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Ciência Brasileira: Quando o Crowdfunding complementa a Esmola

Na falta de verba para sequenciar DNA e combater uma espécie invasora, cientistas brasileiros apelam pro crowdfunding.

11 anos atrás

whynotzoidberg

O Crowdfunding é um conceito excelente. O Kickstarter está cheio de projetos legais que nunca veriam a luz do dia por meios tradicionais, inclusive na área de entretenimento. Recentemente os produtores de Veronica Mars, cancelada em 2007 resolveram experimentar financiar através de fãs um longa da série. Pediram US$ 2 milhões. Conseguiram US$ 5,7 milhões, provando que havia uma audiência cativa e carente daqueles personagens.

Em alguns casos o sistema é abusado, como quando atores de prestígio como Zach Braff, o eterno Shirley Miranda Alice Sheyla Mary J.D. de Scrubs tentou financiar um filme e foi escorraçado. Em outros vemos projetos que deveriam obrigatoriamente ser financiados pelos órgãos fomentadores, implorando dinheiro sob risco de cancelamento.

É o caso do Projeto Genoma do Mexilhão Dourado, de Marcela Uliano, bióloga da UFRJ. Veja o vídeo:

O projeto visa deter uma espécie invasora, no melhor estilo Aliens. É o Mexilhão Dourado, trazido para a América do Sul na água de lastro de navios chineses. Sem predadores locais, o mexilhão tem ampla liberdade para se reproduzir, consumindo recursos naturais e desequilibrando o ecossistema.

Essa praga mata outros moluscos, peixes, entope tubulações e já chegou até o Pantanal, pois sobrevive em água doce. Se nada for feito chegará até a Amazônia.

Seguindo os conselhos de Sun Tzu, Marcela quer conhecer seu inimigo, e a melhor forma é sequenciando seus genes. Descobrindo como o mexilhão funciona poderíamos por exemplo criar um vírus que afetasse especificamente a proteína que cola o bicho nas pedras, ou interromper a formação da concha, ou incluir uma diretriz para que todos migrassem pra Argentina.

Infelizmente isso custa caro, e mesmo com verba do CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] e da Fundação Nacional do Meio Ambiente, ainda falta.

Quanto falta? A incrível, enorme, absurda quantia de R$ 40 mil.

Isso mesmo. Ao invés de estar cientizando, cientistas estão usando seu tempo passando sacolinha, pois no país da Copa, no país dos estádios de bilhões de dólares, não temos míseros R$ 40 mil para financiar uma pesquisa.

Cabe a nós resolver isso, como sempre, mas pelo menos dessa vez a história teve final feliz, talvez exceto para os mexilhões dourados. O projeto foi financiado, 361 apoiadores contribuíram e a grana chegou a R$ 40.736,00. Uma catástrofe ecológica pode ter sido evitada, com o equivalente a 0,000027 % do custo do Estádio Mané Garrincha. Obrigado a todos os envolvidos. Você não, Dilma.

Fonte: Ciência Hoje.

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