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Cabos Submarinos, um mal necessário

Tenha ideia do quanto é complicado perder um cabo submarino e qual o principal inimigo dessa infraestrutura que suporta o Pr0n nosso de cada dia.

12 anos atrás

cabos

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Em 1850 o engenheiro britânico John Watkins Brett depois de anos tentando convencer os governos da França e da Inglaterra conseguiu verba para instalar um cabo telegráfico submarino atravessando o Canal da Mancha, unindo os dois países. Fruto de uma fortuna em pesquisa e implementação, o cabo funcionou por três dias, até que um pescador francês puxou o cabo junto com sua rede, achou que era algum tipo de mostro marinho e meteu-lhe o machado.

Desde então os maiores inimigos dos cabos submarinos são os navios. Mesmo com suas posições muito bem definidas nas cartas náuticas, alguns capitães estão pouco se lixando, largando âncora e danificando ou puxando um cabo.

Em 2008 4 cabos foram danificados em poucos dias, deixando loucas as empresas responsáveis pela manutenção (caríssima) desses equipamentos.

Agora um idiota no porto de Mombaça soltou âncora onde não devia e danificou o East Africa Submarine System (EASSy), um cabo submarino que cobre toda a África oriental, com uma capacidade de 4,72 Tb/s.

Aqui abaixo um vídeo mostrando o trabalho de corno que é instalar um cabo desses:

CreamerMedia — Construction of East Africa's undersea fibre optics cable

Rompido dia 17, a estimativa de conserto é de 15 dias. Enquanto isso as operadoras se viram com backups mais fracos e links de satélite, caríssimos. A Internet em lugares como o Quênia está pelo menos 20% mais lenta.

Esse tipo de acidente tem gerado questionamentos sobre alternativas, infelizmente não há nada melhor. Cabos de fibra óptica são excelentes para transmitir dados em larguras de banda absurdas. chegar perto disso via rádio exigiria uma faixa enorme do espectro eletromagnético, em uma frequência muito suscetível a efeitos climáticos.

Principalmente, teríamos o gargalo da latência. Satélites de comunicação, que ficam na chamada Órbita de Clarke, a 36.500 km de altitude são geoestacionários, assim tanto a antena da SKY quanto as da Embratel podem apontar para um ponto fixo no céu e manter contato.

Isso possibilita a rede de comunicações global, mas a um preço. Na melhor das hipóteses um sinal viaja 36.500 km até o satélite e 36.500 km de volta até o destinatário. Isso dá um total viajado de 73.000 km. Como a velocidade da luz é de apenas 299.792,5 km/s, o sinal leva 0,2435 s para chegar. PING DE 200 ms, LAMMER! É QUERER MUITO SER KICKADO!

Não há, dentro do que sabemos hoje de Física, como melhorar isso. Por ser um meio controlado a fibra é ordens de magnitude mais eficiente que ondas de rádio, como sabe muito bem qualquer usuário de SKY, quando chove forte. Na verdade ainda nem se sabe com certeza o limite teórico da fibra óptica, toda hora criam novas técnicas de modulação. Já conseguiram 100 terabits por segundo em laboratório. Isso é suficiente para baixar todo o Pr0n da internet em apenas algumas horas.

Portanto, a menos que algo revolucionário, que desqualifique Einstein aconteça, ainda teremos que aguentar idiotas e suas âncoras por muito tempo desligando a internet.

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