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Marinha dos EUA tenta de novo informatizar seus tabuleiros Ouija

Sistema computadorizado tenta substituir os tabuleiros Ouija usados pela Marinha dos EUA. Lógico que vai fracassar, saiba o motivo.

12 anos e meio atrás

ouija

Um porta-aviões é um navio extremamente complexo. Em um espaço mínimo tem que funcionar como um aeroporto de médio porte, com decolagens separadas por meros minutos. Saber onde está cada avião, cada guincho, cada carro de bombeiro, cada carrinho de munição é algo complicado.

Desde a 2ª Guerra Mundial a Marinha dos EUA (e as do resto do mundo, diga-se de passagem) a solução é uma sala com um monte de operadores com rádios recebendo informações do convés de vôo e um tabuleiro onde silhuetas determinam a posição dos aviões, porcas e parafusos representam mísseis e bombas e tudo é movido manualmente.

Primitivo? Com certeza, deveria ser substituído por computadores, certo? E foi. Em 2008 começaram a substituir os tabuleiros por um sistema computadorizado. A idéia é que excetuando-se o USS Enterprise todos os outros porta-aviões da frota ganhassem rapidamente o upgrade. A imagem acima, do USS George Washington (CVN 73) feita em 8 de agosto de 2010 mostra que o upgrade não foi exatamente bem-sucedido.

Houve um pequeno motim entre as tripulações, com apoio dos comandantes. O sistema informatizado era um lixo. A entrada de dados era muito mais lenta, a visualização do status do deck de vôo muito mais confusa e em situações de combate não era ágil o suficiente.

As equipes acharam que tinham se livrado das idéias de jerico e voltaram para seus tabuleiros. A solução funciona, nenhuma proposta de informatização chegou perto de superar a usabilidade da Ouija. Tanto que vejam quem examinou o tabuleiro do USS John C. Stennis (CVN 74) e não ofereceu uma solução via computador:

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Isso mesmo, Tio Bill.

Não que algo como a realidade impeça os acadêmicos do MIT. Mary Cummings, professora associada do curso de Aeronáutica e Astronáutica projetou um sistema utilizando RFID que se propõe a gerenciar aviões, combustível, munição, status de manutenção de equipamentos, etc, etc e etc.

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O sistema na verdade vai mais além. Ele se propõe a criar cronogramas para as atividades, e até os tripulantes receberão etiquetas, para que seja mostrado onde estão, para onde devem ir, quando e o que fazer.

Está fadado ao fracasso.

Por mais que não seja cool  usar um tabuleiro com aviões recortados em madeira, se é a solução mais prática vai continuar sendo usada. Ninguém fala em informatizar quadros de vôo, até hoje os nomes são escritos à mão em quadros brancos com pincel Pilot.

Não é nem de longe a primeira vez que as forças armadas cometem esse erro. Um dos clássicos foi na 2ª Guerra, no Dia D, quando as tropas receberam comprimidos de Dramin para enjôo. A travessia era mínima, a tensão altíssima, ninguém estava preocupado em enjoar, mas os gênios do corpo médico acharam melhor medicar os soldados. Resultado? Efeito colateral clássico do Dramin: sonolência, sedação e até mesmo sono. Péssimos companheiros para uma invasão.

A regra é MUITO clara: se está funcionando, não conserte. Principalmente o pessoal de TI tem a mania de criar sistema pra tudo, aí algo simples como um mural de recados se transforma em um fórum online onde ninguém acha nada.

Quem tem que decidir se uma solução funciona ou não é quem a usa, não alguém sentado atrás de uma mesa em um escritório. Infelizmente convencer esse alguém é a verdadeira guerra.

Fonte: Gizmag.

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