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Streets of Rage 4: Pancadaria nostálgica em grande estilo

Com uma arte desenhada à mão e jogabilidade quase inalterada, Streets of Rage 4 é a tão esperada sequência da clássica série de beat 'em up

4 anos atrás

Os bons tempos voltaram: Streets of Rage 4 é a tão esperada sequência da franquia de beat 'em up, que fez história no Mega Drive nos anos 1990. Disponível para PS4, Xbox One, Nintendo Switch e Windows, o jogo traz velhos conhecidos, caras novas, jogabilidade clássica, visual repaginado e muito conteúdo a ser desbloqueado.

DotEmu / Streets of Rage 4

De volta às Ruas da Fúria

A trama de Streets of Rage 4 se passa 10 anos após os eventos do último jogo, lançado em 1994. Wood Oak City estava em paz até que um novo sindicato do crime, liderado pelos gêmeos Y, filhos de Mr. X (chefão da trilogia original) apareceu e começou a tocar o terror, corrompendo até mesmo a polícia.

Assim, Axel Stone, Blaze Fielding e Adam Hunter (de volta pela 1ª vez desde Streets of Rage) decidem investigar o que está acontecendo na cidade e limpar as ruas mais uma vez, e contam com a ajuda de dois novatos: a jovem Cherry Hunter, filha de Adam, e o ciborgue Floyd Iraya, discípulo de Dr. Zan (de Streets of Rage 3).

DotEmu / Streets of Rage 4

Ao longo da história, Blaze, Axel e cia. passam por uma série de locações, das ruas do subúrbio ao topo de trens, elevadores panorâmicos e cais abandonados, com armadilhas para todo lado (os clássicos buracos) e claro, toneladas de capangas da antiga gangue de Mr. X, quase todos figurinhas carimbadas, salvo algumas exceções.

Entre os novos antagonistas, o destaque vai para a agente Estel Aguirre (abaixo), uma Renee Montoya com mais músculos que gosta de lutar jogando granadas para todo lado, e que desempenha um papel relevante na trama.

DotEmu / Streets of Rage 4

Claro que em um beat 'em up a história é um mero detalhe, mas é legal ver que os desenvolvedores se preocuparam em construir uma narrativa decente, com personagens carismáticos.

Streets of Rage 4, a nostalgia recauchutada

A jogabilidade de Streets or Rage 4 é bastante similar à do segundo jogo da série, considerado por muita gente o melhor beat 'em up da história. A movimentação dos personagens veteranos é basicamente a mesma, com os mesmos ataques e comandos, como o ataque ofensivo que consiste em dois toques para a frente e o botão de ataque, mas sem acionar uma corrida, que existia em Streets of Rage 3.

Os comandos consistem em ataques, saltos, voadoras, golpes aéreos fracos para a conexão com combos (pulo, ⬇️ + ataque), o clássico ataque especial de botão que consome energia (mas que aqui pode ser recuperada, se você não apanhar na sequência) e um especial de estrela, uma super técnica acionada com dois botões e que consome um item, que pode ser coletado nas fases.

É um ataque equivalente ao "chamar a polícia" de Streets of Rage, mas que aqui não causa dano na tela inteira.

DotEmu / Streets of Rage 4

A SEGA participou parcialmente do desenvolvimento do jogo; quem matou o projeto no peito foi a Lizardcube, após o excelente retorno de Wonder Boy: The Dragon's Trap. Já os franceses da Guard Crush Games forneceram uma engine modificada de seu bizarro beat 'em up Streets of Fury, e a DotEmu (Another World — 20th Anniversary Edition, Final Fantasy VIII Remastered) distribui.

A bela arte foi toda animada à mão, enquanto que a trilha sonora original é composta principalmente por Olivier Deliviere (A Plague Tale: Innocence), com contribuições de músicos consagrados como Yoko Shimomura (Street Fighter II, Kingdom Hearts), Keiji Yamagichi (Ninja Gaiden) e o mago Yuzo Koshiro, autor das músicas da trilogia original. Caso esteja se sentindo nostálgico, é possível escolher entre as canções novas ou as clássicas dos dois primeiros Streets of Rage.

Outro elemento que vai agradar os jogadores mais velhos é a possibilidade de desbloquear as versões antigas e pixeladas dos personagens, incluindo os que não retornaram oficialmente em Streets of Rage 4, como Max, Skate, Dr. Zan e o chefe Shiva (secreto e controlável em Streets of Rage 3). Só que você vai ter que jogar muito para liberar todo mundo.

DotEmu / Streets of Rage 4

Funciona assim: os pontos que você ganha nas fases enchem uma uma barra de progressão, e quanto melhor o ranking, mais pontos. A barra possui três níveis (um para cada Streets of Rage clássico) e marcos, equivalentes a cada personagem bloqueado.

Ao todo, é preciso acumular 1.150.000 pontos para liberar todos os 12 personagens, e você ganha mais pontos finalizando um nível com um personagem pela primeira vez, jogando em uma dificuldade maior, não perdendo muita energia e vidas e não gastando os especiais de estrela.

Sobre os modos de jogo, temos aqui além do modo História, o clássico Arcade que não possui continuações, o Desafio dos Chefes, basicamente um Survival onde você enfrenta os bosses e alguns capangas em sequência, e o modo batalha, que é o PvP; todos são desbloqueáveis somente após concluir a aventura principal.

Há também quatro estágios retrô secretos onde é possível enfrentar chefes de Streets of Rage 2, como Abadede (o primo perdido do Hugo, ambos baseados em André, o Gigante) e Mr. X.

Falando em multiplayer, Streets of Rage 4 suporta até 4 pessoas no co-op local e para alegria de todos, traz um modo online que vira e mexe é ignorado por outros beat 'em ups, em prol de uma jogatina à moda antiga, com todo mundo amontoado na sala de estar.

Como nem tudo é perfeito, o modo online só permite 2 jogadores simultâneos.

Tecnicamente Streets of Rage 4 é muito bom, mas podia ter um modo História um pouco maior, já que é possível termina-lo em muito pouco tempo. O título também peca pelo preciosismo: a decisão de design por seguir a fórmula de Streets of Rage 2 acabou por repetir alguns maneirismos, como pouca variabilidade nos padrões de ataque de inimigos e de chefes, e quem detonou o jogo antigo, já sabe o que esperar aqui.

Isso é uma pena, porque os desenvolvedores tiveram a chance de inovar com confrontos variados e desafios inteligentes. Um bom exemplo é o que a WayForward fez com River City Girls (a luta contra a chefe Noize é uma das minhas favoritas), ou a Ubisoft com o finado Scott Pilgrim vs. The World: The Game. Até mesmo 99Vidas: O Jogo foi um pouco mais criativo.

Conclusão

Streets of Rage 4 é antes de mais nada, um presente para os fãs. A continuação segue a receita de bolo dos títulos originais da SEGA, sendo mecanicamente muito similar aos seus antecessores. Ao mesmo tempo, a estética, a trilha sonora e os modos extras adicionam muito mais variedade e mantêm o fator replay por muito tempo.

É importante também lembrar que o jogo suporta co-op online, algo frequentemente ignorado por outros jogos do gênero; talvez seus únicos defeitos sejam um modo História um tanto curto, e a pouca criatividade no desenvolvimento dos inimigos e chefes, que são essencialmente os mesmos de antigamente.

De qualquer forma, Streets of Rage 4 é uma ode à pancadaria à moda antiga desenvolvida da maneira correta, e uma carta de amor a uma das séries que embora não tenha sido a primeira, é considerada por muitos a que melhor sintetizou as convenções do gênero beat 'em up, entregando títulos de extrema qualidade.

Para os novatos, este é um jogo que permite entender como a gente se divertia nos Arcades e consoles nos anos 1990. Já para nós, é como reencontrar um velho amigo após décadas: diferente por causa da passagem do tempo, mas que você reconhece à distância e de quem sentiu muita falta.

Streets of Rage 4 — Ficha Técnica

  • Plataformas — PS4, Xbox One, Nintendo Switch e Windows via Steam, GOG e Humble Store (análise baseada na versão para PS4 Pro);
  • Desenvolvedoras — DotEmu, Lizardcube, Guard Crush Games;
  • Distribuidora — DotEmu;
  • Classificação Indicativa — 10 anos.

Pontos Fortes

  • Bela direção artística;
  • Ótima trilha sonora, mas é possível ouvir a clássica sensacional de Yuzo Koshiro;
  • Há muita coisa a ser desbloqueada;
  • Fazia tempo que não saia um beat 'em up com co-op online.

Pontos Fracos

  • Modo História curto demais;
  • Inimigos e chefes previsíveis e pouco criativos.

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