve um Master System, é muito provável que dois fatores tenham sido fundamentais para isso: Phantasy Star e a TecToy. Primeiro título do gênero a ter sido traduzido por aqui, muitas pessoas tiveram contato com jogos assim com esta criação para o Master System e para várias delas, foi amor a primeira vista.

Com uma jogabilidade típica dos JRPGs, gráficos muito bonitos e uma história fascinante que só pôde ser bem aproveitada por muitas gente graças a localização feita pela empresa brasileira, talvez o pessoal que fez este trabalho na época nem tivesse noção disso, mas foram eles os responsáveis por criar toda uma geração de apaixonados por role-playing games. E por isso, só posso dizer uma coisa: obrigado TecToy!

Sonic The Hedgehog 2

Desenvolvido pela Aspect e tendo sido lançado para Master System e Game Gear, esta segunda aventura do ouriço é bem diferente daquele que apareceu no Mega Drive, mas nem por isso menos divertida (ok, talvez um pouco). Com designs de fases diferentes, mas uma qualidade visual impressionante e um nível de dificuldade bem alto, ele ajudou a consolidar o Sonic como principal nome da SEGA.

Há dois detalhes interessantes em relação a esse jogo: o primeiro é que ele só foi lançado na Europa e no Brasil, locais em que o console da SEGA fazia mais sucesso. Já o segundo é em relação a personagem Tails, pois como esse jogo saiu alguns meses antes da versão para Mega Drive, foi nele que a raposa estreou.

Golden Axe Warrior

Alguns jogos são tão impactantes que logo dão início a uma onda de imitações — ou pelo menos títulos fortemente inspirados neles. Um que causou isso foi o The Legend of Zelda e quando a SEGA tentou dar uma resposta ao jogo da Nintendo, ela veio como o Golden Axe Warrior. Aproveitando o nome de uma das franquias mais populares da empresa, ele colocava um jovem guerreiro para explorar cavernas e se preparar para encarar o temido Death Adder.

Apesar de contar com uma jogabilidade sólida e uma boa história, onde ele realmente se destacava era nos gráficos, muito mais coloridos do que na fonte de inspiração, além de oferecer mais detalhes nos cenários e animações para os personagens. Este pode não ser o caso de um discípulo superando o mestre, mas ainda assim é um jogo muito divertido.

Master Of Darkness

E por falar em cópias… Aqui temos a tentativa da SEGA de aproveitar outro título que fazia muito sucesso no NES, o Castlevania. Em Master Of Darkness assumíamos o papel do Dr. Ferdinand Social e o nosso objetivo era derrotar ninguém menos do que o Conde Drácula, figura responsável por uma série de assassinatos em Londres e que antes eram associados a Jack, o estripador.

Porém, ao invés de termos um chicote à nossa disposição, nele existiam diversas armas primárias e secundárias, de machados a bengalas, passando por pistolas, bombas e bumerangues.

Caberia então ao jogador atravessar cinco estágios, todos repletos de aberrações como zumbis, magos e esqueletos, com o principal destaque indo para os personagens grandes e muito bem animados.

Land of Illusion Starring Mickey Mouse

Eu sei que muita gente possui um carinho especial pelo Castle of Illusion, seja de Mega Drive ou de Master System, mas no caso da versão para o console de terceira geração da SEGA, houve um título que o superou em tudo, o Land of Illusion Starring Mickey Mouse. Com uma jogabilidade simples e 14 estágios muito bem construídos, era o tipo de jogo perfeito para passarmos uma tarde de sábado sentados diante da TV.

Sendo mais um belo trabalho da SEGA ao aproveitar uma franquia tão poderosa, o jogo chegou a fazer com que muito donos de uma Mega Drive sentissem uma pontinha de inveja daqueles que ainda não tinham mudado de geração, afinal o jogo só apareceu no Master System e no que pode ser considerado a sua versão portátil, o Game Gear.

Wonder Boy III: The Dragon’s Trap

Pegue um jogo de plataforma, adicione alguns elementos de RPGs a ele e situe-o num mundo semi-aberto: pronto, isso era Wonder Boy III: The Dragon’s Trap! Com seus eventos se passando logo após o fim do Wonder Boy in Monster Land, nele o nosso personagem era transformado num dragão e precisaria encontrar uma forma de quebrar o encanto. A vantagem é que durante o caminho ele podia se transformar em outros animais, para assim vencer diversos obstáculos.

Por aqui o título ficou mais conhecido como Turma da Mônica em: O Resgate, num ótimo trabalho de modificação e adaptação realizado pela TecToy, que fazia com que cada animal do original fosse alterado para um personagem criado por Maurício de Souza. Um clássico nacional, que na minha opinião só foi superado pelo Turma da Mônica na Terra dos Monstros, este para Mega Drive.

Psycho Fox

Outro ótimo jogo de plataforma, Psycho Fox foi desenvolvido pela Vic Tokai e chegou com exclusividade ao Master System em 1989. Nele o protagonista precisava derrotar uma raposa conhecida como Madfox e para isso contaria com o poder de se transformar em outros animais, cada um com suas próprias habilidades. Entre eles tínhamos um hipopótamo que podia quebrar blocos, um macaco que conseguia pular mais alto e um tigre que era capaz de se mover mais rapidamente.

Anos depois a TecToy usou sem conhecimento para adaptar o jogo para o mercado brasileiro, transformando-o no Sapo Xulé: Os Invasores do Brejo, personagem criado pelo ilustrador Paulo José e que foi inspirado na música infantil O sapo não lava o pé.

Ninja Gaiden

Embora seja mais comumente associada ao Nintendinho, a franquia Ninja Gaiden chegou a receber um jogo para o Master System e que não ficou devendo em nada ao rival. Na verdade ele até superava a versão rival em alguns aspectos, como nos gráficos ou nas mudanças na jogabilidade, que nos permitia saltar de uma parede para outra. Mas acima de tudo, aquela versão contava com algo que era marca registrada da série: um nível de dificuldade de arrancar os cabelos!

O problema é que como ele só saiu em 1992 e a SEGA já havia abandonado o console nos Estados Unidos e no Japão, infelizmente o jogo não chegou a ser lançado nesses territórios, fazendo com que muitas pessoas não tivesse contato com este excelente jogo. Se você gosta da série e não chegou a jogar este, saiba que perdeu um ótimo Ninja Gaiden.

Asterix

Embora a diferença de poderio para o Mega Drive seja bem grande, alguns jogos ousaram se aproximar do irmão mais novo do Master System e um deles foi o Axterix. Aproveitando a capacidade do console de mostrar um bom número de cores, muito da genialidade encontrada neste jogo se deve ao fato de que parte da equipe responsável por ele trabalhou na criação de outra obra de arte, o Castle of Illusion.

Um dos destaques do jogo estava na possibilidade de escolhermos jogar como Asterix ou Obelix, com o design das fases mudando de acordo com o personagem escolhido, já que cada um contava com habilidade únicas. Com isso tínhamos uma fator replay elevado, que é acrescido por um grande número de passagens secretas e itens a serem descobertos.

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