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[Análise] Crysis Warhead

13 anos atrás

Crysis Warhead

Desde que o primeiro título da série foi anunciado, Crysis se tornou parâmetro para desempenho em games no PC. Dotado de gráficos tão bonitos quanto pesados, não demorou muito para virar bordão: qualquer PC, dos SoC mais simples a poderosos mainframes, têm seu poder de processamento desafiado pelo já amplamente famoso "roda Crysis?".

Minhas máquinas, embora montadas tendo também games em mente, nunca foram exatamente de ponta, motivo pelo qual nunca dei muita bola para Crysis. Tanto é que o único jogo da série que tenho, Crysis Warhead, foi comprado meio ao acaso. Numa promoção do WinAjuda, o game era um dos prêmios, mas calhou de um menor de idade ser o vencedor e, sendo um jogo recomendado pelo Ministério da Justiça para maiores de idade (+18), acabei ficando com ele e tendo que comprar outro para o sortudo leitor, adequado à sua idade.

Isso foi há cerca de dois anos. Nesse meio tempo instalei o jogo uma vez e, naquela ocasião, não fui muito longe, por culpa do meu velho processador que criava um "gargalo" na configuração, impossibilitando, assim, usufruir do jogo como deve ser.

Foi só agora, após o upgrade no processador, que minha placa de vídeo, uma ATI Radeon HD 4850, pode mostrar todo o seu poder. E que jogo melhor que Crysis para ver do que uma GPU é capaz? Assim sendo, logo após o processo de upgrade e instalação do Windows, uma das primeiras coisas que instalei foi Crysis Warhead. E que belíssima surpresa (em todos os aspectos) esse jogo se revelou...

Psycho no outro lado das Ilhas Lingshan

Apesar dos três anos de idade, os gráficos continuam soberbos.

Apesar dos três anos de idade, os gráficos continuam soberbos. (Clique para ampliar)

Crysis Warhead não é uma sequência de Crysis, título de estreia da Crytek lançado em novembro de 2007. Ela é considerada uma expansão, porém dispensa o jogo original para funcionar. Lançado em setembro de 2008, Crysis Warhead funciona quase como uma side quest do jogo original.

Eu não joguei o primeiro Crysis, então tudo foi novidade para mim, incluindo o universo fictício em que o jogo se situa, no não tão longe ano de 2020. Os eventos de Crysis e Crysis Warhead se misturam; o segundo é um spin off, uma aventura paralela na qual o jogador encarna o britânico Michael "Psycho" Sykes em busca do que, a princípio, acredita-se ser uma ogiva nuclear na posse dos norte coreanos.

No jogo original, o jogador se vê na pele de Jake "Nomad" Dunn. Psycho é um personagem de apoio não controlável. Aqui, em Warhead, Nomad é citado, mas Psycho é a estrela da história. É após se separar do Raptor Team, na metade do primeiro jogo, Warhead começa.

Na praia, na neve e na floresta

Combates imersivos dentro da floresta.

Combates imersivos dentro da floresta. (Clique para ampliar)

A caçada de Psycho passa por diversos cenários espetaculares, ajudados em muito pelo CryEngine 2, refinado e aperfeiçoado nessa quase-sequência. Muitas construções são destrutíveis, e praticamente tudo no cenário é interativo, de árvores que podem ser derrubadas, passando por objetos que podem ser pegos e arremessados, até os veículos, diversos, que podem ser controlados pelo jogador — e destruídos.

O jogo começa na floresta, após a nave em que Psycho e alguns marines se encontravam ser abatida pelo exército da Coreia do Norte. À noite, dentro da floresta densa, somos guiados numa espécie de tutorial dos controles misturado com um show gráfico de cair o queixo. Ao chegar numa vila, vemos o container que guarda a peça central do jogo, a dita ogiva nuclear, mas não por muito tempo: um pulso eletromagnético derruba a nanosuit e, consequentemente, Psycho.

Merece um parágrafo à parte a nanosuit. Ela é uma roupa militar especial utilizada por alguns soldados. Toda invocada, não é só no visual que ela se destaca. A nanosuit provê, a quem a veste, poderes sobrehumanos: força, velocidade, resistência e invisibilidade. O leque de opções se abre com o botão central do mouse, e tais características não são ilimitadas, elas funcionam de acordo com a barra de energia azul, que se sobrepõe à de energia vital.

Recursos da nanosuit.

Recursos da nanosuit. (Clique para ampliar)

A nanosuit confere toda uma dinâmica aos combates. O jogador pode optar por táticas mais agressivas, mandando bala no modo Armor; pode preferir uma invasão mais silenciosa, alternando entre os modos Speed e Cloak; ou ainda saltar entre muros, chegando aos locais necessários, com o modo Strength ativado.

Norte coreanos e aliens

Ao longo da trama, Psycho descobre que não é uma ogiva nuclear que ele persegue, mas sim um alien super poderoso que os norte coreanos querem para estudar e se fortalecerem. Os inimigos variam entre esses dois padrões: soldados da Coreia do Norte e alienígenas de tamanhos diversos.

Seus inimigos lutando um contra o outro.

Seus inimigos lutando um contra o outro. (Clique para ampliar)

Tal variedade é bacana por dosar o esforço na hora de derrubar nossos adversários. Enquanto humanos caem com um tiro bem dado, os aliens são mais resistentes, exigindo mais do jogador com táticas de ataque/defesa e armas mais poderosas, em especial o Gauss Rifle. Assim, há um balanceamento gratificante no desafio, que ora aumenta (com os aliens), ora diminui (com os humanos), não deixando, assim, o interesse diminuir.

O arsenal de Psycho também contribui bastante, e a limitação de armas que ele pode carregar, combinada com a fartura delas encontradas pelos vastos cenários, torna menos importante a preocupação em economizar munição. Pode usar as armas sem dó, daqui a pouco aparecerão muitas outras.

Diversão descompromissada

O roteiro de Crysis Warhead está longe de ser o mais elaborado do mundo. A única parte realmente comovente é a da ponte, quando <SPOILER ALERT!> Psycho se vê entre explodi-la (e ao container) e salvar um marine usado pelo Coronel Lee, o caricato vilão da história, como isca. Pscyho explode a ponte, mas não só não impede Lee de levar o container, como também não consegue salvar o marine. Frustrado pela vida perdida, ele mata impiedosamente o soldado inimigo afogado no rio em que caíram. Uma cena bastante forte e que, sozinha, já justificaria a classificação +18 que o título leva (Crysis e Crysis 2, curiosamente, são +16).

Apesar do enredo raso, a atmosfera colabora para uma insistente (e válida) tentativa de transformar o jogo em algo épico. A trilha sonora, nesse sentido, tem papel bastante importante, com músicas orquestradas variadas e de muito bom gosto, aliada a dublagens inspiradas. O tiroteio, permeado com gritos dos soldados inimigos, ficou bastante convincente também. Por fim, as cut scenes ajudam a contar a história e conseguem prender a atenção do jogador sem muito esforço.

Como divertimento, Crysis funciona maravilhosamente bem. É um jogo onde não se tem que pensar muito, no máximo em como destruir veículos blindados e com alto poder de fogo e aliens tão grandes que sequer cabem inteiros na tela. A jogabilidade é elaborada e frenética, e apesar dos diversos recursos providos pela nanosuit e alguns outros interessantes da mecânica do jogo, como a configuração da arma (tecla C), não é nada que chegue perto da complexidade de um Operation Flashpoint ou ArmA 2.

Configuração da arma.

Configuração da arma. (Clique para ampliar)

Há explosões, uso de lançador de granadas e mísseis, tiros precisos com a sniper, hordas de inimigos que o encurralam e, sem alguma perícia no manejo das armas e para se esconder, o derrotam sem dó — morri bastante em dadas passagens, e isso jogando no nível médio. Um prato cheio para quem procura um FPS bonito, descompromissado e desafiador.

O único problema é que Crysis Warhead, e seus "irmãos" (Crysis e Crysis 2), não são para qualquer um, ou melhor, para qualquer PC. A configuração mínima não assusta tanto (Pentium 4!?), mas na prática, é bom ter hardware bem acima do que ela recomenda para poder usufruir do jogo em todo o seu esplendor e beleza, com uma taxa razoável de quadros por segundo e detalhamento relativamente alto. Se tiver condições para tanto, o jogo é um deleite visual, com paisagens gigantes de tirar o fôlego.

Mas... já!?

Mas... já!? (Clique para ampliar)

Pontos positivos de Crysis Warhead: jogabilidade frenética e divertida; gráficos espetaculares, com cenários vastos e interativos; parte sonora envolvente. Pontos fracos: roteiro fraco; campanha muito curta (~4h). Nota final: 8,5.

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