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Capitão Retrospecto, Amazon, Siri e a Falácia da Contingência

12 anos atrás

O vídeo que você gastou 3 minutos de sua vida assistindo é um lindo exemplo de um sistema dinâmico em equilíbrio. O objeto mal-embalado é pesado o suficiente para exercer uma força que desloca a caixa, ao mesmo tempo a esteira se movimenta, recolocando o objeto na posição de “disparo”, reiniciando o processo.

Se essa foi a última caixa em uma linha de distribuição durante a noite ficou horas até algum funcionário a descobrir. Isso seria suficiente para introduzir um atraso no processo que, em cascata faria com que seu tijolo (assumindo que conhecemos a loja em questão) chegue no dia marcado.

“Isso poderia ser evitado”

Como, Capitão Retrospecto? As variáveis para que algo assim aconteça são bem específicas. É perfeitamente possível prever que uma caixa no formato XYZ, carregando um objeto de Massa A e formato S, em uma esteira se movendo a n cm/s e a um ângulo de z graus entraria em “loop”, mas não é possível prever TODAS as variações em que isso aconteceria.

É muito comum ver gente apontando erros como óbvios DEPOIS que eles ocorrem, mas nem todo erro estúpido é estúpido. Descobriu-se por exemplo que é possível guardar um folder dentro do outro no IOS, apesar do sistema não permitir.

O truque é criar um folder E, enquanto a animação de criação estiver sendo executada (coisa de frações de segundo) arrastar o folder desejado para dentro do novo.

Sujeito que descobriu isso é antes de tudo um belo espírito de porco, no melhor sentido do termo. NINGUÉM em sã consciência se preocuparia em checar permissões de arquivo em um sistema mobile nesse exato momento.

Plano de contingência tem limite, ou paraquedistas não saltariam só com um reserva. Um avião de 4 motores aumenta bem mais de 4 vezes o número de possíveis pontos de falha, a um ponto que a segurança ganha com redundância deixa de ser vantajoso.

Não importa o quanto você se prepare, nunca conseguirá prever todas as situações possíveis, que dirá as impossíveis. Já trabalhei com um Datacenter com uptime 99,999% em contrato. Custava uma baba. Um belo dia ficamos 5 horas fora do ar. Os TRÊS backbones, de três fornecedores diferentes caíram ao mesmo tempo. Sobrou pra hospedagem entubar a multa, mas que foi compreensível isso foi.

É essencial que planos de contingência não influenciem na funcionalidade dos projetos. Carros de auto-escola têm um freio do lado do passageiro, carros comuns não. A POSSIBILIDADE de benefício não é suficiente para se sobrepor à POSSIBILIDADE de dano.

Aí eu pergunto: Qual o melhor: Um celular com reconhecimento de voz que só aceite o comando “ligue pra casa” vindo de você ou um que aceite o comando de um estranho? A possibilidade de mau uso pesa mais ou menos do que o eventual uso em uma emergência?

O mundo não é preto e branco, nuances existem nas coisas mais simples, até em design de interfaces.

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