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Da série “só agola?” Detector de Radiação para iPhone

12 anos e meio atrás

wikisensor-2Os incidentes no Japão envolvendo as centrais nucleares de Fukushima fizeram com que parte da população passasse a se preocupar com radiação, mesmo não entendendo fatos cruciais como diferença entre dosagem e exposição, magnificamente explicadas neste gráfico do xkcd.

Logo apareceram empresas vendendo detectores portáteis, o que pode ter algum efeito benéfico, caso seu vizinho resolva brincar com Plutônio, mas gerará histeria quando as pessoas descobrirem que relógios, TVs e bananas são radioativos.

De olho nesse mercado um pessoal criou uma App chamada WikiSensor, que utilizaria a câmera frontal do iPhone para detectar radiação.

Como assim, Bial? Detectar radiação com câmera de vídeo? Isso não é do nível daquela picaretagem de cromoterapia, que se propõe a curar de celulite a calvície via App de iPhone?

Incrivelmente não. A Câmera do iPhone é um excelente detector de radiação. Na verdade se não fosse seria uma péssima câmera, pois luz É radiação eletromagnética. Basicamente a única coisa que diferencia a luz visível de Raios Gama é a energia dos fótons.

As propriedades físicas dos sensores CCD das câmeras modernas os tornam sensíveis a uma faixa de frequência bem maior que nossos patéticos olhos biológicos mal e porcamente evoluídos. Todo mundo já teve seu momento eureca! quando apontou pela primeira vez um controle-remoto de TV para uma câmera.

 

A maioria das câmeras traz filtros para evitar a captação de fótons na faixa do infravermelho, pois isso gera contaminação de cores e efeitos (in)desejados como o “raio-x” de japinhas com maiôs molhados. Só que filtrar fótons de alta energia é bem mais complicado, precisaríamos de algo que barrasse raios gama e raios x sem barrar luz visível.

Isso não existe, mas felizmente a maioria das pessoas que não é David Banner não é exposta a grandes fontes radioativas (exceto o Sol) e os fótons dessas fontes se perdem junto ao ruído e outros sinais em nossas fotos e vídeos.

O que o pessoal do WikiSensor fez foi filtrar toda a radiação de baixa energia. Como? Fácil, mandam você colocar uma fita isolante tampando a lente do iPhone.

SIMPLES ASSIM. Daí é só monitorar a imagem captada, qualquer mínimo ponto luminoso no CCD TERÁ que ser causado por um fóton de alta energia, seja a usina próxima explodindo, seja seu chaveiro de Trítio, seja um feixe de raios cósmicos atingindo seu iPhone após viajar 8 bilhões de anos pelo Universo.

Quer ver funcionando? Infelizmente a App não está disponível ainda na loja dos EUA, mas há outros meios de demonstrar essa sensibilidade do CCD do iPhone.

No vídeo abaixo meu 3GS passa com a câmera ligada no Raio-X do Aeroporto. A “ação” ocorre aos 14 segundos. Note que mesmo exposto a uma quantidade de radiação suficiente para formar uma imagem detalhada em uma tela, a câmera só capta algumas dezenas de fótons.

Fazendo um teste de 30s tampando a câmera do iPhone e apontando-o para a maior fonte de radiação disponível – o Sol – não consegui captar nenhum raio cósmico, evento corriqueiro de se observar com uma Câmara de Wilson.

Ou seja: A ciência por trás do WikiSensor é real, mas sua sensibilidade é questionável. A menos que você more do lado de Chernobyl, provavelmente não verá grandes variações de leitura. Sugiro acompanhar as resenhas dos compradores, antes de gastar os US$0,99.

 

Fonte: Gizmag

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