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Ruído e Sensores

16 anos atrás

Acabei de receber a notícia que a Sony está desenvolvendo um sensor de 17 megapixels para câmeras compactas. Sim caros amigos, as coisas estão chegando a patamares assustadores. Como já dito por aqui (O Mito dos Megapixels e O Mito dos Megapixels II) a questão da quantidade de pixels em um sensor não tem nada a ver com a qualidade da imagem e sim com seu tamanho de impressão. Claro que não posso negar que uma quantidade maior de pixels gera uma imagem com mais detalhes, mas existem patamares de qualidade que já foram ultrapassados a muito tempo. Uma das conseqüências mais graves dos sensores com muitos pixels é o que chamamos de ruído.

O ruído pode ser classificado como uma aberração cromática. Nada mais é do que um pixel que se comporta de uma maneira que não deveria e acaba gerando uma espécie de granulação na foto. Geralmente acontece em velocidades ISO mais altas (a partir de 400) quando a câmera faz um Overclock no sensor para ele captar mais luz. Todo sensor é fabricado para funcionar de maneira plena em certa velocidade ISO (alguns são em 100 e outros em 200) e acima disso a câmera faz com que o sensor trabalhe além de sua capacidade. Juntando essa sobrecarga com o tamanho diminuído do pixel nas câmeras atuais, o foto sensor fica meio maluco e se comporta de maneira estranha, gerando uma coloração que não é a normal.

Porém, isso não é o pior. Como a única propaganda que faz vender câmeras digitais atualmente é a quantidade de megapixels, os fabricantes são obrigados a colocar filtros e processamento anti-ruído nas câmeras para que as fotos possam passar por aceitáveis. Mas, analisando as imagens, esse tipo de processamento pesado tende a eliminar os detalhes, destruir a textura dos objetos e afetar a qualidade das cores. Ou seja, para manter a imagem com a menor quantidade de ruído possível, sacrificamos o que deveria ser o mais importante na fotografia.

Há algum tempo atrás, o fotógrafo Leo Terra (um profissional que respeito a muito tempo) se debruçou sobre seus cálculos matemáticos e mensurou qual seria a quantidade máxima de megapixels para cada tipo sensor disponível no mercado para que ele não perdesse qualidade nas imagens produzidas. O resultado é de assustar. Veja abaixo:

CCD e CMOS Convencionais (Sony, Canon, Fuji, Sharp)

1/3.6" – 2MP
1/3.2" – 2.3MP
1/3"  - 2.4MP
1/2.7" – 2.7MP
1/2.5" – 2.9MP
1/2"  - 3.7MP
1/1.8"  – 4.1MP
2/3” – 6.6MP
APS – 8.2MP
APS - Canon – 7.8 MP
135 (Full Frame) – 11.1MP

Sensores Super CCD HR Fuji

1/2.7” – 2.5MP
1/1.7” – 3.9MP

Esses são os pontos de máximo rendimento de cada tipo de sensor. Acima disso começamos a perder qualidade de imagem e gerar ruído excessivo. Claro que com o desenvolvimento da tecnologia esses valores tendem a aumentar, mas já é suficiente para notar como a industria fotográfica nos leva a consumir algo é que sabidamente inferior ao que deveria ser (do ponto de vista da qualidade). Mas, já estamos vendo o resultado dessa política. As câmeras da Canon, que tinham uma ótima qualidade em ISOs elevados, hoje apresenta uma imagem horrível em ISO 200. Outros fabricantes estão indo pelo mesmo caminho. Até quando o consumidor vai agüentar isso é um ponto que não posso fazer suposições.

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